O movimento social encontra Karl Marx
Os movimentos sociais fincam sua origem na Filosofia do Iluminismo do século XVIII. A partir do desenvolvimento da razão, de maneira independente da religião, a principal característica idealizada para os pensadores passou a ser a realização em vida daquilo que é possível de ser realizado através do progresso técnico e científico. Em suma, atingir a felicidade individual e geral.
A humanidade lançou então seu olhar para o futuro, imaginando uma sociedade com plena cooperação entre os indivíduos e um Estado que não fosse instrumento de coação de uma classe privilegiada. Esse ideal de sociedade reconciliada representou a ascensão da burguesia enquanto membro mais forte da terceira classe social (camponeses, artesãos e burgueses), mas fundamentalmente foi um reflexo da vontade dessa classe em acabar com sua exploração pelas primeira e segunda classes sociais (clero e nobreza, respectivamente).
Contudo, em contraste com a imagem ideal da sociedade colaborativa, o sistema econômico capitalista nascente trouxe consigo a pobreza nos centros urbanos, o aumento na jornada de trabalho, trabalho infantil nas fábricas, a prática de salários mais baixos quanto possíveis em nome da valorização do capital, entre muitas outras consequências. A decadência moral e biológica passou a ser a marca civilizatória da população economicamente ativa que dava origem a uma quarta e nova classe social: o proletariado.
Em resposta aos novos fenômenos sociais resultantes dos primórdios da industrialização, surgiram duas posições. A primeira foi o contramovimento do romantismo, que descartava as ideias do iluminismo ao culpá-las, em parte, pelo mal social, apresentando como solução um salto histórico para uma nova sociedade baseada em ligações coletivas comunitárias pré-capitalistas. A outra posição foi a do movimento social, que buscava concretizar as ideias prometidas pelo iluminismo, desenvolvendo-as através do estudo e da ação organizada. O ponto alto de todo o movimento social foi a teoria de Karl Marx. A marca de Marx na história do movimento social é tão profunda que é possível dizer que há o desenvolvimento teórico anterior e o posterior a sua obra.
Bibliografia:
Hoffmann, Werner. A história do pensamento do movimento social dos séculos 19 e 20. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro. 1984.