Abaixo a guerra e o capitalismo: relato do Acampamento Comunista Internacionalista 2024
No último dia do Acampamento Comunista Internacionalista 2024 (06/10), realizamos a mesa central com o tema da campanha “Lute Contra o Imperialismo e a Guerra! Paz entre nós, guerra aos senhores” Essa mesa contou com a participação de camaradas internacionais, membros da Internacional Comunista Revolucionária (ICR), que apresentaram o contexto político de seus países e como a campanha contra a guerra tem sido construída.
Os orçamentos militares globais atingiram novos recordes em 2023, com as grandes potências investindo massivamente em rearmamento e intensificando suas estratégias de contenção e confronto, especialmente na Europa e Ásia. Desde a guerra na Ucrânia, os países da OTAN aumentaram seus investimentos militares em resposta às pressões dos EUA, levando a uma nova corrida armamentista. A ICR denuncia esses gastos bilionários que poderiam ser destinados a atender às necessidades urgentes da classe trabalhadora mundial, como saúde, educação, transporte e moradia.
A camarada Laura Brown, da seção norte-americana (Revolutionary Communists of America), relatou a crise econômica intensa que impacta profundamente a classe trabalhadora americana. Com uma recessão econômica evidente, o aumento da desigualdade e da inflação faz a vida dos trabalhadores cada vez mais difícil. Esse contexto gera um sentimento crescente de revolta, especialmente entre a juventude, contra o sistema capitalista que prioriza o militarismo, opressão e a guerra, colocando o lucro acima da vida.
A campanha “Você é Comunista? Então, organize-se!” trouxe novos militantes para a ICR, refletindo o descontentamento com o militarismo, com a guerra e com o imperialismo, especialmente nos Estados Unidos da América (EUA). Como a maior potência armamentista mundial, os EUA destinaram cerca de 3,5% de seu PIB para gastos militares em 2023, enquanto a população enfrenta cortes em serviços essenciais e uma crescente crise de endividamento estudantil e aumento do custo de vida, ampliando o apoio popular à campanha anti-imperialista.
Thomas Crozier, da seção britânica (Revolutionary Communist Party), compartilhou a força do movimento britânico impulsionado pela candidatura de Fiona Lali, cuja disposição em expor os horrores da crise capitalista – marcada por guerras e genocídios, incluindo o genocídio na Palestina – ecoou na juventude, motivando-a a se organizar. Sob uma crescente austeridade e com cortes nos setores de saúde e educação, a Grã-Bretanha direciona investimentos ao fortalecimento militar e repressão interna, seguindo os interesses imperialistas que mantêm a classe trabalhadora sob controle. Com o sistema de saúde em ruínas, a burguesia finge que não pode resolver a crise; um exemplo é o novo primeiro-ministro “trabalhista”, Keir Starmer, que insistiu que não poderia prometer dinheiro para o sistema de saúde ou para crianças famintas, mas imediatamente prometeu bilhões em armas para a Ucrânia. Recentemente, o governo britânico aprovou um aumento de 7% no orçamento de defesa, intensificando a mobilização da juventude em torno da candidatura de Fiona e do movimento contra a guerra.
O rearmamento europeu é um reflexo direto da crise do capitalismo pressão dos EUA e da guerra na Ucrânia. O aumento de 16% nos gastos militares na Europa em 2023 demonstra essa tendência de guerra incessante. Logo após a eclosão do conflito em 2022, o chanceler alemão Olaf Scholz anunciou um novo pacote de €100 bilhões para o rearmamento da Alemanha, somando-se a um aumento de 55% nos gastos com defesa desde 2014. Além disso, França e Polônia também intensificaram seus orçamentos militares, reafirmando os desígnios imperialistas na Europa. Todo esse investimento retira recursos dos serviços públicos, evidenciando os interesses opostos da classe trabalhadora aos da burguesia imperialista.
A camarada Noemi Giardiello, da seção italiana (Sinistra Classe Rivoluzione), descreveu o cenário italiano, onde trabalhadores enfrentam repressão intensa. Com uma economia fragilizada e fortemente influenciada pela austeridade, a Itália canaliza seus recursos para a defesa, alinhada à OTAN, enquanto sacrifica investimentos sociais. A OTAN pressiona a Itália para aumentar sua participação em operações internacionais, e, em 2023, o governo italiano ampliou as leis de segurança interna, o que é mais uma forma de reprimir movimentos sindicais e comunistas. Apesar das greves e protestos reprimidos com força, a juventude italiana e a classe trabalhadora seguem se organizando, demonstrando um ânimo revolucionário crescente em resposta ao imperialismo e à precarização de suas condições de vida.
O camarada Stefan Salegio da seção canadense (Revolutionary Communist Party) falou sobre a situação dos serviços públicos no país, cuja deterioração deixa evidente o caráter opressor do sistema capitalista. A imagem pacífica do Canadá esconde uma realidade em que recursos são alocados para apoiar a militarização e as alianças com os EUA e a OTAN, enquanto serviços básicos são prejudicados. O Canadá aloca cerca de 1,3% de seu PIB para o setor de defesa, com uma meta de aumentar para 2% até 2026. Em paralelo aos cortes em programas sociais, como o acesso à moradia pública e o financiamento para a saúde mental, aumenta-se o descontentamento da população, levando os jovens a enxergarem a luta de classes como solução para transformar o sistema.
O camarada Rafael Zavala da Seção Mexicana (Organización Comunista Revolucionaria) trouxe à tona a luta do povo mexicano contra a exploração econômica e a violência generalizada. Ele apontou a brutalidade do capitalismo que submete o país à exploração dos recursos naturais e a uma repressão severa, enquanto os trabalhadores enfrentam dificuldades tanto no campo quanto na cidade. A luta pela terra é central para a população do México, que sofre com o aumento do narcotráfico e da influência imperialista dos EUA. A pressão para aumentar os gastos militares reforça a pressão dos trabalhadores e o controle estatal contra as mobilizações.
Os informes fortaleceram a convicção entre os militantes da Juventude Comunista Internacionalista sobre a necessidade de expor os horrores da guerra imperialista, orquestrada pela classe dominante e a necessidade da classe trabalhadora e da juventude em organizar uma resposta revolucionária. É apenas por meio da guerra de classes que poderemos barrar a máquina de guerra imperialista. É apenas por meio da revolução socialista que o imperialismo e o capitalismo serão derrubados e que uma nova sociedade poderá ser forjada.
O painel realizado no acampamento representou para nós aqui no Brasil o lançamento da campanha da ICR contra a guerra imperialista. A partir dessa discussão, com um panorama internacional do impacto do capitalismo e suas guerras em diferentes países no mundo, nos unimos a essa campanha adaptando suas premissas teóricas e práticas para a realidade brasileira.
Lançamos a campanha “Abaixo a guerra e o capitalismo! Ruptura com Israel! Lute pelo comunismo!” nos conectando ao movimento internacional de solidariedade às vítimas da guerra e do capitalismo e engrossando o coro contra a hipocrisia do governo brasileiro que nada faz de prático para romper relações diplomáticas e comerciais com Israel e segue fornecendo petróleo como combustível para a máquina de guerra israelense massacrar jovens e trabalhadores palestinos e libaneses; que segue comprando tanques, armamentos e tecnologias para reprimir os trabalhadores e jovens nas escolas e favelas brasileiras.
Iniciamos uma nova colagem de adesivos da campanha nas ruas e vielas das cidades, associada a panfletagens nas escolas, universidades, bairros e locais de trabalho onde temos intervenção. Nosso objetivo é reunir todos os jovens que estão fartos da guerra e do capitalismo para discutir conosco o tema “O que saber e como lutar contra o capitalismo e a guerra? Lições sobre o massacre na Palestina”. Assim, desenvolvemos uma campanha de agitação e propaganda entre jovens e trabalhadores cujo objetivo é oferecer um lugar para a organização da revolta contra os horrores da guerra e do capitalismo.
Outro aspecto fundamental da nossa campanha é aumentar a pressão contra o governo, nos dirigindo aos estudantes, trabalhadores e as suas entidades sindicais e estudantis, com uma campanha de moções e de abaixo-assinado exigindo a ruptura das relações comerciais e diplomáticas do Brasil com Israel.
“Exigimos a cessação imediata de todo apoio a Israel, incluindo a interrupção de todas as exportações de armas! Mas não temos ilusões de que a classe capitalista implementará isso. É a classe trabalhadora e suas organizações que precisam assumir a luta. Resoluções devem, portanto, ser levantadas em todos os níveis dentro dos sindicatos que organizam locais de trabalho envolvidos na produção e comércio de armas, para impor um boicote dos trabalhadores por meio de greves e bloqueios de embarques de armas.” – Trecho da Declaração “Combata a agressão israelense. Combata o imperialismo!
Nesse sentido, temos divulgado uma proposta de moção que pode ser apresentada por qualquer estudante ou trabalhador a sua entidade. Essa ação é fundamental para aumentar a pressão para parar a máquina de guerra sionista.
“Nós repudiamos as ações do Estado sionista de Israel na Faixa de Gaza, no Líbano e em outros países do Oriente Médio, com apoio e financiamento do imperialismo norte-americano e europeu. As ações perpetradas pelo governo de Netanyahu são atos terroristas contra jovens e trabalhadores palestinos e libaneses, cujo objetivo é completar a ocupação colonial de todo o território histórico da Palestina e alimentar a máquina imperialista de guerra. Nenhum centavo para financiar o massacre na Faixa de Gaza e no Oriente Médio! Nenhuma gota de petróleo da Petrobrás para a máquina de guerra israelense! Nenhuma compra de armas, tanques ou tecnologia de reconhecimento facial de Israel, instrumento criado para realizar o genocídio de palestinos, e utilizados para a repressão da juventude brasileira! Abaixo o Estado sionista de Israel! Palestina livre!”
Se você concorda com essas ideias é a sua vez de agir. Esse não é um problema distante, da qual nada podemos fazer. Cada trabalhador e jovem comunista, cada trabalhador e jovem que quer acabar com as guerras pode e deve começar imediatamente a agir. Junte-se à Juventude Comunista Internacionalista, fração jovem da Organização Comunista Internacionalista e comece a lutar para pôr abaixo a guerra e o capitalismo!