Corona vírus abre as portas para MEC impor Ensino à Distância
Com a suspensão do calendário acadêmico, muitas universidades não sabem quando retornarão às aulas normalmente. Diante disso, o governo federal e universidade particulares estão propondo aulas à distância, como forma de não atrasar o calendário e, portanto, manter o pagamento das mensalidades.
A proposta do Ministério da Educação (MEC) de acordo com a portaria nº 343, publicada dia 17 de março de 2020, é autorizar substituição das disciplinas presenciais em andamento por aulas que utilizem meios e tecnologias de informação e comunicação por ensino a distância, exceto nos cursos de medicina, estágio obrigatório e disciplinas que exigem laboratórios.
As universidades privadas também irão utilizar aulas EAD. De acordo com a Semesp, entidade mantenedora de estabelecimentos de ensino superior, a medida é irresponsável, “os cursos que estão sendo ministrados de forma remota utilizam a mesma estrutura das aulas presenciais e a mesma dedicação integral dos professores, para transmissão do conhecimento por meio de aulas adaptadas para ambientes tecnológicos virtuais”.
Em nota, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior criticou a medida, que desconsidera a realidade dos estudantes, abaixo trecho da nota:
“…aulas on-line exigem internet e equipamentos de qualidade, o que não é realidade para milhares de estudantes de origem popular, que hoje cursam as instituições públicas de educação, desconsidera o caráter pedagógico das aulas presenciais e as especificidades de cada disciplina e curso, entre outros. Ao defender aulas on-line, o governo acaba incentivando mais uma vez uma forma de ensino que não deve ser a principal, mas apenas suporte para o(a) docentes”.
A proposta de EAD pode servir como vitrine para futuramente os governos estenderem essas propostas como permanente, podendo assim enxugar quadros com demissões e venda de prédios. No ensino privado, a realidade é ainda pior, pois a fala da Semesp reconhece não oferecer a mesma qualidade de ensino via online. Tanto governo, como instituições privadas estão se aproveitando do momento para da situação para aplicar políticas de destruição do ensino público.
As universidades privadas devem abrir seus caixas e mostrar onde estão indo os “verdadeiros gastos” com a educação. Se vão aplicar as aulas remotas para continuar o calendário devem garantir as condições adequadas para todos os estudantes, computadores e internet, ou então, reduzir as mensalidades. O que as universidades privadas estão fazendo agora é empurrar para professores e estudantes a responsabilidade pela continuidade do calendário sem fornecer nenhuma condição material para isso, ao mesmo tempo, continuam cobrando mensalidades porque afirmam que a aula não é EAD, mas remota, uma falácia absurda que só serve para se aproveitar dos estudantes frente a nova situação imposta pelo isolamento social.