Em manobra covarde, vereadores de Bauru aprovam o PL 202/16

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A sessão da Câmara durou menos de 30 minutos e aprovou o projeto que criminaliza a juventude, a luta agora é pelo veto do prefeito Gazzetta.

Normalmente o tempo de duração das sessões de segunda-feira da Câmara dos Vereadores é de pelo menos 5 horas. Entretanto, ontem (13/03) o tempo total de realização das sessões, uma ordinária e outra extraordinária, foi menos de 30 minutos.
Isso porque estava na pauta o PL 202/16, projeto que criminaliza eventos de lazer fora de estabelecimentos munidos de alvará e que abre caminho para a violência policial e repressão aumentar. O texto desse projeto é tão absurdo que causou mobilização de grande parte da juventude, juventude esta que queria novamente acompanhar de perto a votação, mas que foi traiçoeiramente jogada para trás pelos vereadores que justificaram a velocidade frenética dessa sessão pelo medo de violência por parte dos manifestantes. 

O coronel destemperado e os vereadores acovardados

É um golpe antigo da burguesia e de seus representantes, criminalizar e acusar a população de ações violentas e irracionais para justificar sua repressão. Na sessão em que o projeto foi para primeira discussão no dia 06 de março, o vereador Benedito Meira (PSB), que têm representado o que há de mais reacionário na cidade de Bauru,  dirigiu-se à população que acompanhava a votação e disse que: “Não tinha medo de vagabundo”. 

As pessoas que protestam contra o PL 202/16 não são vagabundos. Na verdade a maioria faz parte de uma juventude que começou a trabalhar muito cedo, estudantes e universitários que são filhos de trabalhadores.
Mas o vereador que já foi secretário de segurança de Alckmin, idealizador de um partido militar em Bauru e coronel aposentado da PM, ou seja, especializado em tratar com truculência os discordantes, mostrou que tem sim medo de lidar com a população quando não pode autorizar que seus capachos soltem o cassetete e gás de pimenta em quem ousa discordar do coronel. 

Meira, assim como TODOS OS OUTROS VEREADORES participaram de um acordo COVARDE ao abdicar de todas as falas na tribuna para que o projeto fosse aprovado e a sessão fosse terminada em menos de 30 minutos, sem nenhuma possibilidade de que a população chegasse a tempo para acompanhar. 

É verdade que não houve nenhuma ilegalidade no rito. Legalmente os vereadores podem abdicar de suas falas e reduzir a vergonhosos 30 minutos o tempo total de uma sessão, mas não é isso que nos fere e sim a comprovação de que essa casa de leis não é do povo. É vassala dos poderosos e ricos da cidade. Os vereadores que lá estão não tem a mínima consideração pela juventude e pela população que iria correr para a Câmara depois do trabalho para acompanhar a votação de um projeto que muda diretamente a condição de suas vidas. 

Dessa forma, quando a população estava chegando às 15h, horário em que geralmente os projetos são votados, os vereadores já estavam indo embora com os rabos entre as pernas. 

A organização faz a luta 

Reiteramos que em momento algum a Liberdade e Luta apoiou ou fez parte de qualquer ato de vandalismo ao patrimônio público ou de violência contra os vereadores e muito menos aos trabalhadores da Câmara. Pelo contrário, no dia em que participamos da manifestação na saída do estacionamento da Câmara, pelo qual saem os vereadores, dissemos em alto e bom som no microfone que a passagem dos carros estava liberada e que ninguém iria fazer nada contra os carros nem as pessoas. Nosso objetivo era que os vereadores vissem que mesmo suspendendo a sessão e desrespeitando a população, nós estávamos lá resistindo e protestando contra os absurdos dessas medidas. 

Ontem novamente, a Liberdade e Luta atuou de forma pacífica e honesta. Nós estivemos do lado de fora da Câmara, informamos através da internet a manobra que os vereadores haviam feito e usamos o microfone para ajudar na organização dos presentes e denunciar a obscena servidão voluntária do legislativo bauruense. 

Não temos acordo com nenhuma medida vanguardista que pretende impor à juventude ações irresponsáveis. Esse não é nosso método. Nosso método de luta é o trabalho de base organizado, a militância através do verdadeiro diálogo com a classe trabalhadora e juventude. Não ter medo de olhar nos olhos do trabalhador e explicar fraternalmente o que está por trás de um projeto como o 202/16, é mais produtivo do que ter ações irrefletidas. 

Veta, Gazzetta!

A luta contra o PL 202/16 é uma luta direta contra as forças conservadoras, reacionárias e detentoras de grande poder econômico de Bauru. Sabíamos desde o começo que as batalhas na Câmara eram necessárias para expor a quem servem os vereadores e por isso a aprovação do projeto não nos pega de surpresa. 

Temos agora outra meta de convencimento e luta: o executivo. Agora a questão da criminalização ou não do lazer da classe trabalhadora e da juventude  está nas mãos do prefeito Gazzetta. Por isso, a Liberdade e Luta participará de uma comissão que reivindicará o veto ao projeto pelo executivo. A reunião está marcada para quarta-feira (15/03) às 18h na Prefeitura. Convocamos a todos para um ato simultâneo a reunião na Praça das Cerejeiras, aonde está localizada a prefeitura.

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