Por que o CEO da Cruzeiro do Sul aprova o governo Lula?
Recentemente, Fábio Fossen – CEO da Cruzeiro do Sul – explicou do seu ponto de vista que com Lula (PT) o ambiente para a educação tende a ser mais positivo, pois com ele “Há mais clareza e estabilidade para o setor [evidentemente o setor privado da educação], o ambiente tende a ser mais positivo”. Temos que compreender essa fala no contexto do governo petista, que investiu fortemente na educação privada no país, aumentando consideravelmente os lucros dos empresários da educação e criando os grandes “tubarões do ensino”.
A vitória de Lula nas eleições de 2022 simboliza a luta da classe trabalhadora para enterrar o governo Bolsonaro, a continuidade da luta contra a barbárie, superando a tentativa de fraude eleitoral que Bolsonaro (PL) tentou emplacar. Essa vitória lança mais esperança e ânimo entre a classe trabalhadora, que foi muito bem explorada pelo candidato vencedor, com promessas de resgatar o poder de compra dos trabalhadores, auxílios financeiros e mais investimento nas áreas da educação e saúde. A classe trabalhadora e a juventude foram as maiores vítimas não só do governo Bolsonaro, mas de Temer (MDB) antes dele, de Dilma (PT) e até mesmo do próprio Lula, com sua política de conciliação de classes. Esse é o contexto da fala do CEO da Cruzeiro do Sul, pois a vitória de Lula traz um problema que nunca foi vencido em todos os governos da democracia burguesa no Brasil: a privatização de setores públicos e o fortalecimento de empresas privadas, utilizando desses recursos públicos para fornecer de forma privada os serviços que para os trabalhadores e a juventude são essenciais.
Retrocedendo uma década e observando o efeito dos governos Lula e Dilma para a educação, notamos que a privatização da educação avançou em larga escala, embora tenha ocorrido a criação de novas universidades federais – com investimento muito abaixo do que seria necessário a atender toda a demanda, abrindo vagas em situação precária. Em comparação com os investimentos públicos no setor privado, via programas como FIES e PROUNI, o investimento na educação pública deixou muito a desejar. Os professores e os estudantes tiveram suas manifestações por educação pública e gratuita, com mais investimento na educação, marcadas por violência policial.
Os CEOs das universidades privadas e “grupos educacionais” de mantenedoras possuem ótimos motivos para se alegrarem com o retorno de Lula. Foi no governo do PT que se escancararam as portas dos cofres públicos para eles. Programas como PROUNI e FIES, na verdade, marcam a política de que o acesso à educação pelos trabalhadores não deve ser um direito, uma vez que nesses casos a educação é tratada como mercadoria e estímulo à competição entre os estudantes. Os vestibulares, por exemplo, continuam sendo um funil e uma barreira para impedir a entrada dos estudantes mais pobres, principalmente os negros, nas universidades públicas, sob o mito da meritocracia, uma vez que se coloca que os estudantes que são deixados de fora das universidades públicas não foram bons o suficiente.
Consideramos que os estudantes não têm nada a provar e que o acesso ao estudo superior sempre lhes pertenceu como classe trabalhadora, derrotar o bolsonarismo ainda está longe de significar um novo período de paz para os estudantes e professores. No governo Lula, devemos seguir na luta por uma educação pública e gratuita para todos sem qualquer distinção, pelo fim dos vestibulares e por vagas para todos em universidades públicas!
A menos de dois meses da posse de Lula, seu planejamento de governo já apresenta uma guinada à direita na área da educação. Sua equipe é formada em maioria por representantes de empresários do ensino privado, banqueiros e investidores, pouca é a representatividade para os trabalhadores e minorias étnicas e/ou raciais, organizações sindicais e estudantes como CNTE (Conferência Nacional dos Trabalhadores em Educação) e a UNE (União Nacional dos Estudantes) também foram deixadas de fora. O futuro governo Lula parece estar muito mais próximo do governo golpista de Michel Temer do que dos anseios dos trabalhadores e estudantes que o elegeram para derrubar Bolsonaro e sua política ultra liberal de cortes de direitos e privatizações.
O futuro governo Lula abraçou desde a campanha burgueses variados e representantes políticos de todos os espectros – em especial, representantes da burguesia, como seu vice Geraldo Alckmin (PSB) – já esclareceu que rumos o novo governo pretende tomar. Nem de longe revolucionários, mas de braços dados ao capital e ao imperialismo, a entrega da educação às mãos ávidas por lucro, corte de gastos e injeção de dinheiro público em instituições privadas em troca de uma porção ínfima de vagas para estudantes de baixa renda deve seguir, enquanto a maior parte da população seguirá amargando a total falta de acesso ao ensino superior.
A falta de representantes das vozes dos trabalhadores já profetizam um governo que será marcado por lutas intensas entre os trabalhadores e a burguesia, que se aconchega tão bem no seio de todos os governos até então. O enfrentamento seguirá, mas para a classe trabalhadora e a juventude, devemos continuar nossa organização e luta militantes, em defesa de um governo dos trabalhadores, sem alianças com a burguesia e o capital, sem patrões nem generais, na perspectiva da revolução socialista. Por isso, convidados todos os jovens estudantes e trabalhadores a conhecerem a Liberdade e Luta e a Esquerda Marxista e se juntarem a nós nesse combate!