A reforma do CRUSP e a necessidade de uma assembleia

A pandemia evidenciou ainda mais as más condições do Conjunto Residencial da USP (CRUSP), não só a falta de internet que impossibilitou diversos estudantes da moradia de assistir às aulas, mas a constante falta de água e de energia, as rachaduras e buracos em apartamentos, a péssima condição das cozinhas e a falta de máquinas nas lavanderias; tudo isso, que já era um problema em períodos normais, na situação de pandemia são alarmantes para os estudantes do CRUSP.

Depois de uma instalação de internet ineficiente em alguns blocos, foi anunciado a reforma do CRUSP, reivindicação pautada nas últimas movimentações de maneira conjunta entre os três setores: estudantes, professores e funcionários. Não houve nenhum esclarecimento sobre o plano da reforma, apenas foi informado que a reforma começaria pelo Bloco D e que necessitaria do esvaziamento do prédio, e que seria dado aos moradores, temporariamente desocupados, o auxílio moradia de 500,00 reais.

O fato de desocupar o prédio gera certa desconfiança dos moradores, que discutem a não devolução do prédio por parte da reitoria; dada a situação e a proposta da reitoria, não é um raciocínio absurdo, mas não devemos recuar em nossa reivindicação por conta disso, na verdade precisamos garantir a nossa vitória, mas para isso é preciso de uma assembleia do CRUSP antes de qualquer desocupação. É preciso que a reitoria apresente formalmente o projeto, o cronograma de obras, o orçamento e o cronograma de retorno, é um absurdo que nem mesmo as assistentes sociais saibam informar aos estudantes do que se trata a reforma, e nenhum estudante deve desocupar seu apartamento antes de que seja apresentado o projeto e discutido pelo movimento.

Quanto ao período em que o estudantes não estará no CRUSP, é preciso que a universidade garanta sua estadia; não é novidade que o auxílio moradia não é suficiente para pagar aluguel em São Paulo, não devemos aceitar que nenhum morador desocupe seu apartamento sem garantia de uma moradia temporária, e para isso não se deve discutir o valor do auxílio, mas, ao invés do auxílio, que a Universidade garanta a moradia, pagando diretamente os aluguéis ou usando prédios próprios (Como os Blocos K e L, que devem ser transformados novamente em moradia), e que essa moradia tenha uma distância máxima, discutida em assembleia, em relação a Universidade, como também que seja garantida a internet nesse local.

O recuo diante de um avanço concreto seria um erro, na medida que a reitoria diz cumprir uma reivindicação nossa, o crucial é garantir, pela organização do movimento, o cumprimento efetivo da reivindicação. É preciso que seja do conhecimento geral do que se trata essa reforma, o que pretende-se reformar, como e qual o prazo, para que o movimento tenha controle do andamento da reforma. Sabe-se também da questão dos estudantes moradores irregulares, fruto da não garantia de moradia para todos, que diante da situação devem ter as mesmas garantias que os moradores regulares.

É preciso uma assembleia urgente para que se discuta a reforma, reivindicando os meios que garantam a vitória do movimento, a realização efetiva da reforma, começando pela exigência da apresentação formal do plano de reforma, a garantia da moradia aos estudantes desocupados, e as mesmas garantias para estudantes regulares e irregulares. Sem essas condições, é preciso que nenhum morador desocupe seu apartamento, para que a reforma só aconteça mediante a segurança de todos.

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