Reforma trabalhista na Espanha, o “exemplo de primeiro mundo”

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Passados cinco anos, a reforma trabalhista espanhola mostra um cenário diferente do que prometia em 2012. Os empregos criados são precários e os salários menores. Segundo reportagem no Jornal El País, a nova geração de jovens, conhecida como Millennials, está desencantada com as perspectivas.  

A especialista em estratégias de trabalho para a geração do milênio, Ana Sarmiento, explica: 

  “Eles se sentem enganados. Prometemos a eles que se estudassem uma profissão, fizessem uma especialização e aprendessem línguas estrangeiras, teriam uma vantagem competitiva em relação ao trabalho. E agora temos jovens profissionais muito capacitados, com pouco emprego e baixa remuneração”. 

A promessa de horários flexíveis, alardeada como um dos avanços da reforma, mostra fragilidade ao ser aplicada. O espanhol Luis Alberto Santos (27 anos), citado pela reportagem, comenta a situação: “horários flexíveis que na prática eram fixos, lugares em que é mal visto sair no horário, normas de segurança que só são cumpridas caso haja uma auditoria ou uma visita importante”. 

A matéria fala em pactos rompidos. Segundo outro professor citado pela reportagem, uma empresa “pode” exigir que você deixe a alma no trabalho por 2.000 euros por mês, mas recebendo 700 ou menos e sabendo que podem te demitir no mês seguinte. Não é uma situação muito animadora. 

Millennial é uma geração dos nascidos entre 1981 e 1994. De acordo com a reportagem, o conceito tornou-se uma marca global. Esses jovens seriam a geração mais preparada da história. O texto os definiu da seguinte forma: 

… estão permanentemente conectados porque cresceram com a Internet e as novas tecnologias; o dinheiro não é sua prioridade; que o que buscam são experiências motivadoras com as quais possam crescer; que preferem trabalhar em empresas comprometidas com o meio ambiente e a sociedade; que não querem ouvir e nem falar de um horário das 9h às 18h, mas de modelos flexíveis e por resultados; que são empreendedores; que entendem como ninguém a nova economia, porque a vivem em primeira pessoa como consumidores do Uber, Airbnb, Wallapop...” 

As empresas espanholas fazem várias proclamações lembrando sobre os Millennials logo ocuparem as principais vagas no mercado de trabalho. Eles seriam responsáveis pelo fim do estilo autoritário de liderança, impulsionariam novo modelo de trabalho colaborativo e digital. Agora, a realidade parece muito diferente e desanimadora. A perspectiva dessa geração na Espanha parece ser tentar a sorte no exterior. Conforme dados do Instituto Nacional de Estatística, no primeiro semestre de 2016, emigraram da Espanha 47.784 pessoas. Boa parte dessa diáspora é de Millennials. 

A taxa de desemprego entre os jovens, apesar da reforma, também continua alta, aproximadamente 40% (no Brasil, que vive o seu recorde de desemprego, ela está em 27%). Isso gera graves consequências para a vida desses jovens. A idade média de emancipação é de 29 anos. A situação atual deles não tem nada em comum com a de seus pais.

A matéria é um recorte importante sobre como toda a propaganda do capital não passa de propaganda. Diante das crises do capitalismo, não importa o quão formado somos, todos passaremos pelo funil do desemprego. Os professores e intelectuais citados pelo jornal burguês El País parecem não entender o motivo das empresas estarem desperdiçando novos talentos. Isso não tem a ver com um atrito geracional, mas com o capitalismo. 

Nossos esforços individuais, por maiores que sejam, não nos garantem nenhuma estabilidade. A reforma aprovada no Brasil nos condenará a um futuro muito pior que o presente espanhol. A única forma de impedir essa situação é o fim do capitalismo, somente nos socialismo nossos talentos poderão ser aproveitados em prol da qualidade de vida e de uma sociedade melhor, não do lucro. 

desempresp

 

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