Protestos em Hong Kong deixam cada vez mais evidente a luta de classes
Uma onda de protestos tem acontecido em Hong Kong, considerados por muitos como sucesso do capitalismo, um dos “tigres asiáticos” com grandes obras arquitetônicas e eficiente sistema de transportes com alto investimento tecnológico. Porém, todo esse desenvolvimento vem da exploração intensa de mão de obra chinesa pelo Ingleses desde 1842, quando Hong Kong foi conquistado pelo Império Britânico após a derrota chinesa na Guerra do Ópio. Naquela época, a desigualdade já era marcante e se acentua ainda mais com a crise econômica no evidente aumento do desemprego e no ataque aos trabalhadores, o que leva a um sentimento de revolta por grande parte da população, explicitando a luta de classes nas últimas manifestações.
Protestos que começaram em abril com as massas, maioria jovens, indo para as ruas contra a Lei de extradição proposta por Carrie Lam (Chefe do poder Executivo de Hong Kong), se acirraram depois da morte de um manifestante na noite de 15 de junho, quando subiu os andaimes de construção do Almirantado, o distrito onde a maioria dos prédios do governo estão localizados, para pendurar uma bandeira pedindo a renúncia de Carrie Lam e o cancelamento permanente da Lei de Extradição. Quando as autoridades tentavam removê-lo dos andaimes, despencou para a morte.
Em resposta, milhões de pessoas saíram às ruas, quase um terço da população de Hong Kong, e Lam suspendeu a Lei, pedindo desculpas aos manifestantes na intenção de preservar sua imagem, que já estava ligada à proposta e os protestos continuaram com uma forte demanda por uma greve geral.
No 1º de julho, dezenas de manifestantes ocuparam o parlamento de Hong Kong na comemoração do aniversário da devolução da cidade ao domínio Chinês em 1997, sendo reprimidos e expulsos pela polícia depois de quatro horas, causando grande instabilidade para o governo.
Na última quinta-feira, Carrie Lam disse que o projeto de Lei de Extradição estava “morto”, mas ainda não deixou claro se realmente havia sido revogado.
Lam ainda disse que é necessário “baixar a tensão”, pedindo a ajuda de toda a população para trazer o bem-estar à cidade. “Nossa missão é fazer com que os cidadãos tenham a confiança necessária em nosso governo”, acrescentou.
Além disso, afirmou: “Temos que ouvir as gerações mais jovens e de diferentes setores para saber o que pensam”, anunciando em seguida a criação de “uma plataforma para diálogo mais aberto” com universidades e estudantes.
Essas palavras mostram a força dos protestos que tem acontecido, principalmente em seu conteúdo e pelo sentimento de revolta incutido nas massas, além da instabilidade da burocracia que controla o governo.
Mas, infelizmente, as massas nessa etapa não têm a liderança que merecem. Embora a classe trabalhadora esteja cheia de disposição de luta, as organizações que lideraram os protestos desempenham o papel de dirigir o movimento para políticas incorretas.
Por exemplo, nenhuma organização representativa dos trabalhadores se esforçou em chamar uma greve geral para derrubar Carrie Lam e se colocar como uma liderança da classe trabalhadora para sua emancipação, apontando para luta revolucionária e pela tomada do poder pela classe trabalhadora.
Enquanto isso, o HKCTU (Confederação dos Sindicatos de Hong Kong) continua traindo os trabalhadores, pedindo um dia de folga para protestar como forma de luta, confundindo completamente a luta de classes inerente às greves e transformando-a em uma decisão individual e não em uma ação coletiva.
No entanto, a classe trabalhadora continua tomando as ruas em grandes manifestações, mesmo com a traição das direções. O movimento deve continuar e avançar.