A paz social e o direito à vida

pm

Milhares de jovens querem ter o direito de simplesmente viver. Assegurado no papel pela Constituição burguesa, cada dia mais a polícia e as dificuldades geradas pela pobreza e pela miséria mostram que esse direito é considerado apenas como uma abstração jurídica pelo Estado. Abstração,  já que depende de quem analisa e de onde se aplica.

Mas não poderia ser diferente. Diante de todos os laços traçados entre políticos e empresários, usados para defender uma ordem social que beneficia poucos poderosos, que tipo de mundo poderíamos ter? Uma constituição feita em tempos de exploração de uma maioria por uma minoria é uma constituição de guerra. Se ela foi construída para uma minoria, é ingênuo reivindicar a paz para o Estado burguês a partir de seus próprios textos jurídicos. Ela é uma paz vazia. E essa paz vazia precisa ser destruída junto com esse Estado.

Nossas reivindicações não podem estar apoiadas em abstrações, como a lei burguesa. Se o Estado esmaga a própria lei constitucional (a lei maior de uma república) todos os dias, seremos nós os que iremos defendê-la? Seremos nós que iremos gritar em nome do “Estado Democrático de Direito”?

Enquanto os reformistas procuram defender os direitos que nele se inscrevem, nós revolucionários afirmamos que essa defesa é hipócrita se não houver um elemento consciente adicional, que é o reconhecimento do caráter de classe desse Estado – que faz da república democrática liberal uma ditadura burguesa. É humilhante defender a vida com a Constituição em mãos, pois nossa vida só é defendida por ela se ocuparmos determinados papéis e funções sociais. 

É preciso lutar para criar as condições em que a vida e a paz social sejam garantidas por si só a todos, onde o papel apenas ateste uma realidade, sem funcionar como maquiagem. Para paz e vida, apenas extinguindo as classes sociais. Toda defesa da vida que não ligue a reivindicação pela paz social com a construção de um Estado transitório dos oprimidos que destrua a classe dominante é fraseologia dos que se beneficiam com o atual Estado e indiretamente alimentam a burguesia. Paz entre nós, guerra aos senhores!

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