Nosso balanço sobre as eleições para o DCE da USP

dce-junho-menor.png

dce-junho-menor.png

                                                                Imagem: www.dceusp.org.br

Entre os dias 5 e 7 de novembro ocorreram as eleições para o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP. Ao todo, foram 8 chapas que concorreram ao processo eleitoral, sendo que a chapa Nossa Voz: A resistência da educação  (composta pelo Levante Popular da Juventude, alguns setores do PT, como a corrente O Trabalho, e a UJS) é reeleita com 4150 dos votos, com um quórum de 7174 votos. O quórum diminuiu em relação ao processo eleitoral de 2018, onde foram contabilizados 8157 votos, em que a mesma chapa também reeleita, ganhou com 4811 votos.

O processo eleitoral foi marcado pela falta de ampla divulgação para a inscrição de chapas, o que prejudica os estudantes que estão interessados em participar do processo e que não estão diretamente ligados aos grupos políticos, tornando o processo pouco democrático na prática. A diminuição do quórum da votação também é expressão dessa tentativa de esvaziamento político por parte da direção do DCE e da desconfiança dos estudantes em relação às organizações políticas de modo geral. No total, são 60 mil estudantes de graduação na USP, o que significa que aproximadamente apenas 14% dos estudantes participaram do processo eleitoral.

A Universidade dentro do contexto nacional e internacional

Uma onda revolucionária varre o mundo. As mobilizações que ocorrem no Chile, Equador, Líbano, Iraque e Hong Kong são exemplos de uma insatisfação geral com o sistema, apesar das particularidades de cada lugar. Seja contra o aumento das taxas do Whatsapp no Líbano ou contra o aumento da tarifa do metrô no Chile, qualquer motivo pode ser a fagulha para uma explosão social, onde os governantes não conseguem manter a estabilidade como antes e a classe trabalhadora  começa a se organizar em assembleias e comitês, como no caso do Chile, apesar do constante  bloqueio das atuais direções sindicais.

A situação do Brasil não é muito diferente. Bolsonaro cai em popularidade e a situação se complica ainda mais com a declaração do porteiro que relaciona Bolsonaro ao assassinato de Marielle, colocando em evidência a relação da família Bolsonaro com milicianos. Os cortes na educação, a reforma da previdência, o desemprego crescente, o aumento do custo de vida de modo geral e a decadência do sistema expressos no aumento da violência, do racismo, do machismo e de todos os tipos de opressões, são motivos suficientes para derrubar o governo Bolsonaro. Nesse sentido, a palavra de ordem “Fora Bolsonaro”, que já foi entoada nos últimos atos contra os cortes na educação e nas demais mobilizações, possibilita uma saída pré-revolucionária para a situação. As direções do PT, PCdoB, CUT e UNE freiam esse ímpeto, buscando acordos para uma reforma da previdência mais branda e cortes na educação apenas para as bolsas que não atingirem nota alta no CAPES, ao invés de exigirem e organizarem a greve geral pela revogação de todas essas “reformas” e para pôr fim a este governo.

A educação pública está sob fogo cruzado e a universidade pública é ferozmente atacada financeiramente e na sua autonomia. Embora não esteja no âmbito federal, a USP não vive na bolha e também é atingida pela atual situação de crise política e econômica, onde vemos cortes nas bolsas CNPq, falta de contratação de professores, falta de moradia estudantil, falta de creches, desvinculação do HU, medidas que fazem parte do sucateamento da universidade promovido pelo governo estadual de SP, que, por sua vez, está em sintonia com o governo federal.     

Propostas para a USP

Sete chapas se colocaram como “oposição” – a saber: DCE é pra lutar (Movimento Correnteza/PCR), Ação Subversiva, Um grito de rebeldia (PSTU), Pra poder contra-atacar (Faísca/MRT), Construir um novo tempo (correntes do PSOL e UJC/PCB) Fora Bolsonaro! Lula Livre já! (PCO) e Oposição Revolucionária (POR) – além da atual gestão reeleita do DCE (Nossa Voz: A resistência da educação).   

Com exceção das chapas Fora Bolsonaro! Lula Livre já! (PCO) e Oposição Revolucionária (POR), onde o Fora Bolsonaro aparece, nenhuma outra chapa disse claramente pelo Fora Bolsonaro.  Consideramos que na atual situação política, é necessário que o DCE Livre da USP, como parte da direção da maior universidade do país, e, portanto, pela sua história e influência política, deve encabeçar o Fora Bolsonaro. Ao mesmo tempo, nossa saída não é pelas vias eleitorais e por isso não apoiamos a chapa do PCO, cuja linha, no fundo, é o apoio à libertação de Lula (solto após o término das eleições para o DCE), para, no fundo, defender novas eleições e o apoio à candidatura de Lula. Nós sempre fomos contra a condenação e prisão de Lula pela Lava Jato, entretanto, não damos nenhum apoio à sua política de conciliação de classes, que prossegue mesmo após 580 dias preso, em seu discurso em São Bernardo do Campo Lula foi claro que é contra o “Fora Bolsonaro”.

A Liberdade e Luta mantém firme a bandeira de educação pública gratuita e para todos, presente na refundação da UNE, e abandonada por praticamente todas as correntes políticas que sucumbiram em apoiar a regulamentação do ensino pago, o Prouni, Fies, cotas, etc. Somente essa reivindicação é capaz de se conectar aos reais anseios da classe trabalhadora, ultrapassando os muros da universidade. Esta bandeira esteve ausente no material de todas as chapas. A barreira do vestibular é gigante e coloca milhões, especialmente os jovens negros e pobres,  fora da universidade todos os anos. Queremos que todos tenham acesso ao conhecimento acumulado pela humanidade e que a USP oferece. Por isso, dizemos por vagas para todos e educação pública gratuita para todos, em todos os níveis! Fim do vestibular!

Embora as chapas toquem corretamente na permanência estudantil na universidade, ela só será plenamente possível com todo o dinheiro necessário à educação, tanto no âmbito estadual e municipal, quanto no federal. E o dinheiro necessário para a educação existe, basta que não se pague a fraudulenta dívida pública, que consiste na transferência de dinheiro público aos banqueiros e especuladores. Esta foi outra bandeira ausente nos programas das chapas. A juventude do PCdoB, a UJS (que faz parte da atual gestão do DCE) há anos não luta contra a privatização do ensino público e foi conivente com a expansão do Prouni e Fies, ou seja, são favoráveis da transferência de dinheiro público para os grandes conglomerados da educação e aos banqueiros. Por isso dizemos não ao pagamento da dívida pública, todo dinheiro necessário à educação, não aos banqueiros!

Queremos a construção de mais vagas nas moradias estudantis da USP, mas isso só é possível com ampla mobilização. O CRUSP (Conjunto Residencial da USP) foi fruto de grandes mobilizações estudantis e é o que precisamos na atual situação para conquistar nossos direitos mais elementares, o mesmo vale para a contratação de mais professores. As direções possuem total responsabilidade de mobilizarem essa luta, colocando-se também contra o governo estadual, concentrado na figura do Dória.  

Todas as reivindicações destacadas estão conectadas com a derrubada do atual sistema, por meio de uma revolução socialista. Acreditamos que isso é plenamente possível, embora existam os freios das direções e da confusão que elas causam. Os exemplos internacionais mostram que o mundo está em ebulição, ao contrário da “onda conservadora”, o que vemos são demonstrações de que a juventude e a classe trabalhadora se movem cada vez mais de acordo com seus interesses. E isso é plenamente possível de acontecer no Brasil. E cabe às direções sindicais e estudantis, especialmente ao DCE da USP, estarem em sintonia com esse sentimento ou serão atropeladas pela luta de classes.

Conheça mais sobre nossas ideias e junte-se a nós para construirmos uma nova alternativa, revolucionária e socialista, para o movimento estudantil na USP!

Por mais contratações de professores concursados!

Por mais moradia estudantil! Mais vagas no CRUSP!

Pela reabertura completa e mais verba para o HU!

Por mais construção de creches!

Por educação pública, gratuita e para todos!

Fora Bolsonaro!

Pela revolução! Lute pelo socialismo!

 

 

Facebook Comments Box