A UJS/PCdoB enterraram o sétimo princípio da Carta de Refundação da UNE de 1979 no último dia do 60º Conune: prestar irrestrita solidariedade à luta dos trabalhadores do mundo

O último dia de 60º Conune (20) manteve o mesmo padrão dos outros. A plenária final, a única atividade programada para o dia, atrasou. Centenas de estudantes se deslocavam para o Goiânia Arena, sem local para guardarem seus pertences e com o sol queimando a pele e o ânimo que restava após tantos desapontamentos.
Durante a manhã vimos pouca movimentação dos estudantes, a maioria ficava junto a seus grupos. Nesse período, nós da JCI focamos em fazer banca, panfletar e conversar com os estudantes sobre a questão das moções de solidariedade internacional e pelo direito de liberação no Sintraej que estavam sendo impedidas de serem registradas. A panfletagem serviu de ponte entre nossa política internacional e a moção de solidariedade com os camaradas do Paquistão. Fomos atrás e conversamos com diversas organizações, delegados e convidados ao congresso sobre a questão da moção. A reação foi similar, todos acharam pelo menos estranho, se não absurdo, que a direção estava dificultando e recusando a apresentação dessa importante moção. Até mesmo a base da UJS passou a questionar isso, a partir do nosso diálogo e denúncia. Assim que as pessoas começaram a se agrupar em torno de nós, alguém da direção apareceu para desmobilizar e nos afastar da discussão. Chegando o horário de meio dia, começaram os bandeiraços e desfile em direção ao local da plenária. Junto a eles se somaram diversas pessoas sendo carregadas por socorristas, desidratadas e por vezes desmaiadas.
Os primeiros a entrarem na plenária foram os delegados das organizações que compõem a direção majoritária (UJS, PT, LPL, PDT, Consulta Popular etc.), enquanto as organizações do bloco de oposição se organizavam em uma plenária própria. Na plenária, nós reforçamos no caminhão de som a denúncia de que a moção de solidariedade internacional estava sendo impedida de ser apresentada e reforçamos o apelo para que a oposição se juntasse a nós na exigência de que a moção fosse apresentada e que tivéssemos tempo para apresentá-la aos delegados.
É vexatório que a União da Juventude Socialista – que dirige majoritariamente a UNE -, eles que se reclamam socialistas, que expõe em suas reses a “solidariedade internacional”, tenham impedido que uma moção de solidariedade internacional a presos e torturados no Paquistão, fosse apresentada e aprovada pelos delegados no 60º Congresso da UNE. É vexatório que nenhum membro da UJS nem do PCdoB tenha ainda assinado essa moção em seu próprio nome e tenha feito um apelo no mesmo sentido junto às entidades que dirigem.
Nós tentamos por todos os meios ter contato com a ex-presidente da UNE, a Manuela Mirella, mas a todo momento nos diziam que ela estava ocupada e não poderia receber os estudantes. Todas as tentativas de levar a frente essa moção foram barradas. Com isso, jogaram na lata do lixo o sétimo princípio da carta de refundação da UNE de 1979, que diz
“7. A UNE deve lutar contra toda forma de opressão e exploração, prestando irrestrita solidariedade à luta dos trabalhadores de todo o mundo”.
Todos esses acontecimentos foram uma amostra clara da falência da política e dos métodos das forças que hoje compõem a direção majoritária da UNE. O Conune, hoje, é expressão desse processo. Uma completa falência política. Isso se confirmou nos acontecimentos seguintes.
Após a plenária da oposição, o bandeiraço terminou e a maioria das delegações se encontravam já dentro da arena. Entretanto, o caos se instaurou durante a plenária final. Na arquibancada superior, militantes do Rebeldia (PSTU) e da Faísca (MRT) entraram em embate, por conta de uma divisão do espaço para os militantes ficarem, isso se somou a constantes provocações que grande parte das forças trocaram ao longo de todo o Conune. O embate resultou em agressão física e o lançamento de gás de pimenta por um dos militantes do Rebeldia, que acertou diretamente um dos militantes da Faísca, mas que também se alastrou por toda a arena, principalmente na região destinada a Oposição, fazendo com que dezenas de militantes, principalmente das duas organizações da briga, mas também da parte das delegações do Juntos! (MES), UJC (PCBR) e a juventude do PSB, tivessem que ser retirados da plenária às pressas para as enfermarias.
Em geral, já denunciamos essas práticas em eleições de delegados nas universidades, em que coação e agressões físicas são utilizadas sobretudo pela direção majoritária contra a oposição. Temos caracterizado que o programa político da oposição apenas se diferencia no que tange a independência em relação ao governo Lula e ainda assim com sérias limitações, devido a concepção de ascenso do fascismo e da concepção de frente ampla que dela decorre. Como consequência de um programa adaptado, os métodos da oposição têm se aproximado dos métodos da majoritária – fraudes, corrupção etc. Esse episódio envolvendo bloqueio de passagem, provocações, agressão física e uso de spray de pimenta entre organizações da oposição assinala um aprofundamento na degeneração do movimento estudantil organizado.
Condenamos essas práticas, nos solidarizamos com os atingidos e lamentamos profundamente esse episódio. Em resposta, reafirmamos que é preciso retomar os princípios de refundação da UNE de 1979 para recuperar as melhores tradições do movimento estudantil e seguir o combate por uma UNE livre, independente, democrática e socialista.
Enquanto isso, a mesa deu seguimento a plenária, como se simplesmente fosse uma questão de desmaio individual. Para além da direção, nenhuma outra força demonstrou solidariedade imediata às vítimas desses grupos, nenhuma organização, nem as que da própria oposição com o Juntos! – como Correnteza e PCBR – fizeram qualquer coisa para parar a plenária e prestar solidariedade a seus próprios companheiros.
A plenária continuou, enquanto as pessoas passavam mal, as forças continuaram suas batucadas e gritos de guerra. O sentimento foi de que já estava tudo combinado e que os delegados estavam ali somente para carimbar mais uma eleição decidida anteriormente. E foi isso que aconteceu. Após muita burocracia e nebulosidade quanto às votações, a chapa “Unidade e coragem em defesa do Brasil: estudantes nas ruas para derrotar a extrema direita, taxar os super-ricos e investir na educação”, chapa 3, da majoritária foi eleita com mais de 82,620% dos votos. A Faísca, que tinha a chapa “Intifada – Construir uma oposição de esquerda ao governo na UNE para enfrentar a extrema direita, o arcabouço fiscal e a 6×1” logo retirou sua candidatura para direção da UNE, alegando motivos de segurança, e se retirou da plenária, declarando apoio crítico à Oposição, chapa 2 “Oposição Unificada e independente para mudar a UNE: Em defesa do orçamento e da educação”, que obteve 17,23% dos votos, segundo dados divulgados no site da UNE.
Esse congresso marcou um salto de qualidade na degeneração do movimento estudantil encabeçado pela UNE e sob essa política e métodos a falência da própria entidade. Entretanto, o que temos que tirar de aprendizagem desse congresso é que o movimento da vida é dialético, e contraditório. Hoje esse é o cenário, mas a luta de classes se acirra e os estudantes podem ainda forçar a entidade que construíram a retomar seus princípios, que tem sido rasgados um após o outro por essa direção. Temos muitas tarefas e desafios e seguiremos o combate por uma UNE livre, de base, democrática, independente e socialista, que se alcançará com os métodos e táticas de uma verdadeira oposição.
Quem somos?
Somos a Juventude Comunista Internacionalista (juventudecomunista.com), fração jovem da Organização Comunista Internacionalista (marxismo.org.br) que é a seção brasileira da Internacional Comunista Revolucionária (marxist.com). Estamos presentes em mais de 60 países, lutando contra o capitalismo e para abrir uma saída comunista para a humanidade. Temos um mundo inteiro a ganhar!
O que estamos fazendo no 60º Congresso da UNE?
Compreendemos que este espaço é privilegiado para debater com os estudantes perspectivas políticas da conjuntura, da educação e da organização do movimneto estudantil. O congresso é organizado através das eleições de delegados nas instituições de ensino superior, públicas e privadas, sob a base de documentos políticos. Estamos apresentando teses comunistas internacionacionalistas para o 60º Conune e mais que construir chapas, eleger delegados etc. nosso objetivo é aumentar as forças do comunismo na sua universidade! Você é comunista? Então, organize-se!
Passo a passo de como participar:
1- Leia nossas teses!
2- Você é comunista? Então, organize-se!
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