O papel da juventude na construção do Partido Bolchevique
“‘Lênin está rodeado de garotos’, os liquidacionistas costumavam dizer com desprezo. Mas, precisamente naquilo, Lênin via a grande vantagem do seu partido. A revolução, assim como a guerra, coloca necessariamente a principal parte de seu fardo sobre os ombros da juventude. O partido socialista que for incapaz de atrair a juventude não tem futuro.” (Stalin – uma análise do homem e de sua influência, Leon Trotsky).
Em 1903, quando o Partido Operário Socialdemocrata Russo (POSDR) se dividiu entre bolcheviques (maioria) e mencheviques (minoria), Lênin tinha 33 anos de idade. Ele já não era mais tão jovem, mas logo reuniu ao seu redor destacados quadros da juventude do movimento operário russo. Segundo Trotsky, essa geração era composta por pessoas cerca de dez anos mais nova que Lênin e se alistou na luta revolucionária na virada do século 19 para o século 20. Rykov, Zinoviev, Kamenev e o próprio Trotsky, entre outros, compõem esse grupo.
Em 1905 com a primeira Revolução Russa, seguida de sua derrota, milhares foram presos ou exilados. A perseguição aos revolucionários era grande e se intensificou nesse período. Os bolcheviques tentavam estudar o máximo possível enquanto estavam presos, e sempre que surgia a oportunidade, escapavam para logo voltar a se envolver com as atividades revolucionárias.
Lênin entendia a importância da construção do partido e do papel da juventude. Toda sua militância estava voltada para ganhar e formar esses jovens, ao mesmo tempo em que eles construíam o partido junto dele. Sverdlov, por exemplo, era conhecido nos círculos operários, possuindo certa autoridade entre os trabalhadores, já em 1905. Também desempenhou um importante papel entre 1912 e 1914 dirigindo o principal periódico Bolchevique da época, o Pravda.
“Os Bolcheviques aprendiam”, como relata Pierre Broué em O Partido Bolchevique, sempre aliando a teoria à prática. Eles estavam diretamente conectados aos trabalhadores. Foram formados no calor da batalha, nas greves, nas manifestações, e pela teoria marxista. Os “garotos” seguiam à risca uma das frases preferidas de Marx: eles “trabalhavam para o mundo”; e foram capazes de construir o partido que guiou a classe operária à tomada do poder em 1917.