Núcleo de Bauru realiza evento de resgate histórico do Dia Internacional das Mulheres Trabalhadoras
A atividade reuniu dezenas de pessoas para discutir a história de luta das operárias russas e refletir sobre a questão da mulher nos nossos dias.
A atividade reuniu dezenas de pessoas para discutir a história de luta das operárias russas e refletir sobre a questão da mulher nos nossos dias.
A atividade em celebração ao 08 de março, realizada pelo núcleo Bauru, no auditório da CUT, teve uma excelente participação de mulheres e homens interessados em refletir sobre a verdadeira história do Dia Internacional das Mulheres Trabalhadoras.
Para abrir a Mesa Temática, recebemos a professora de história, Mariana Milhossi. Foi apresentado um relato histórico do contexto social que culminou na greve de operárias que finalmente, marcou o 08 de março, como o Dia da Mulher Trabalhadora. A principal motivação das mulheres que começaram esse levante, segundo a professora, era o fim da guerra e da fome. Seus salários eram tão baixos e as condições de trabalho tão precárias que enquanto seus filhos morriam de desnutrição, elas morriam nas fábricas e os companheiros morriam na guerra. Muito longe da distorcida ideia de luta das mulheres que rechaça a participação masculina, as trabalhadoras e trabalhadores se uniram e esse embate de classes culminou na queda do czar, tornando-se o acontecimento que deu o ponta pé inicial para a concretização da Revolução, meses depois, em outubro de 1917.
A professora, que foi candidata a vice-prefeita pelo PSOL em Taquaritinga/SP nas eleições de 2016, afirmou que a preocupação em formar as mulheres operárias e incentivar a participação delas nos sindicatos e no partido, já eram enfatizadas por dirigentes socialistas como Alexandra Kollontai anos antes do levante de 1917.
Kollontai ressaltou, em um panfleto de 1913, que as mulheres trabalhadoras devem lutar pela causa comum da classe, enquanto ao mesmo tempo delineiam e põem em questão aquelas necessidades e as demandas que lhes dizem respeito mais diretamente como mulheres, como donas de casa e como mães. E foi nesses moldes que inúmeras mulheres estiveram presentes na luta pela Revolução e ajudaram a construir uma sociedade em que todos as leis que impunham a submissão feminina, foram abolidas. No lugar da submissão, as mulheres receberam alfabetização, incentivo de participação política, direito ao divórcio, direito ao aborto e a educação sexual, creches. A perspectiva de livramento do trabalho doméstico veio com a criação de restaurantes e lavanderias públicas. Com o socialismo a mulher trabalhadora obteve conquistas que até hoje não foram possíveis em nenhuma democracia burguesa.
Tivemos também a participação da militante trans Gabriella Kristinne Caversan. Gabriella começou sua fala dizendo que a luta das pessoas trans também é pelo socialismo pois sabem que não há possibilidade de acabar com a opressão dentro do capitalismo. Gabriella trouxe inúmeros dados a respeito das dificuldades legais e sociais que as mulheres trans enfrentam no Brasil. Um exemplo é a dificuldade para realizar a hormonização, isto é, o tratamento médico que possibilita que as mulheres trans tomem hormônios que causam modificações corporais que ajustam a aparência aos padrões estéticos femininos. No Brasil a hormonização só é oferecida de forma gratuita em algumas capitais brasileiras. O tratamento particular é caro e poucas podem pagar. Uma mulher trans rica obviamente está mais favorecida do que uma pobre. Outra questão é o grande número de mortes de mulheres trans, o Brasil é o país que mais mata travestis e pessoas trans no mundo, segundo pesquisa da organização não governamental (ONG) Transgender Europe (TGEU). A vitória contra todos os tipos de preconceitos e opressões só poderá ser conquistada em uma nova sociedade fraterna e justa, uma sociedade socialista.
Para finalizar a mesa, contamos com a participação de duas dirigentes estaduais do Movimento Social de Luta (MSL), Patrícia e Ana Silva. Ana deu uma contribuição emocionante ao dividir sua experiência com os presentes. Após enfrentar violência doméstica em dois relacionamentos, ela conheceu o MSL e começou sua militância reivindicando terra e moradia. Hoje é coordenadora de acampamentos do MSL e seu atual companheiro também é um dirigente estadual. Ana terminou sua fala reafirmando seu objetivo de continuar lutando com a classe trabalhadora, apoiando a juventude e a Liberdade e Luta. Para nós é uma grande honra contar com as companheiras e companheiros do MSL.
Após a fala de Ana, Patrícia explicou que o MSL tem mais de 4 mil famílias divididas em 6 acampamentos na cidade de Bauru e chamou atenção para a importância das mulheres dentro do movimento.
Boas contribuições da audiência foram dadas após o término das participações das convidadas. Finalizamos o evento distribuindo o panfleto da Liberdade e Luta sobre o 08 de março e explicando nossas palavras de ordem, com ênfase na luta contra a reforma da previdência e trabalhista.
A atividade cumpriu com o objetivo de colocar o 08 de março na correta perspectiva de um dia de classe, revolucionário e socialista!
A Liberdade e Luta participará de uma marcha com o tema “Nenhum direito a menos”, no dia 25 de março. A concentração será às 13h na Praça Rui Barbosa. Durante a marcha, realizaremos a distribuição de nosso panfleto.
A luta das mulheres é a luta pelo socialismo!
Fotos: Silvio Durante e Daniela Cabeça