Não ao golpe no Peru! 15/12 Jornada Nacional de Lutas

Pedro Castillo foi eleito contra Keiko Fujimori, filha do ditador Alberto Fujimori, no Peru em junho de 2021. Ele foi eleito em um contexto de instabilidade e polarização política. Cinco dos últimos presidentes do país foram julgados por corrupção, as instituições burguesas estão podres até os ossos e seus representantes são odiados pelos trabalhadores.

Em novembro de 2020, uma manifestação foi duramente reprimida, levando a morte de dois jovens, entre outras centenas de feridos. Esse foi o estopim da crise que levou a que 11 dos 18 ministros abandonassem o governo. O desfecho final foi que a pressão popular levou a renúncia do então presidente como caminho encontrado pela burguesia par acalmar as massas.

É esse o contexto anterior da eleição de Castillo, que ficou conhecido por dirigir uma greve de professores em 2017. Durante sua campanha, utilizava slogans como “chega de pobres em um país rico”. O partido que ele faz parte “Peru Libre” se define como “marixsta-leninista-mariateguista” e usava abertamente a palavra socialista em sua propaganda.

“Na plataforma eleitoral, defendeu a nacionalização do gás natural e propôs a revisão dos contratos com as multinacionais para que, em vez de ficarem com 70% do lucro e deixar 30% para o Estado, seja o contrário. Com este dinheiro, se propõe a financiar um programa de investimento em serviços públicos, dedicando 10% do orçamento nacional à educação, e garantindo o direito à saúde.”

Uma de suas propostas era uma nova Constituinte. Contudo, o presidente foi eleito junto a um congresso com uma maioria de oposição. Seu partido, Peru Libre e Juntos por El Peru – principal partido de apoio a Castillo – apenas tinham 42 dos 130 deputados.

Essa oposição da burguesia, reacionária e ligada a oligarquia, dificultou ao máximo a governabilidade de Castillo, apresentando moções para sua vacância e buscando retirar esse corpo estranho e retomar o controle direto de seu aparato de Estado. Foi nesse contexto que ele oferece à nação, no último dia 07 de dezembro, uma mensagem a nação anunciando a dissolução do congresso em resposta aos múltiplos ataques e obstáculos que eles colocaram ao seu mandato desde o início.

A burguesia responde com a reunião do parlamento votando a favor da moção de vacância e empossando Dina Boluarte como nova presidente. Em seguida, organizaram a prisão de Pedro Castillo e Aníbal Torres, seu ex-ministro. Esses desenvolvimentos são expressão da política limitada do reformismo de Castillo e de sua posição de conciliação de classes. Ao mesmo tempo, sua falta de confiança na disposição de luta levou a que tomasse essas medidas sem se apoiar no movimento de massas em luta.

É nesse contexto que uma série de mobilizações estão sendo convocadas no Peru uma Jornada Nacional de Lutas para o próximo dia 15 de dezembro. Suas principais reivindicações são “Eleições Gerais e Nova Constituição”; “Liberdade para Castillo”.

A Liberdade e Luta é solidária aos trabalhadores e jovens peruanos que buscam lutar contra o golpe reacionário da burguesia e oligarquia. Expressamos nosso apoio a Jornada Nacional de Lutas e as entidades que a convocam, contra o golpe da burguesia. Com a burguesia não se negocia, se mobiliza contra a direita, com organização e nas ruas.

Alertamos que é necessário buscar um caminho de independência de classe, visando a auto-organização dos trabalhadores e jovens em suas próprias organizações: sindicatos, entidades estudantis, assembleias populares e partidos. Não basta mudar o governo, tem que mudar o sistema! É preciso tomar o controle econômico e político do Estado e colocar abaixo todos os capitalistas, estatizar os grandes meios de produção sob controle dos trabalhadores, nacionalizar bancos, expropriar a oligarquia e estabelecer o monopólio do comércio exterior. E isso se faz com a mobilização das massas e com um programa socialista e revolucionário.

Nossa luta em defesa da classe trabalhadora e pelo socialismo é internacional. Por isso a Liberdade e Luta convoca a todas as entidades estudantis onde temos posições a aprovarem moções nesse sentido e a que jovens e trabalhadores se manifestem em solidariedade a luta contra o golpe no Peru, publicando em suas redes sociais fotos com as palavras de ordem “NãoAoGolpeNoPeru” e a marcar as redes sociais da Liberdade e Luta (@LiberdadeLuta) no Instagram (@SouLiberdadeeLuta) no Facebook e (@LutaLiberdade) no Twitter. Pedimos para que marquem também a FEP (Federación de Estudiantes del Perú – FEP): https://twitter.com/FEP1916

Abaixo indicamos algumas leituras para aprofundarem-se sobre a conjuntura no Peru:

https://www.marxismo.org.br/peru-esquerda-vence-eleicoes-em-meio-a-polarizacao-politica/

https://www.marxismo.org.br/pedro-castillo-entre-a-reforma-e-a-revolucao-no-peru/

https://www.marxismo.org.br/peru-protestos-estado-de-emergencia-e-a-crise-politica-do-governo-de-castillo/

https://www.marxismo.org.br/mariategui-e-a-revolucao-permanente/

https://www.marxismo.org.br/um-apelo-urgente-a-mobilizacao-nas-ruas-para-deter-a-direita-do-peru/

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