ENEM: adiar ou vagas para todos nas universidades públicas?
Imagem original: Época Negócios
Diante das condições sanitárias decorrentes da pandemia do coronavírus, a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) pode significar uma exposição dos milhões de estudantes que se inscrevem para conseguir uma vaga na universidade pública, o que em tempos “normais” já significa negar o ensino público para 96 a 98% dos inscritos todos os anos, o que é um completo absurdo dadas as plenas condições do orçamento público prover o direito à educação em todos os níveis, mas que é sugado de forma parasitária pela dívida pública.
Porém, frente ao completo descaso do governo Bolsonaro e aos sintomas de um sistema que só apodrece ainda mais a cada dia, as principais figuras de esquerda do PSOL, da UJS e mesmo as direções da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) se lançaram em defesa do ENEM, como uma prova “tão importante para a vida de milhões de brasileiros”.
O ENEM é literalmente a ferramenta que a burguesia oferece para garantir, sob o viés hipócrita da meritocracia, cerca de 250 mil vagas para mais de 6 milhões de inscritos. Isso significa que apenas 3% passam e encontram outras dificuldades de permanência, bolsas de pesquisa cortadas, falta de estrutura e etc, o que já representou uma queda no número de inscritos e alta de desistentes nos últimos anos. Na situação atual, o quadro tende a ser ainda pior. É nesse contexto que o governo Bolsonaro, governos estaduais e prefeituras, como as de João Doria e Bruno Covas, querem determinar a volta às aulas presenciais antes mesmo da vacina!
Apesar da oposição de fachada, essas figuras assinam seus decretos em perfeita sintonia para atender as necessidades da burguesia. A luta, portanto, deve apontar para a necessidade de derrubada do governo Bolsonaro, que enquanto assina mais um decreto de morte aos direitos da classe trabalhadora, vai a passeios de barco falando que o Brasil está quebrado e não pode fazer nada. As direções de esquerda, por sua vez, projetam um Fora Bolsonaro tímido, válido só para 2022. Não temos que esperar até 2022 para arrancar esse cara daí, não!
A postura dessas figuras em defesa do ENEM e das eleições burguesas caminha no sentido frontalmente contrário ao da luta pela Educação Pública, Gratuita e Para Todos, uma bandeira histórica da UNE e do Movimento Estudantil abandonada pela traição das direções e pela adaptação às migalhas que as classes dominantes cinicamente nos oferecem em grandes acordos em seus gabinetes. A necessidade de retomar essa bandeira fica ainda mais escancarada na atual crise econômica e sanitária, e é essa luta que de fato oferece perspectivas para a juventude, sem depender do aval das instituições, das grandes corporações e seus lacaios no governo. FORA BOLSONARO!
Aulas presenciais só com vacina! Vacinação imediata e gratuita para todos!
Pelo FIM do ENEM!
Fim do pagamento da dívida pública!
Todo dinheiro necessário para a educação pública!
Educação Pública, Gratuita e Para Todos!