Escala 6×1 e aumento das tarifas de transporte: a degradação das condições de vida sob o capitalismo

O cotidiano proporcionado pelo capitalismo expressa um sistema em decomposição, arrastando consigo as condições de vida da classe trabalhadora e sua juventude. No Brasil, sob o governo Lula de união nacional e ataques ao proletariado, essa crise assume contornos dramáticos, materializando-se em jornadas exaustivas de trabalho, na precarização e encarecimento do transporte público e no aumento insuportável do custo de vida.

Embora os números de desempregados nunca tenham sido tão baixos, eles escondem o profundo trabalho precarizado e informal, assim como o aumento do PIB e o módico acréscimo ao salário-mínimo não transforma a rotina dos trabalhadores, que seguem sem poder de compras básicas. O que fica explícito, por outro lado, é, como presente de grego, o pacote econômico Lula/Haddad que corta desde o salário-mínimo – R$ 12 bilhões em dois anos – até o orçamento da Educação – R$ 42,3 bilhões da Educação até 2030.

Diante destas condições, a escala 6×1 e o aumento das tarifas de transporte não são meros acidentes de percurso, mas manifestações de uma lógica perversa que sacrifica a vida dos trabalhadores no altar do lucro. Enfrentamos jornadas extenuantes, nos impedindo de viver dignamente com nossas famílias e ter tempo para o lazer, a educação e o descanso. Além disso, um direito básico – de ir e vir – é violado pelo objetivo das empresas privadas e concessionárias que lucram em cima de licitações e do transporte coletivo, sem investir nada significativo para garantir qualquer melhoria no serviço prestado. É uma verdadeira afronta às condições de vida!

Não por acaso, os casos de burnout, depressão e outras doenças relacionadas ao trabalho explodiram nos últimos anos. Segundo a OIT, o Brasil tem uma carga horária de trabalho maior que os EUA e o Reino Unido, sendo a escala 6×1 a ponta de lança de uma ofensiva capitalista que busca intensificar a exploração para compensar a queda nas taxas de lucro.

A luta contra essa escala, encampada pela juventude trabalhadora, que, em 2024, obrigou as direções sindicais, partidárias e de movimentos sociais a pautar esta bandeira é uma luta pela própria sobrevivência de nossa classe. A PEC das 40 horas, que poderia ser um alívio imediato, segue emperrada no Congresso, dominado pela burguesia e manejado pelas direções burocráticas.

Mas, aos capitalistas, não basta o trabalhador ser esmagado pela jornada extenuante no local de trabalho. O transporte público, que deveria ser um direito básico, público e gratuito, sob controle dos próprios trabalhadores e usuários, impõe-se em mais um instrumento de opressão diária e aumento da jornada laboral. O aumento das tarifas, que já consomem uma parcela significativa da renda dos trabalhadores, é acompanhado por um serviço cada vez mais precário.

Superlotação, atrasos e inexistência de linhas, falta de manutenção e insegurança são o cotidiano de milhões de pessoas que dependem do transporte público para sobreviver. Nos primeiros dias de 2025, pelo menos 7 capitais e dezenas de outras grandes cidades por todo país sofreram consideráveis aumentos das tarifas dos transportes coletivos, acima da inflação.

É a burguesia, insaciável, impondo seu projeto de privatização e sucateamento. Isto inclui também os exemplos espúrios de concessões e parcerias público-privadas, que passam, inclusive, a cooptar também a bandeira da Tarifa Zero em dezenas de cidades pelo país, que, na realidade, são contratos que isentam barões do transporte privado de impostos, dando o controle total do ir e vir nestas cidades.

Diante desse cenário, a luta contra a escala 6×1 e por um transporte público, gratuito e para todos, não são meras reivindicações pontuais, mas batalhas cruciais na guerra de classes. Devem ser compreendidas e encampadas como expressões da degradação das condições de vida, como resultados da crise irreparável do capitalismo.

Em oposição a essa degradação crescente, os trabalhadores e jovens tem apenas um caminho: a luta e mobilização em torno de reinvindicações que lhes ajudem a concluir a necessidade de ruptura com esse sistema. Para os comunistas, isso é fundamental. A luta pela redução da jornada de trabalho é uma luta direta contra o capital. Quando exigimos uma redução da jornada, estamos dizendo aos patrões que não aceitamos aumentar seu lucro em cima de nosso precioso tempo de vida. Além de exigir o fim da escala 6×1, agitamos a necessidade de ter o sábado e o domingo livres, uma redução da jornada semanal de 44 para 30 horas semanais, sem redução dos salários. Os capitalistas vão dizer que isso é impossível. E nós responderemos que há muita gente que quer trabalhar! Trabalhar menos, trabalhar todos! E assim, formamos uma aliança entre trabalhadores empregados e desempregados, fundamental como alavanca de unidade de nossa classe.

A luta pelo fim das tarifas, por Passe Livre e Tarifa Zero, num transporte 100% público, gratuito e para todos está totalmente conectada com a disputa pelo tempo de nossas vidas. Lutamos pela redução da jornada de trabalho, sem redução dos salários, lutamos para que os trabalhadores e jovens possam ter tempo livre e de descanso de qualidade, com lazer e cultura. Como isso pode ser possível com um transporte precarizado e caro? Os trabalhadores nos centros urbanos perdem cerca de quatro horas de suas vidas, todos os dias, em transportes públicos superlotados. São horas valiosas de nosso tempo de vida perdidos no deslocamento, além disso, segundo o IBGE, os brasileiros gastam cerca de 17% do salário-mínimo mensal com transporte coletivo.

Um sistema eficiente de transportes coletivos é fundamental, não apenas para transportar as pessoas, mas para fazer com que os produtos de nosso trabalho sejam escoados sem desperdícios. Contudo, o sistema capitalista, sobretudo em países atrasados como o Brasil, regride nesse aspecto. A contínua destruição das ferrovias e as privatizações são exemplos disso.

Lutamos pela completa estatização dos serviços de transporte, sem concessões e privatizações. A oposição direta aos aumentos das tarifas faz parte dessa luta e impõe a necessidade de ampliar nossa organização, em comitês de luta pela redução da tarifa e escalando os métodos de luta, de maneira organizada e coletiva.

Estamos aqui pela humanidade! A luta contra a degradação das condições de vida, expressa nessas duas frentes (a redução da jornada e o fim das tarifas) é imperiosa e urgente. Elas nos conectam com uma alternativa ao capitalismo: o socialismo e a defesa de uma economia planejada e democraticamente controlada para satisfazer as nossas necessidades e não as do lucro. Essas lutas abrem uma perspectiva de esperança por um futuro melhor, um futuro em que tenhamos comida no prato, trabalho digno e o direito a mais completa felicidade! Você é comunista? Então, organize-se!

Facebook Comments Box