Estudantes entre a farsa da aparência e a realidade de descaso no segundo dia do 60º Conune

No segundo dia do Conune 2025 (17/07), tivemos o início das mesas de debates simultâneos e o ponto alto do dia, que foi o ato com participação do Lula. Essas atividades deixaram claro, para aqueles que delas tentaram participar, que uma coisa é a aparência e outra coisa é a realidade na realização desse congresso. A direção da UNE mostra algo nas redes sociais que não se vivencia na realidade do congresso.
Na aparência, nas redes sociais, o segundo dia foi repleto de discussões políticas ricas, participação na construção de um espaço fraterno e de debates, sobre as necessidades e tarefas para a construção de um movimento estudantil revolucionário.
Entretanto, falta de informação, bloqueio do debate e das discordâncias à linha da direção majoritária marcaram essas mesas. Assim como o ato com Lula, que na aparência foi um dos maiores momentos da programação. Em que ele garantiu mais “uma vitória para os estudantes”, sancionando uma nova lei que amplia os valores para financiar a assistência estudantil. Os valores, para esse aumento, virá dos fundos financeiros atrelados aos royalties do pré-sal, assim atrelando o financiamento da nossa educação às constantes flutuações, e anarquia, do mercado capitalista. Enquanto, Lula e a direção da UNE, tratam essa lei como a solução perfeita para resolver os problemas de permanência estudantil, os verdadeiros culpados pelos problemas da educação passam intocados. O pagamento da criminosa dívida interna e externa é mantido e bilhões de dinheiro público são drenados para a educação privada via PROUNI, FIES e isenções fiscais.
A maioria esmagadora dos estudantes foi impedida de participar do próprio evento com Lula, pois a fila do bloqueio e revista não andava, impedindo sua entrada. Os organizadores justificaram com a lotação do espaço, mas a verdade é que esse foi basicamente um ato privado de Lula com a base da juventude do PCdoB, a UJS, que apoia o governo. A maioria dos estudantes, inclusive da oposição, ficou no sol, do lado de fora. Um absurdo e descaso com o conjunto dos estudantes que viajaram de muito longe para participar de toda a programação e fazer o debate político.
Essas situações, como já explicamos em outros relatos de nosso site, e em matérias nas redes sociais, não são pura e simplesmente incompetência, mas a expressão da burocratização que a direção da UNE submete a entidade.
Bons exemplos desse processo foram a mesa de debate político sobre a luta pelo fim da escala 6×1, que foi realizada em um local que ninguém da organização, da direção e mesmo os próprios militantes da UJS, por exemplo, sabiam onde e quando iria acontecer. Durante o dia, encontramos um militante da UJS que já havia perguntado para mais de 30 pessoas onde seria esse debate…
Impedidos de participar do debate devido a completa desorientação motivada, expressamos aqui nossa opinião. Defendemos a jornada de 30 horas semanais, com sábado e domingos livres, sem redução dos salários. A redução da jornada, em que as pessoas trabalham menos, permite que todos tenham trabalho. Exigimos a revogação da reforma trabalhista de Temer. Defendemos ainda a unidade do movimento pelo fim da escala 6×1 e por democracia no movimento Vida Além do Trabalho.
A mesa sobre as mudanças climáticas foi marcada por uma completa despolitização. Um tema tão atual, necessário e urgente foi tratado como palco de agitação. Isso não seria um problema se houvesse um debate animado do qual resultasse a agitação. No entanto, não houve uma real troca de ideias, não houve a apresentação de um informe inicial, troca de opiniões e uma conclusão. Nada disso. É um ultraje que os estudantes tenham seu tempo perdido dessa forma frente ao que se chama de “emergência climática” sem poder realmente discutir sobre o tema.

A luta contra a “emergência climática” está indissociada da luta contra o capitalismo. O sistema capitalista com sua produção anárquica e orientada apenas para o lucro, explora os recursos naturais alterando significativamente as condições da vida de diferentes espécies e levando até mesmo a extinção de outras. Em nossa opinião, apenas uma sociedade baseada na propriedade comum dos meios de produção, com um planejamento democrático, orientado para atender as necessidades em harmonia com a natureza, isto é, uma sociedade socialista. Ao mesmo tempo, isso não significa que não podemos fazer nada até que a revolução aconteça. Pelo contrário, desde já é preciso agir. Por isso defendemos:
- Prisão dos que provocam queimadas ilegais e confisco de suas terras.
- Estatização do transporte, incluindo ferrovias, ônibus e serviços de carona. Investimento em larga escala em transportes públicos ecológicos, acessíveis e integrados.
- Reestatização das empresas de eletricidade, gás e água. Investimento em massa em energias renováveis.
- Estatização dos bancos, terrenos de especulação e grandes empresas de construção, a fim de construir habitações sociais de qualidade e realizar um programa de restauração dos edifícios existentes.
- Nenhuma compensação para ex-proprietários de empresas estatizadas.
- Controle e gestão democrática dos trabalhadores das indústrias estatizadas.
- Um plano, liderado por trabalhadores, para fazer a transição de setores poluentes para indústrias não poluentes.
Diante desse contexto, nós, a Juventude Comunista Internacionalista (JCI), continuamos distribuindo panfletos “Fora Imperialismo! Luta de classes contra a ingerência de Trump no Brasil” e dialogando com os estudantes presentes no Conune. Mantendo as tradições do movimento operário-estudantil, avançamos na divulgação e venda de nossos materiais para garantir um financiamento independente, assim como avançamos nas verdadeiras discussões que perpassam as mentes e vidas dos estudantes.
Queremos agir, estudar e debater para de fato ter bases e ferramentas para uma verdadeira mudança de nossas realidades. Sem ilusões nas reformas dentro do capitalismo, e nas traições dos conciliadores, sobre as melhorias nas condições da nossa vida, de nossa classe, da humanidade em harmonia com a natureza.
O descaso do segundo dia demonstra o grau da mudança que precisa atingir a UNE enquanto entidade. A continuidade de um programa de conciliação e de métodos que impedem o livre debate das ideias, como os que denunciamos aqui, vão continuar enterrando a entidade como instrumento de luta da juventude. Por isso, reivindicamos o resgate dos princípios de refundação de 1979, por uma UNE livre, independente da base e socialista.
Quem somos?
Somos a Juventude Comunista Internacionalista (juventudecomunista.com), fração jovem da Organização Comunista Internacionalista (marxismo.org.br) que é a seção brasileira da Internacional Comunista Revolucionária (marxist.com). Estamos presentes em mais de 60 países, lutando contra o capitalismo e para abrir uma saída comunista para a humanidade. Temos um mundo inteiro a ganhar!
O que estamos fazendo no 60º Congresso da UNE?
Compreendemos que este espaço é privilegiado para debater com os estudantes perspectivas políticas da conjuntura, da educação e da organização do movimneto estudantil. O congresso é organizado através das eleições de delegados nas instituições de ensino superior, públicas e privadas, sob a base de documentos políticos. Estamos apresentando teses comunistas internacionacionalistas para o 60º Conune e mais que construir chapas, eleger delegados etc. nosso objetivo é aumentar as forças do comunismo na sua universidade! Você é comunista? Então, organize-se!
Passo a passo de como participar:
1- Leia nossas teses!
2- Você é comunista? Então, organize-se!
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