Reino Unido: Greves de estudantes por políticas climáticas exigem mudanças radicais – Nós precisamos de uma revolução!
O movimento Greve Estudantil pelo Clima (School Strike 4 Climate) começou em agosto do ano passado, quando uma estudante sueca de 15 anos, Greta Thunberg, fez campanha contra a inatividade do governo com relação as mudanças climáticas. As demonstrações rapidamente se desenvolveram de uma única militante, em um movimento de juventude global e organizado.
Como a estória da Greta tornou-se viral nas mídias sociais, greves e protestos se espalharam pelo mundo. Agora há mais de 70.000 estudantes fazendo greves toda semana, em pelo menos 270 cidades diferentes – com a tag #FrydaysForFuture(Sexta-feira pelo futuro)
Na fala dela para as Nações Unidas, Greta Thunberg declarou:
“[Nós] não viemos aqui para implorar para os lideres mundiais para se importar com nosso futuro. Eles nos ignoraram no passado e vão nos ignorar novamente… [Nós] não podemos salvar o mundo seguindo as regras… as regras precisam ser mudadas… Nós viemos aqui para que eles saibam que as mudanças climáticas estão vindo eles gostando ou não. As pessoas vão encarar o desafio.”
As greves se espalharam primeiro pela Austrália. Em dezembro do ano passado milhares de estudantes se juntaram na causa, maioria na Europa e América do Norte, incluindo Bélgica, Suíça, Japão, os EUA e Canadá. Desde o ano novo, eles tem se espalhado ainda mais por países pela África e América do Sul, com greves na Colômbia, Uganda, Nigéria, Tanzânia, Quênia e Mali.
Em 15 de Fevereiro, essas greves estudantis atingiram o Reino Unido pela primeira vez. Comitês foram criados em mais de 30 locais pelo país, coordenados pela Aliança da Juventude pelo Ambiente do Reino Unido (UK Youth Climate Coalition).
“Parece que as pessoas pensam que isto é um problema que pode ser resolvido outra hora,” declarou Zoe, uma estudante organizadora dos protestos em Bristol. “Mas não há outra hora.”
Essas greves têm sido amplamente apoiadas por acadêmicos, professores e seus sindicados. A Associação Nacional de Diretores no Reino Unido “aplaudiu” o ato dos estudantes. Na Austrália, sindicatos diversos como a União Nacional de Educação Superior, a União dos Bombeiros e a Associação dos Profissionais de Saúde dos Aliados Vitorianos tem demonstrado apoio nas greves estudantis.
Crise Existencial
É fácil entender porque o movimento se tornou tão popular: isto tem dado voz a toda uma geração que está profundamente desiludida com – e deixada de lado pelo – sistema atual.
Imagem: “Nós destruímos 83% dos mamíferos selvagens e 50% de todas as plantas. Referencia: The Biomass Distribution on Earth. Yinon M. Bar-on. Rob Philips e Ron Milo. PNAS 2018”
Essa geração, em todo o mundo, cresceu em uma época de austeridade e crise econômica onipresente, assistia em frustração como os governos vendiam seus futuros para os interesses capitalistas de formas incontáveis: desde taxas de matrícula até cortes em auxílios para jovens. Pensando a frente, tudo o que os jovens podem esperar do capitalismo é uma vida de dívidas e condições precárias de trabalho.
Não é de se admirar que os jovens tem pouca ou nenhuma fé nos grandes acordos governamentais quando se trata de proteger o futuro deles contra a vinda de uma crise ambiental catastrófica. Eles foram vendidos novamente – mas desta vez com consequências existenciais.
Mudanças climáticas – e a falta de habilidade de política institucionais de lidar com corporações responsáveis por isso – é uma prova descarada que o sistema capitalista vai sacrificar tudo e todos em nome do lucro.
Muitos estudantes entendem essa ameaça. Eles sabem que a mudança não será de dentro, ou reformando o sistema atual. Apenas soluções radicais e inflexíveis oferecem um caminho para a salvação.
Nós precisamos de uma revolução
Este movimento tem um grande potencial. É radical e organizado – Essas greves semanais #FrydayForFuture são deliberadamente coordenadas pelo mundo por um impacto maior, e está sendo usado para construir uma greve estudantil mundial em mais de 40 países simultaneamente no dia 15 de Março.
Mas para os estudantes serem vitoriosos, as exigências radicais ambientais demandam das greves estudantis uma aliança com os lideres dos movimentos dos trabalhadores, com o intuito de criar um movimento de massa de trabalhadores e juventude lutando por uma alternativa clara, corajosa e socialista para o sistema falho atual.
“Nós oferecemos solidariedade com aqueles que se juntam na greve estudantil e impulsionam a juventude que procura uma alternativa radical para juntar-se conosco na luta por uma revolução socialista / Imagem: Extinction Rebellion.”
O sistema Capitalista – e os políticos que o defendem – são responsáveis pela mudança climática e destruição ambiental. As tecnologias e recursos necessários para parar as mudanças climáticas claramente existem; o problema é que eles se entregam nas mãos de uma pequena elite.
Apenas quebrando com o lucro e planificando a economia com base nas necessidades básicas que poderemos dar um fim com a destruição do nosso planeta. Isto significa transformar os bancos e os grandes monopólios em propriedade pública, e por sobre controle dos trabalhadores. Com base num planejamento socialista, nós podemos não apenas sobreviver como espécie, mas prosperar como sociedade.
Nós podemos, e precisamos, lutar por um futuro genuinamente bom para a juventude: onde é garantido a todos uma qualidade de vida descente. E onde nós democraticamente e racionalmente planejamos produções a fim de encerar efetivamente as crises ambientais, econômicas e sociais que a humanidade enfrenta.
Nós oferecemos total solidariedade com aqueles que se juntam nas greves estudantis –no Reino Unido e internacionalmente. E nós impulsionamos a juventude que busca por uma mudança radical para juntar-se conosco para lutar por uma revolução socialista.
Veja mais fotos da manifestação:
Artigo Original: https://www.marxist.com/britain-student-climate-strikes-demand-radical-change-we-need-a-revolution.htm
Tradução de Jhonatan Salvador