Trabalhadores em educação e estudantes impulsionam comitês pela revogação do NEM no Oeste do Paraná
Professores, universitários e estudantes secundaristas se reuniram na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste de Cascavel (PR) para debater os impactos do Novo Ensino Médio (NEM) a necessidade de revogação imediata desta contrarreforma. A atividade ocorreu na tarde de sábado (29/4) com a presença de mais de 20 pessoas.
Os informantes foram a professora Débora Cristiane Trindade e o professor Péricles Ariza, militante da Esquerda Marxista. A professora Débora, que atualmente desenvolve sua tese de doutorado sobre a Reforma do Ensino Médio e seus impactos na educação da juventude, em especial da classe trabalhadora, destacou que a crise que hoje assola a educação pública, na verdade, não se trata propriamente de uma “reforma”, mas de um projeto. Ela levantou quatro pontos críticos do NEM:
- A elaboração e implementação do NEM foram antidemocráticas;
- Defesa do empresariado sem vínculo com a escola pública;
- Esvaziamento do currículo das escolas públicas com a implementação de disciplinas e conteúdos sem base ou fundamentação científica, mas apenas ideológicas;
- Aprofundamento das desigualdades sociais.
O professor Péricles Ariza apresentou um informe político sobre o balanço da campanha da revogação do NEM e a importância de organização de um comitê com o propósito de construção de Frente Única. Ele relembrou o potencial de luta, o protagonismo e o papel desempenhado pela juventude durante as ocupações de escolas contra a reforma do ensino médio e contra a PEC do Teto de Gastos, bem como no movimento pelo Fora Bolsonaro. As ocupações de escolas pelos estudantes do Paraná impulsionaram as ocupações de escolas em outros estados mostrando a força da organização.
Périclez também destacou a campanha do abaixo-assinado encabeçado pelo deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que mobilizou a juventude e a classe trabalhadora, forçando as entidades de educação, regionais e nacionais, bem como o governo, a se manifestarem sobre essa situação.
Outro apontamento do professor foram os problemas de o governo demonstrar oposição à revogação do NEM. Isso ocasionou certa imobilidade dos sindicatos diante desta pauta. Na prática, sindicatos como a APP-Sindicato do Paraná não chamaram a paralisação do dia 26 de abril, o que mostra uma postura de boicote à luta pela revogação do NEM.
O esvaziamento do combate se deu também pela divisão de atos de rua que poderiam ser unificados – estudantes se manifestaram no dia 19 de abril e trabalhadores da educação no dia 26 de abril. Além disso, neste momento, está em curso uma consulta pública virtual proposta pelo governo federal, que busca empalmar as organizações dos trabalhadores em sua política de colaboração de classes e manobrar no sentido de impedir a luta pela revogação do NEM.
Em seguida a estes informes introdutórios sobre o NEM, inscrições foram abertas para as entidades e presentes no encontro. Foram feitos balanços da campanha pela revogação do NEM e propostas para impulsionar a campanha nos locais de trabalho e estudo.
Dentre as propostas discutidas encaminhou-se:
- Elaboração de cartilha e manutenção do abaixo-assinado como instrumento de mobilização e pressão;
- Organização de cronograma de visitas semanais e campanha na frente das escolas com mesas para recolhimento de assinaturas aos abaixo-assinados;
- Participação e ajuda na construção de ato levando em conta o calendário nacional;
- Articulação de um Comitê Regional (Cascavel-Foz do Iguaçu-Toledo-Marechal Candido Rondon-Francisco Beltrão);
- Criação de página do Comitê no Facebook e Instagram para divulgação de atividades e recebimento de denúncias de trabalhadores em educação e estudantes;
- Buscar conectar os comitês pela revogação do NEM e a luta pela educação pública com demais setores da classe trabalhadora.
Venha somar nessa luta. Participe da organização e dos Comitês pela Revogação do NEM em sua cidade.
Artigo originalmente publicado em marxismo.org em 03/05/2023