Por que não há vacina para todos já?
“Porque não há vacina para todos já?” É a pergunta que, possivelmente, todos e todas já se fizeram… Num mundo com a capacidade produtiva que tem, por que todas as indústrias não produzem, em larga escala, vacina para imunizar toda a população mundial? A resposta pode ser encontrada no mesmo motivo de que também nem todos terem acesso à alimentação – apesar de a produção alimentícia ser maior do que se pode consumir: o que interessa é o lucro e não satisfazer necessidades humanas. Isso é o capitalismo!
Na corrida por quem lançava primeiro a vacina, busca-se o lucro, para vender mais, a preços mais elevados. Os governantes dizem que o vírus da Covid-19 é o inimigo a ser combatido, mas não o enfrentam de verdade, fornecendo vacinas para todos e liquidando com a pandemia. Se assim o fizessem, todas as indústrias produziriam em massa, haveria interrupção de serviços não essenciais, haveria cooperação para resolver as necessidades de todos; porém, não estamos no socialismo. O que os capitalistas fariam com as fábricas depois? Eles não têm resposta para isso, apenas pensam em desperdício e por isso não se implicam para realmente resolver o problema. Preservar vidas? Isso é secundário para o Capital.
Considerando a sabotagem da vacinação no Brasil e os grupos iniciais corretamente prioritários, a juventude está quase no final da fila. Isso interfere no direito à Educação, pois as aulas remotas são limitadas, muitos não têm acesso à internet e equipamentos para assistir às aulas, o que impacta no acesso ao Ensino Superior, aumentando a desigualdade social e a exclusão.
A juventude sofre amargamente com o desemprego, a informalidade, jovens negros de favelas são assassinados pela polícia, apenas uma pequena parcela da juventude tem acesso e permanência no Ensino Superior e muitos são forçados a renunciarem aos estudos para trabalhar. O sistema capitalista mostra que nada tem a oferecer aos jovens.
Para tentar explicar o problema da superprodução no modo de produção capitalista, pense no seguinte: imagine uma sociedade em que tudo é produzido pelas máquinas e robôs, uma sociedade em que não seria necessário o trabalho humano. Porém, novos valores são produzidos apenas pelo trabalho humano, a máquina não cria valor, dela não se extrai mais-valia, a máquina simplesmente transfere seu valor para o novo produto. As máquinas são trabalho morto, trabalho passado. Só o trabalho humano cria novos valores. Então, em uma sociedade totalmente mecanizada não pode haver extração de mais-valia, pois os trabalhadores não participam da produção.
No sistema capitalista, sempre caminhamos para uma maior proporção relativa de máquinas, instalações, tecnologia etc. em relação ao trabalho humano, ou seja, uma produção cada vez mais mecanizada e automatizada. Isso é uma contradição do sistema, pois quanto mais avança a tecnologia menos trabalho humano se faz necessário para produzir a mesma quantidade de mercadorias. O fato é que no mundo inteiro o capitalismo tem imposto diferentes formas de explorar os trabalhadores a partir de intensificar suas jornadas. O capitalismo tem se sentado em cima de pilhas de capital sem reinvesti-los em novas tecnologias, máquinas mais modernas etc. E quando o fazem, isso tem apenas o significado de explorar ainda mais o trabalho. No capitalismo, a produção é social, ou seja, com a participação dos trabalhadores, mas a apropriação da mais-valia é sempre privada, fica com os capitalistas.
Ou seja, vai se acumulando uma quantidade enorme de capital nas mãos das burguesias, enquanto os trabalhadores não ganham o suficiente para comprar mercadorias, mesmo as mais essenciais. É claro que hoje em dia não vemos um acúmulo de mercadorias nos pátios das fábricas, seus administradores seguram a produção, fazem suas previsões e buscam investir sempre abaixo da capacidade, o que não os faz deixar de seguir a lógica de superprodução e desperdício. O sentido disso é aumentar os preços, pois sabem que se produzem mais, os preços ficam menores. Porém eles não conseguem usar toda a capacidade fabril, as fábricas, hoje em dia, funcionam com 70 ou às vezes com 60% de sua capacidade. Hoje, a superprodução do sistema capitalista se expressa por esse acúmulo de Capital que não é reinvestido em novas fábricas; e as fábricas que já existem funcionam abaixo de sua capacidade.
No caso das vacinas acontece algo semelhante. Digamos que precisássemos de 16 bilhões de doses de vacinas para imunizar a população mundial. Se tivéssemos uma economia planejada, à medida que os cientistas estivessem desenvolvendo as vacinas, já poderíamos começar a erguer o parque fabril para produzir as vacinas, assim como preparar os insumos antecipadamente. Poderíamos, como exemplo, construir 16 fábricas gigantes espalhadas estrategicamente pelo globo terrestre, e essas fábricas poderiam produzir 1 bilhão de vacinas em um mês. E rapidamente imunizaríamos toda a população mundial.
Mas no sistema capitalista isso não faz sentido. A primeira coisa que as corporações pensariam seria: “O que fazer com essas 16 fábricas depois que a população mundial estiver imunizada?” Na ótica do sistema capitalista, isso é um baita desperdício, em uma economia planificada desmontaríamos essas fábricas e reaproveitaríamos suas peças em outros ramos industriais sem problema algum.
Em suas contas mesquinhas, os burgueses jamais agiriam assim. Vão produzir as vacinas com o dinheiro do Estado e na velocidade adequada a sua capacidade produtiva e buscando a maximização dos lucros. Isso se da por uma produção de vacina abaixo da necessidade, encarecendo os preços e realizando, na verdade, um verdadeiro boicote a vacinação mundial em massa.
Bem, falamos brevemente das contradições do sistema capitalista, da produção e superprodução e, ao mesmo tempo, escassez. O Capital pensa em lucro enquanto milhões morrem pelo vírus, por não ter acesso à saúde pública, por falta de vacina. Além disso, não coordena a produção e as enormes capacidades que temos para produzir vacina para todos. Dinheiro para isso não falta, recursos também não. Estamos vivendo a escassez de insumos por pura falta de coordenação e cooperação entre laboratórios, recursos e trabalhadores em nível global em tempos em que um modo de produção nunca foi tão desenvolvido na História. Essa falta de coordenação e cooperação é expressão do próprio capitalismo e sua essência de concorrência, ainda que num mundo cada vez mais interligado. Isso mostra a senilidade do capitalismo e a necessidade de lutar por uma nova sociedade.
Por isso, é importante que nos organizemos para que todo o dinheiro necessário seja investido na educação, ciência e saúde, que parem de pagar a dívida pública, interna e externa, para colocar o dinheiro nessas áreas, promover um seguro-desemprego digno a todos os trabalhadores e o fechamento de todas as atividades não-essenciais enquanto todos não forem vacinados.
Existem condições para isso, existem recursos hoje para vacinar toda a população, estender as pesquisas sobre o vírus, realizar tratamentos aos que foram recuperados, recursos para tratamento dos contaminados e milhões de jovens dispostos a adquirir conhecimento e aplicá-lo na área da saúde! Mas tudo isso, tem sido bloqueado e travado pelo sistema capitalista e por seus governos que colocam os interesses do capital a frente das vidas, que desprezam a vida dos proletários.
É preciso derrubar o governo Bolsonaro e construir um governo dos trabalhadores sem patrões e sem generais. E assim abrir caminho para uma economia onde a economia seja democraticamente controlada pelos trabalhadores e jovens e onde nossas necessidades sejam atendidas! Um mundo sem capitalismo!
Por isso, te convidamos a fazer parte dessa luta! Conheça e faça parte da Liberdade e Luta e da Esquerda Marxista