Encerra o primeiro Acampamento Regional de Joinville
No domingo (10/9) encerrou o primeiro Acampamento Regional da Juventude, realizado em Joinville. Durante três dias, dezenas de jovens estiveram reunidos discutindo a situação política nacional e internacional. O retorno à rotina é carregado de novos aprendizados e da certeza da necessidade de construir uma sociedade socialista. Entre as principais tarefas, está a ajuda na construção do 2º Acampamento Nacional da Liberdade e Luta (LL), que acontece de 25 a 28 de janeiro de 2018, em Florianópolis (SC).
Racismo, machismo e homofobia
Durante a manhã, foi realizada a formação sobre luta de classes e o combate ao racismo, machismo e homofobia. A mesa foi composta pelos militantes da LL Bruna dos Reis, Arieli Efting e Henrique Macedo. Bruna abriu o debate com o tema machismo. Conforme a camarada, para derrubar estas, e todas, as opressões, é necessário fazer o combate de classes. “As opressões estão diretamente ligadas à ideologia dominante”, disse Bruna.
A militante também lembrou que a cada 11 minutos ocorre um estupro no Brasil. Além disso, há a violência obstetra, as inúmeras mortes devido abortos clandestinos, a impossibilidade de participar de sindicatos, de dirigir, de trabalhar.
Ao abordar o tema racismo, Arieli explicou que a noção de raça surgiu nos regimes modernos para justificar a exploração do negro. “Hoje ainda, o racismo é um instrumento para manter a condição de escravidão assalariada”, complementou ela.
A violência contra a mulher negra, a falta de acesso ao ensino, a falta de emprego também foram abordados por Arieli. Conforme ela, o único meio de colocar um fim ao racismo é com a derrubada do capitalismo e a conquista da independência de classe. “A justiça serve somente aos burgueses”, finalizou.
Por fim, Henrique falou sobre a homofobia. O militante iniciou sua fala fazendo um apanhado histórico sobre o desenvolvimento humano e a relação com o surgimento deste preconceito e a criminalização.
O que altera esta realidade, de relações livres, é o surgimento da propriedade privada. Junto dela, tem-se a necessidade de garantir que as posses adquiridas seriam repassadas aos herdeiros. A igreja desempenhou um papel importante na criminalização de relações entre pessoas do mesmo sexo. O clero criou dois termos: sodomia e heresia. Os condenados tinham todos os bens confiscados para a igreja e eram mortos.
Henrique trouxe ainda exemplos históricos de perseguição e homofobia, como os praticados pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial. Também o a perseguição por Stálin, após burocratizar a revolução, na Rússia. Novamente foi lembrado que a opressão é uma questão de classe e que não há como sobreviver neste sistema.
Esta compreensão é fundamental para colocar um fim a toda forma de perseguição a gays, lésbicas e trans. “É necessário compreender que o capitalismo mata e destrói e não há qualquer possibilidade de sobrevivermos nele”, concluiu.
Plenária de encerramento
Os militantes da LL, Mayara Colzani e Jonathan Vitório comandaram a plenária final. A principal tarefa dos participantes é a construção do 2º Acampamento Nacional da Liberdade e Luta. Além disso, foram aprovadas três moções: a primeira pedindo o retorno com vida de Santiago Salvador, que desapareceu após participar de um protesto na Argentina; a segunda de apoio a um professor de Curitiba que sobre perseguição por ter apoiado as ocupações dos estudantes; a terceira contra a repressão da Polícia Militar aos moradores do Ulysses Guimarães depois da morte de um policial.
Sobre os abusos da PM, a militante da LL Bruna Souza contou relatos. Conforme ela, os policiais entravam nas casas, batiam em homens e mulheres, ameaçando crianças, revirando e quebrando móveis e utensílios domésticos.
“Somos contra a PM. Queremos trabalhador cuidando de trabalhador”, disse Mayara.
Bruna também apresentou um poema de sua autoria, que segue na íntegra.
Saudade! Desculpe, perdi a paciência
Eu, que nunca tinha sofrido
A dor de uma opressão
Senti na pele a sensação
Chorei, despedacei…
Parei, pensei.
As diferenças deviam ser boas
Não sentenças
Opressão, pressão, noção, sem noção?
Por quanto tempo?
Será um completo preconceito?
Por quanto tempo?
Ficar de bocas e mentes fechadas?
AH, QUE SAUDADES DA MINHA INOCÊNCIA!
Esse mundo tirou minha inocência!
Mas vou encontrar minha essência.
Perdi a paciência…
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