Juiz nem gente é! 

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Poesia do militante da Liberdade e Luta, Henrique Airoso.

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Juiz nem gente é! 

Acha que manda no povo trabaiado, 

meu avô, ousou, chegou lá e ouviu, me chama de doutor! 

Meu avô homem simples, bem educado, ao caso que responde: vossa excelência me desculpa, 

mas a culpa não é minha, 

dei milho ao pobre, 

dei cobre ao nobre, 

dei sangue ao mangue, ao mato, ao relato desse senhor, mas não não sei minha dignidade, 

pois sei se não me falte, 

se lattes tens, perdoa, mas na roça doutô só meu bom pai, que é curandeiro, 

home que veio do navio negreiro, ele do mar, ao ar, do lar, tirou-me.

Passar bem, além da lei que não lê, 

muito dá ao rico, o pobre fica nem com o que sobra,

o resto, indigesto, mata-me incrédulo, 

traficante não era, preto era, era eu, 

Um pobre coitado seu Zé.

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