Organizar a luta contra o governo Bolsonaro e pela revolução
Declaração do Acampamento Revolucionário 2019
O sistema capitalista fracassou. Vemos a expressão do estado terminal deste sistema em seu permanente ataque às condições da vida, e na completa falta de perspectiva, na desesperança da classe trabalhadora e da juventude.
No Brasil, a expressão da decadência geral da sociedade é o governo Bolsonaro. Um governo ultrarreacionário, abertamente pró-imperialista que incapaz de resolver a crise econômica irá aprofundá-la ainda mais com seu programa de privatizações do patrimônio e dos serviços públicos, da previdência até a saúde e a educação. Seu método é a repressão para fazer valer os interesses do imperialismo no Brasil. Bolsonaro e Paulo Guedes, Ministro da Fazenda, pretendem implementar uma reforma que fará da Previdência Social um mero instrumento de enriquecimento dos especuladores, aplicando o mesmo modelo da ditadura de Pinochet, onde a geração que se aposenta recebe, praticamente, metade de um salário mínimo.
Para enfrentar os ataques que virão, a juventude precisa lutar ao lado da classe trabalhadora, conectando a luta pela defesa de nossos direitos com a necessidade da luta por um mundo novo. É preciso lutar pela revolução!
Que governo é esse
Muitos foram os ativistas e movimentos sociais que assumiram a falsa tese de que a eleição de Bolsonaro significava a chegada do fascismo ao governo. Essa tese é a continuidade da falsa ideia de que uma onda conservadora tomou conta do país. Tese difundida pelo PT e CUT desde 2013, aprofundada com o impeachment de 2016, e chega ao seu ponto alto com a eleição de Bolsonaro. Para eles o fascismo cresce no Brasil e no mundo.
Essas teses buscam esconder a realidade que é o fracasso da política de conciliação de classes e dos governos do PT e seus aliados, como o PCdoB, que apenas serviram para enriquecer ainda mais banqueiros, empresários e especuladores enquanto distribuíam esmolas para os pobres. Essas teses têm o objetivo de esconder a falência política do PT e seus governos e tentar reagrupar atrás de si os movimentos sociais e ativistas e pressionar os partidos e organizações de esquerda no mesmo sentido.
Para nós, da Liberdade e Luta, é preciso ir mais a fundo para compreender a realidade, pois é dela que decorrem nossas tarefas e a organizar da resistência contra o governo Bolsonaro e o imperialismo.
O fascismo corresponde a uma forma de dominação do capitalismo, em sua fase imperialista, ou seja, em sua fase de decadência total, onde a reação em toda linha é a regra. Usado como última ficha da burguesia, em sua luta contra os trabalhadores, o fascismo corresponde ao aniquilamento das instituições democráticas, dos partidos e dos sindicatos, inclusive a eliminação física do que considere como oposição. Para se instalar, um governo fascista precisa de um braço armado, de um partido militarizado e armado constituído entre a pequena-burguesia e os trabalhadores desmoralizados, que perderam a confiança nos partidos operários.
Apesar de Bolsonaro sonhar com o fascismo, como se vê por suas declarações contra os vermelhos e comunistas, ele não dispõe de uma organização fascista com base de massas e nem mesmo essa é a opção da burguesia no Brasil e no mundo. Além disso, essa opção só é tomada como última ficha da burguesia, numa situação de crise revolucionária. Não há uma revolução em curso no Brasil. O que levou Bolsonaro ao governo foi a desilusão com o PT, a crise econômica gerenciada por Lula e Dilma, e o ódio popular contra todo esse sistema podre e suas instituições.
Para explicar Bolsonaro é preciso recorrer a um termo cunhado pela história, o Bonapartismo, que faz referência a Luís Bonaparte, presidente e depois imperador da França (1848 a 1870). O bonapartismo, hoje, na época do imperialismo, corresponde a uma fase do capitalismo de transição entre um regime de tipo democrático para um regime abertamente fascista. No bonapartismo encontramos traços como a resolução dos problemas sociais pelo uso da força, a personificação do Estado em uma figura central que busca aparecer como estando acima das classes (Tipo “O Brasil acima de tudo!”). O bonapartismo apenas surge em épocas de crise política e social em que a burguesia não consegue mais governar como antes e em que os trabalhadores ainda não conseguem tomar o poder. É uma situação de desagregação do regime e do Estado Burguês. Para garantir a ordem, então, a burguesia tolera um “Bonaparte”, que tenta aparecer como emissário da Providência (Tipo “Deus acima de tudo!” e governar pelo “Bem de todos!” (Tipo “O Brasil acima de tudo!” .
Os estados de capitalismo atrasado e dominado pelo imperialismo presentes na América Latina foram todos marcados por tipos diferentes da bonapartismo. Bolsonaro tenta ser esse bonaparte. Mas, é um tipo senil de bonapartismo, que não pode apresentar um projeto de nação soberana e nasce submisso e como instrumento do imperialismo.
Bolsonaro não tem compromisso algum com a classe trabalhadora, a juventude e o povo pobre em geral. É um governo para servir aos interesses do imperialismo. Representa o estágio da decadência do regime capitalista no Brasil, que vai se utilizar mais fortemente da repressão para sustentar suas políticas de ataque aos direitos sociais e trabalhistas. Mas, que também vai se defrontar com a resistência dos trabalhadores e da juventude.
Nossas tarefas
O capitalismo e esse regime podre e de crise não tem nada a nos oferecer. É preciso lutar pela revolução socialista! É por isso que milhões de trabalhadores se chocam com o sistema capitalista mundo a fora.
Os Coletes Amarelos na França, em 2018, cinquenta anos depois do Maio de 68, mostraram que uma luta contra o aumento do custo de vida a partir da elevação dos impostos nos combustíveis pode se transformar rapidamente em uma luta contra o sistema, como se evidenciou em faixas usadas pelo movimento exigindo a demissão de Macron, a dissolução da Assembleia Nacional e a abolição do sistema!
Expressão disso também são os professores de Los Angeles, no coração do imperialismo, os EUA, que entraram em uma greve com a participação de mais de 300 mil educadores, greve essa que não ocorria há 30 anos na categoria!
No Sudão, protestos contra o governo por conta do aumento do pão levam milhares nas ruas a protestar contra o governo de Omar Al-Bashir, reivindicando liberdade, paz e justiça e, pela primeira vez em 30 anos no poder, o governo é realmente ameaçado.
Na Índia, greve de dois dias teve adesão da 200 milhões de trabalhadores, afetando diversos setores da produção industrial, educação, setor bancário, ferrovias e rodovias. Lá os trabalhadores se mobilizaram contra alterações na lei que davam ao poder central possibilidades arbitrárias de reconhecimento dos sindicatos, um ataque a auto organização e à liberdade sindical dos trabalhadores, que mostraram bem como se defender em frente única.
Aqui no Brasil, uma pesquisa do DataFolha, publicada no dia 07/01/2019, mostrou que a maioria das pessoas defende a educação sexual e discussão sobre política nas escolas. A reforma da previdência é totalmente rechaçada pela classe trabalhadora, como ficou demonstrado nos últimos anos. E já a partir do dia 04 de Fevereiro os professores de São Paulo entram em greve contra o SAMPAPREV, a reforma da previdência na escala local.
A classe trabalhadora não está derrotada, a juventude não está derrotada, apesar da política traidora dos partidos como PT e PCdoB e da maioria das direções das grandes centrais sindicais e dos sindicatos. Uma nova geração de lutadores terá que tomar nas mãos as tarefas de combater esse governo entreguista e reacionário e abrir um futuro socialista para a juventude e a classe trabalhadora!
Nossa tarefa é construir a Liberdade e Luta como uma organização de jovens que lutam pela revolução e estar ao lado da classe trabalhadora em suas lutas, realizando na prática a aliança operário-estudantil. Organizar os jovens e trabalhadores nas portas das escolas, universidades e fábricas, com nossas campanhas.
Seguimos firmes defendendo a educação pública, gratuita e para todos, bandeira que a atual diretoria da UNE traiu em nome da regulamentação do ensino privado e da transferência de dinheiro público para as universidades privadas; Contra a privatização dos serviços públicos, especialmente encarnada na Educação, com a Reforma do Ensino Médio. E na defesa das liberdades democráticas, do direito de manifestação e organização, portanto, contra o projeto Escola Sem Partido.
No centenário da 3ª Internacional (Internacional Comunista, 1919-2019), produto da Revolução Russa de 1917, no centenário do assassinato de Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht (15/01/1019), mártires da Revolução Alemã, as lições que ficam é que sem um programa revolucionário e sem uma organização revolucionária com influência de massas, uma revolução pode ser perdida e o curso da humanidade alterado. Imagine por um segundo o que seria o mundo hoje se depois da revolução russa, a revolução alemã tivesse sido vitoriosa!
Está nas nossas mãos aprender e ensinar que o único caminho possível para nossa verdadeira emancipação, para nossa verdadeira liberdade é a luta por nossas reivindicações, em defesa de nossas conquistas e pelo socialismo!
Combater o falso nacionalismo, com internacionalismo proletário! O mundo é meu país!
Combater o capitalismo, com socialismo!
Combater o caos da vida cotidiana, com organização!
Combater a ignorância, com estudo da história, da política e teoria!
Não existem caminhos curtos para uma vida melhor, não existem atalhos e a luta é todo dia!
Abaixo o governo Bolsonaro, abaixo o capitalismo, abaixo o imperialismo!
Viva a luta da juventude e dos trabalhadores em todo o mundo!