Operação Calabar e a falência do capitalismo
A policia civil do Rio de Janeiro iniciou uma operação intitulada de Operação Calabar, que busca investigar e prender dezenas de criminosos ligados ao tráfico de drogas. A questão central é que esses criminosos são policiais militares que estariam “traindo” a corporação. Por isso o nome Calabar , que é uma figura conhecida da história brasileira por trair Portugal e se aliar aos holandeses em 1630.
Mais de 130 criminosos já foram presos na operação, entre policiais e membros das facções criminosas. Não nos esqueçamos que a polícia é o braço armado do Estado para reprimir a classe trabalhadora. E os casos de corrupção são apenas reflexo do cenário atual de crise do capitalismo, aonde todas as instituições burguesas estão se afundando na lama como sintomas que revelam a incapacidade da burguesia de sustentar suas bases de exploração.
O capitalismo está descendo barranco a baixo. Nem mesmo o discurso de ética, tão hipocritamente defendido por essas sanguessugas, funciona mais. E a classe trabalhadora está odiando tanto o sistema que, se depender da população, Temer e todo o Congresso Nacional deveriam ser varridos do poder. O judiciário também se desmoralizará diante dos escândalos que comete pisando nos princípios das liberdades democráticas.
A burguesia está entregando alguns de seus lacaios mais conhecidos (Cunha, Cabral, Temer), achando que, se entregar os anéis, poderá salvar os dedos. Não salvará. A burguesia não tem saída para essa crise que não seja arrancando direitos da classe trabalhadora, e por isso está entregando seus “bois de piranha”, para conseguir aprovar o máximo de reformas, antes de Temer cair. Como diz a bíblia: Um reino dividido não subsiste. E o reino da burguesia está dividido, nem entre a cúpula burguesa há unidade hoje. A briga está fazendo todos se entregarem, tentando se salvar, tentando amenizar as “penas”. Isso porque eles sabem que a punição da sua justiça é muito mais branda que a punição da classe trabalhadora em fúria.
A operação Calabar apresentou alguns absurdos como policiais que prendiam pequenos soldados do tráfico para depois “vender de volta” para os traficantes, ou para traficantes de facções adversárias. Em um dos áudios grampeados, um policial manda os traficantes irem “pra pista”, ou seja, cometer crimes como roubo, para que assim consigam dinheiro para pagar o “arrego” aos policiais.
Todo morador de favela conhece muito bem essa prática e muitas outras ainda mais arrepiantes e assombrosas. E sabem que quem denuncia sofre represaria, assim como morreram os que delataram os criminosos da operação Calabar. Com isso a credibilidade e as ilusões na polícia despencam.
Vemos que a polícia é sócia do crime organizado e o Estado é sócio das grandes empresas de drogas e armas. A operação Calabar está deixando bem claro que não existe tráfico de drogas e armas sem que haja a “autorização” do capital e do Estado. E quem mais sofre as consequências é a classe trabalhadora, em especial os jovens negros, que sentem as chicotadas mais dolorosas que esses sistema lança contra nossas costas.
Só no ano de 2014 foram mais de 42.291 homicídios por arma de fogo. E não é coincidência o fato de 60 % desse total serem de jovens e 70% do total serem negros. Essa é uma realidade que massacra da juventude negra, que mora nos bairros operários urbanos e rurais desse país.
A única saída é a nossa organização. A unidade da classe trabalhadora é o único método que garantirá nossa sobrevivência e garantirá nossas liberdades democráticas. A classe trabalhadora deve trazer a solução para a questão da segurança pública. Não podemos mais confiar nesse modelo de “proteção e pacificação” que apenas traz mais insegurança, violência e mortes. É preciso trazer o debate sobre a construção de comitês de autodefesa, organizados pelos trabalhadores e suas organizações de luta, elegendo seus próprios representantes de segurança comunitária. Não podemos seguir colocando nossas vidas nas mãos de uma instituição desmoralizada e falida, que é a polícia burguesa que temos hoje. Essa mesma polícia prendeu Rafael Braga em 2013, como bode expiatório das Jornadas de Junho. Onde as “provas” formam uma fraude pitoresca, tomando um produto de limpeza (Pinho Sol) como artefato explosivo.
É preciso reconstruir as bases da sociedade. E a revolução é nossa única arma para encerrar, de uma vez por todas, esse ciclo de violência em que se encontra o sistema capitalista.