Estudantes da UFSC declaram início imediato da greve contra os cortes de Bolsonaro
Nesta terça-feira (10), os estudantes da UFSC, reunidos em assembleia massiva, votaram por iniciar imediatamente a greve. Os estudantes estão mobilizados desde maio contra os cortes orçamentários impostos pelo governo Bolsonaro. Contudo, mais recentemente, diante da apresentação do Future-se, que prevê a privatização da universidade e enfraquece sua autonomia, do corte de bolsas de graduação e pós-graduação e da ameça de drástica redução do atendimento do restaurante universitário, as mobilizações se intensificaram. Na última semana, além de uma assembleia de todas as categorias com mais de 5 mil pessoas e da presença de milhares de estudantes na reunião aberta do Conselho Universitário (CUn), dezenas de cursos realizaram assembleias de base, reunindo centenas de pessoas que, em sua maioria, votaram pela greve ou por estado de greve.
Na assembleia desta terça-feira, que reuniu centenas de estudantes, a proposta do Future-se foi novamente rejeitada, bem como outras formas de privatização. Os estudantes também reivindicaram a imediata recomposição do orçamento da universidade, garantindo seu pleno funcionamento. Nesse sentido, também foi discutido o impacto da Emenda Constitucional 95, que impõe o teto de gastos à administração pública, o que também foi rejeitado pelos estudantes.
Os estudantes também aprovaram a construção de um comitê de greve, composto por representantes dos cursos em greve, além de outras entidades estudantis. O movimento dos estudantes deve ser fortalecido pelo indicativo de greve aprovado em assembleia dos docentes das universidade.
Os estudantes mostraram a preocupação de construir a unidade com outras categorias de trabalhadores mobilizadas como os trabalhadores da Comcap (serviço de limpeza da prefeitura) e dos Correios. Além disso, um dos encaminhamentos aprovados pela assembleia estudantil prevê que a UFSC impulsione a construção de uma greve nacional contra o bloqueio orçamentário imposto às universidades e a nomeação autoritária de interventores.
Um dos temas debatidos foi a suspensão do vestibular, a partir de indicativo discutido na assembleia universitária. Contudo, a assembleia estudantil desta terça-feira entendeu que seria equivocado fechar a universidade para a entrada de novos estudantes.
Para a Liberdade e Luta, o momento é de construir uma greve enraizada na base, que mobilize permanentemente os estudantes e que leve a UFSC para fora de seus muros, construindo ativamente a unidade com os trabalhadores em luta. Além disso, é fundamental que a proposta de impulsionar uma greve nacional saia do papel e caminhe na construção de comitês e encontros nacionais dos estudantes em luta em todo o Brasil, construindo uma pauta mínima que passa pela garantia de estrutura para o funcionamento de todas as universidades, pelo fim da lista tríplice nas eleições para reitores e que coloque no horizonte a educação pública, gratuita e para todos.