Plenária final do Congresso da UNE e nossas tarefas
O Congresso da União Nacional dos Estudantes, que reúne milhares de jovens de todo o Brasil, poderia e deveria ser, principalmente no momento político e econômico que o país vive, um espaço para armar os estudantes na luta por educação pública, através da derrubada de Temer, do Congresso Nacional e a instauração de um Governo dos Trabalhadores. Mas, para a direção majoritária, que se interessa principalmente pelo maior aparelho do movimento estudantil brasileiro, mais importante que as resoluções políticas aprovadas na plenária de sábado (17/6) sobre Conjuntura, Educação e Movimento Estudantil (https://goo.gl/oerG6Z) é levar a maior quantidade de votos na plenária final.
Desde o processo de retirada de delegados nas universidades, até a formação das diretorias da UNE, a eleição é proporcional. O campo que dirige a entidade há anos – UJS (PCdoB), juventudes do PT, PDT e PSB – levou 79% dos votos, continuando majoritário.
Em entrevista ao Folha de São Paulo, a nova presidente eleita no congresso, Marianna Dias, militante da UJS, comemora a unidade que a esquerda atingiu nesse ano (https://goo.gl/bKHEKs). A unidade comemorada por Marianna é a dos aparatos, tentando restaurar a legitimidade das instituições odiadas pelo povo. A Liberdade e Luta entende que a frente única dos diversos grupos de juventude do país deve se dar por conta de um programa político em comum, em que marcham separados (com seus direitos democráticos de defenderem um programa próprio), mas golpeiam juntos os inimigos em comum.
O inimigo de todos os grupos que se manifestaram no congresso – com exceção da rechaçada juventude do PSDB – é Temer, o “presidente” decorativo e sem apoio popular, e as reformas previdenciária, trabalhista, do ensino. Para os grupos que compõem a Oposição de Esquerda, há outro inimigo que impede a derrubada dos primeiros: a burocracia instalada há décadas na direção da UNE.
Quando a direção da UNE deixou de primar pela independência da entidade, aparelhando-a nos governos, adotou métodos burocráticos de congresso e eleição de delegados para manter se manter no poder. Isso resultou numa política que traz o socialismo só no nome. A falta de confiança na combatividade da juventude e nas pautas radicais e, portanto, nas únicas efetivas – como a luta por vagas para todos no ensino superior público e gratuito, toda a verba necessária para a educação – afastaram a UNE dos estudantes, que mal a conhecem ou reconhecem nas universidades pelo país.
Em sua última ação como presidente da UNE, Carina Vitral evidenciou isso em, pelo menos, dois momentos. Ao lembrar da morte de Fidel Castro, Carina diz que a Revolução Cubana foi a maior revolução que o mundo já viu. No centenário da Revolução Russa, a ex-presidente e militante da União da Juventude “Socialista” ignora a história do movimento operário por sua emancipação, na melhor das hipóteses, ou a revolução que conquistou o poder democrático para a classe operária russa através do sovietes não serve como bom exemplo para as direções adaptadas do movimento estudantil.
Ao apresentar ao plenário a “Carta de Belo Horizonte”, cujo texto busca canalizar a vontade de derrubar Temer para as vias institucionais através do “Diretas Já”, Carina consultou somente os votos favoráveis, mesmo com grupos inteiros (LL, Correnteza, JCA) não votando e tendo defendido tese de conjuntura que falava em Governo dos Trabalhadores, e declarou aprovação por unanimidade. Essa é a noção de democracia dos dirigentes da UJS, que tanto prejudica o movimento estudantil brasileiro.
Para os jovens com desejo sincero de derrubar Temer e as reformas e colocar em seu lugar um Governo dos Trabalhadores, o único capaz de garantir para a juventude o mínimo de que necessitamos, nosso direito ao futuro, o congresso acabou com muito entusiasmo e muitas tarefas: Construir a Greve Geral do dia 30 de junho em cada cidade, escola, universidade e local de trabalho! Explicar que dias de paralisação não são suficientes para frear as reformas e já aprendemos isso observando a Grécia, por exemplo. É preciso uma greve geral por tempo indeterminado até a vitória.
A delegação da Liberdade e Luta aproveitou os quatro dias em Belo Horizonte para dialogar com os dez mil estudantes presentes nesse 55º CONUNE sobre a nossa tese, nossas pautas e as próximas tarefas. Voltamos para as nossas cidades com muitos contatos, aprendizados e disposição de construir um movimento estudantil democrático e forte, capaz de garantir nossos direitos. A liberdade é nossa meta, a luta é o nosso método!