Ainda há esperança para a juventude: abaixo o ministro reacionário da educação e todo o governo Bolsonaro!
FOTO: Correio Braziliense
Numa fala extremamente absurda, no dia mundial de prevenção ao suicídio, o ministro da Educação de Bolsonaro, pastor Milton Ribeiro, relaciona diretamente a taxa de suicídio entre jovens à falta de religiosidade e, por conseguinte, ao que ele chama de “desconstrução de tudo”[1]. Como resultado desse cenário, ele alega que os jovens encontram-se em meio a um vazio existencial devido a uma possível falta de referência a ser seguida. Segundo o próprio, estariam sendo destruídos todos os “absolutos e certezas”, criando “verdadeiros zumbis existenciais, que não acreditam em nada: Deus, política”. Assim ele tenta explicar os números de suicídios de jovens no país!
Não é a primeira vez que esse tipo de colocação é feito por algum integrante do atual governo. Em 2010, a atual ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, em entrevista à Igreja Universal de São Paulo sobre “ideologia de gênero nas escolas”, afirmou que:
“fizeram um congresso recentemente, depois estiveram lá no Congresso Nacional e disseram que no Brasil estão catalogadas 70 identidades de gênero, consegue entender isso? 70. Aí os professores, os educadores em sala de aula estão dizendo o seguinte: você não é menino, escolhe uma das 70. Consegue entender a confusão? Consegue entender que os meninos e adolescentes estão confusos e por conta disso estão se suicidando, estão se cortando, estão em depressão.”[2] .
Apoiando-se sobre um exemplo aleatório, Damares busca desqualificar todo o debate científico que possa ocorrer sobre orientação sexual e sobre gênero, se utilizando de uma suposta pesquisa apresentada neste tal congresso. A escola é o local adequado para o livre debate e expressão e não se pode aceitar que tais temas sejam tabu. É apenas através da ciência que se pode entender corretamente tais questões e não através de preconceitos religiosos.
Certamente algo que pode causar danos à saúde mental da juventude é o preconceito e discriminação que pessoas fora do padrão que Damares advoga sofrem diariamente. Isso ocorre tanto no ambiente de trabalho quanto por parte de muitas das próprias famílias. Essas situações de fato agravam quadros depressivos, os quais podem chegar até mesmo a casos de automutilação e suicídios.
Sabemos claramente que tanto a argumentação de Milton Ribeiro quanto a de Damares são falsas. O que desmotiva o jovem atualmente e lhe causa angústia, depressão e o leva, tantas vezes ao suicídio, não é falta de ligação com deus ou debates relacionados a gênero, mas sim o desemprego, a pobreza e falta de acesso ao ensino. É a falta de perspectiva para seu futuro. Em outras palavras, são os efeitos da crise do capitalismo sobre os mais jovens.
No primeiro trimestre de 2020, a taxa de desemprego entre jovens de 18-24 anos alcançou a marca de 27,1%[3], muito acima da média geral, que apesar de encontrar-se bastante elevada, é de 12,2% no país. Enquanto isso, o desmonte na pasta da educação segue firme, mesmo após as manifestações de 15 e 30 de maio de 2019. Para 2021 chegou a ser previsto um orçamento superior destinado à defesa em relação à educação, de modo a resultar num corte de mais de 4,2 bilhões de reais para escolas e universidades públicas. Assim sendo, o ENEM, o qual já funciona tal qual um funil ao determinar quem entra ou não numa universidade pública, será ainda mais restritivo. Ainda mais jovens filhos da classe trabalhadora ficarão distanciados da instrução pública, e, consequentemente, de uma colocação dentro do mercado de trabalho, tendo em vista que a taxa de desemprego é mais alta entre pessoas com menor nível de escolaridade.
Diante destes dados, podemos constatar a completa degeneração que estes elementos do governo Bolsonaro alcançaram. Eles se escoram na mentalidade mais reacionária e radicalizada pequeno-burguesa a fim de não serem obrigados a admitir que a causa das inseguranças dos jovens é a própria crise do sistema capitalista. Isso ocorre pois este não é capaz de garantir as condições mínimas de vida aos filhos da classe trabalhadora. E isso em nada está relacionado com a falta de “deus” no coração.
Portanto, para ainda haver esperança para a juventude e podermos modificar esse cenário de angústia e depressão nessa geração, é necessário organizar-se e lutar pela derrubada deste governo e do próprio capitalismo. De modo bastante distante das tradições “absolutas” defendidas pelo atual governo. Apenas assim será possível garantir educação pública, gratuita e para todos. Devemos combater pelo Fora Bolsonaro! Por um governo dos trabalhadores sem patrões nem generais! Com a finalidade de garantir todo dinheiro necessário à educação, desde a creche à pós graduação. Convido, então, todos os que estão lendo a conhecer o Manifesto da Liberdade e Luta (https://juventudecomunista.com/node/595), assiná-lo e organizar-se.
[1] https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2020/09/sem-fe-jovens-do-brasil-sao-zumbis-existenciais-diz-ministro-da-educacao.shtml
[2] https://www.youtube.com/watch?v=Tzsjn2JomJU&t=533s – 8m21s a 8m51s
[3] https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2020-05/ibge-taxa-de-desemprego-de-jovens-atinge-271-no-primeiro-trimestre#:~:text=A%20taxa%20de%20desemprego%20entre,2%25%20do%20pa%C3%ADs%20no%20per%C3%ADodo.