Quem é Santiago Maldonado e por que o Estado argentino o sequestrou?

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No dia 1º de agosto, Santiago Maldonado foi detido pela polícia que reprimia uma manifestação realizada por mapuches na região de Cushamen, na província de Chubut, uma região patagônica da Argentina. Ele foi detido e usado de bode expiatório por estar reivindicando a permanência desse povo indígena nas terras que ocupam no momento. A região vem sofrendo diversos ataques do Estado sob ordem da burguesia que vem buscando a reintegração de posse, pois a terra pertence à Bennetton, multinacional italiana do ramo têxtil. O militante não era um mapuche, nasceu em Buenos Aires, mas naquele momento residia na província de El Bólson, próxima a Cushamen, região a cerca de 100 Km de onde residia.

O jovem argentino não foi o único usado como bode expiatório. Um dos principais líderes da região, Fecundo Jones Huala, está preso sob acusação de terrorismo. Mas por que tanto interesse nessas terras? A empresa italiana afirma que usará a terra para criação de ovinos, porém, a região é rica em petróleo e gases naturais, fato que desperta o interesse pela mesma e, consequentemente, pela obtenção de lucro em cima das mesmas. Os mapuches são os povos originários daquela terra, residiam lá até o fim do século XIX, quando foram massacrados pelos argentinos e, agora, reocupam uma pequena parte da terra para reconstruir seu povo.

A operação de repressão ao povo mapuche e também do ato em que Santiago foi sequestrado foram orquestrados pelo Ministro de Segurança do governo Macri, Pablo Noceti, e aplicada pela gendamería (organização militar nacional argentina que cumpre funções de polícia em cidades menores). Essa foi a gota d’água da classe trabalhadora argentina, cansada de repressão policial que sofre desde muito antes da ditadura, financiada pelo imperialismo, que deixou mais de 30 mil desaparecidos. Iniciaram-se então mobilizações de massas exigindo que o Estado confessasse o que havia feito com o jovem. Tais mobilizações foram brutalmente reprimidas pelos policiais, que usaram de pretexto um grupo de agentes do estado fantasiados de anarquistas ridiculamente caracterizados para o uso de bombas de gás, cassetetes e spray de pimenta.

Essa ação desastrosa gerou 31 detidos e muitos feridos (que não necessariamente participavam do protesto). A detenção durou cerca de dois dias e foi veiculada pela imprensa burguesa local, durante o horário nobre, e exerceu uma influência ideológica (como toda imprensa) para safar o macrismo da responsabilidade do sequestro.

O governo argentino, acompanhando as burguesias de todas nações, vêm ampliando o uso da repressão policial contra as crescentes mobilizações populares de massa e qualquer movimento que subverta a ordem burguesa. Aqui no Brasil acompanhamos diversas repressões a movimentos sociais, militantes e protestos. Não estamos isolados do mundo. Com o acirramento da luta de classes, a classe burguesa rompe com todo seu enunciado legalista e reprime a classe trabalhadora por todos os meios com objetivo de perpetuar o seu regime. Um exemplo claro disso aqui no Brasil é o Capitão do Exército Balta Nunes, infiltrado num grupo de secundaristas que encaminhavam-se para um protesto “Fora Temer” no ano passado. Ele organizou uma emboscada para os jovens, detendo-os com objetivo de criminalizá-los com base na Lei Antiterrorismo.

Acontecimentos explosivos se avizinham e temos que estar preparados para isso. É necessária a luta pela constituição de uma nova sociedade, essa organizada, fiscalizada e elaborada pela classe trabalhadora.

Participe da campanha internacional “Onde Está Maldonado?”, organizada pela Corrente Marxista Internacional (CMI), da qual a Liberdade e Luta faz parte. Convidamos cada jovem, cada trabalhador a:

  • Tirar fotos em reuniões políticas ou debates do movimento dos trabalhadores ou estudantil com cartazes que digam “Onde está Maldonado” e que identifiquem a cidade e as forças políticas envolvidas.
     
  • Aprovar moções reivindicando que o Estado argentino revele o paradeiro e o destino de Maldonado. Esses documentos podem ser enviados a partir de sindicatos, entidades populares e assembleias.

Os materiais devem ser enviados para os camaradas da seção argentina da CMI, a Corriente El Militante – Argentina, pelos endereços abaixo:

E-mail: elmilitante.argentina@gmail.com

Facebook: https://www.facebook.com/corrientemilitante.argentina/

Twitter: https://twitter.com/Militante_Arg

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