Estudantes do Camões-Pinochio-RJ se mobilizam contra direção. É preciso lutar por um sindicato de estudantes!
Nós da Liberdade e Luta decidimos reproduzir em nosso site a íntegra da nota construída coletivamente por alunos do Camões-Pinochio, instituição privada de ensino infantil, básico e médio do bairro Freguesia de Jacarepaguá, Rio de Janeiro. Compartilhamos o conteúdo com o intuito de fortalecer a auto-organização dos estudantes, pois acreditamos que uma organização estudantil independente dos professores e da direção é o único caminho para defender os interesses imediatos e históricos dos estudantes, sejam eles políticos ou econômicos.
A iniciativa de construir a nota é o início de uma rebelião contra aqueles que querem difundir ideias que atacamos estudantes. A nota também é uma demonstração de que é preciso organização para enfrentar o sombrio futuro que espera os jovens no acesso à universidade e ao emprego. Apesar dos alunos afirmarem que o texto não visa debater política, acreditamos que ele traz um crucial debate político sobre a realidade.
No ano de 2014 apenas 2,7% dos inscritos no ENEM conseguiram uma vaga em universidades públicas. Em 2018, o número de inscritos no ENEM caiu 18%. Ou seja: ano após ano os jovens estão desistindo de acessar a universidade pública! Mesmo aqueles que conseguirem ingressar em uma universidade privada, seja por bolsas de estudo, pagando por conta própria ou com ajuda dos familiares (cerca de 80% dos matriculados no ensino superior estão em instituições privadas), enfrentarão uma realidade onde 1 em cada 4 jovens está desempregado. Para modificar essa realidade os estudantes precisam sim debater política, mas não política em geral, e sim uma política revolucionária para a educação, a defesa da educação pública, gratuita e para todos.
Os alunos do Camões-Pinochio não podem esperar bondade da direção, do Estado, ou dos patrões. A juventude precisa tomar em suas mãos o próprio destino, e é organizada ao lado da classe trabalhadora,que arrancarão um futuro digno. É preciso aproveitar momentos de forte mobilização dos estudantes, como o que está ocorrendo na escola, para construir sindicatos de estudantes.
Para a Liberdade e Luta, o que sintetiza o sindicato de estudantes é que ele é livre (independente da direção e professores política e financeiramente e que os estudantes sejam voluntariamente associados à ele), de base (que discuta, decida e encaminhe as reinvindicações dos estudantes de maneira democrática, com a mobilização dos estudantes de base) e socialista (para lutar por um mundo melhor, com a perspectiva da classe trabalhadora.) Leia nossa posição completa sobre isso: (clique aqui e leia mais sobre os Sindicatos de Estudantes)
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Nota de repúdio dos alunos do Camões Pinochio, Setembro de 2019
“É com profundo pesar e desgosto que nós, alunos do Camões Pinochio, viemos aqui comunicar o ato esdrúxulo cometido na terça-feira (03/09). Membros da parte administrativa dessa renomada instituição deliberadamente reproduziram vídeos repletos de meias verdades e inverdades durante uma palestra no auditório do colégio, vídeos os quais possuem autoria de um canal notório por sua parcialidade. Todavia, essa nota não está aqui para debater política, de forma alguma.
Viemos através desse breve texto mostrar aos senhores diretores que nós não somos acéfalos que aceitam qualquer informação que é entregue às nossas mentes. Somos seres pensantes, a favor do debate, da democracia e da liberdade de expressão. A instituição deve ser reconhecida por seus grandes feitos na educação, não como uma instalação doutrinadora e totalitária. Não cometam a irresponsabilidade e imaturidade de serem cegados por suas crenças.
O que ocorreu no citado dia foi uma atitude ignóbil, uma tentativa descarada de manipular a História para alunos mais novos da instituição, através de vídeos político totalmente parciais. Esperamos que os diretores não cometam novamente o equívoco e a irresponsabilidade de deixar que a ideologia obscureça o senso do ridículo e que a instituição continue a incentivar os alunos a cumprirem seu dever como cidadãos de bem, mas não através da difamação e inverdades com marketing político barato e sim través do debate, como numa democracia.”