Secundaristas da JCI defendem que UBES enfrente o Governo Lula, lute pelo #RevogaNEM e mobilize contra as privatizações
De 14 e 16 de junho ocorreu o 45° Congresso da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, o CONUBES, em Belo Horizonte. A JCI se fez presente no maior encontro de estudantes do ensino médio e técnico. Ele tem grande relevância em meio ao contexto que vivemos de cortes na educação pública, privatizações, parcerias público-privadas, escolas cívico-militares e ameaças constantes do sistema capitalista.
O CONUBES deveria cumprir um grande papel na mobilização dos estudantes nas escolas. Inclusive usando o próprio processo eleitoral de delegados. Porém, a nova direção, eleita com mais de 80% dos votos, mantém participação majoritária da UJS/PCdoB e PT em aliança com setores da direita como PDT, PSB, PP etc. Isso se deve à política de colaboração de classes, de defesa da democracia burguesa e do que chamam “do papel estratégico da UBES para o êxito do governo Lula”.
Como é possível enfrentar os desafios da educação brasileira com uma política submissa ao governo Lula, que se recusa a revogar o Novo Ensino Médio (NEM)? Que reduz investimentos da educação pública? Que não fez absolutamente nada para reverter o avanço das escolas cívico-militares? Que mantém a privatização das escolas como eixo central do NEM? Seria esse o programa que os estudantes precisam?
Após participar do processo eleitoral em diversas escolas Brasil a fora, concluímos que não. Vale ressaltar que, para alcançar uma votação expressiva, utilizam-se de métodos burocráticos. As eleições são fraudadas nas escolas, custos são pagos pela UJS parcialmente ou totalmente. Além disso, jovens delegados da UJS sequer podiam falar com nossos camaradas durante o evento, enquanto ocorriam várias atividades sem fins políticos durante o congresso.
Com cerca de 15% dos votos, a Chapa 2 composta pela UJR/PCR/UP, UJC/PCBR, Juntos, PSTU, PCB e JCI apresentou um programa de frente única que compreendemos ser acertado. Como eixos centrais desse programa, o enfrentamento ao governo pela Revogação do NEM e contra o avanço das privatizações.
Se por um lado, tal programa nos permitiu a unidade na ação, a frente única pressupõe a total liberdade de discussão entre seus componentes. Não podemos nos abster dessa crítica em relação ao programa da tese Rebele-se (UJR/PCR/UP), que encabeça a oposição com a maior quantidade de delegados eleitos.
O programa expresso nessa tese vacila em pontos fundamentais. Por exemplo, cedem à defesa abstrata de uma educação pública, gratuita e de qualidade. Como resultado disso, mantém uma posição contraditória entre a defesa da lei de cotas e o fim do vestibular.
Ao mesmo tempo, para se afirmar como oposição, os companheiros da UJR praticam métodos tão burocráticos quanto a própria direção majoritária da UBES. No IFSP campus Pirituba, na cidade de São Paulo, a comissão eleitoral indicada pelo grêmio (que é dirigido pela UJR) não divulgou de maneira ampla e democrática, para o conjunto dos estudantes, as datas do processo eleitoral. Em outras escolas, práticas de eleição ocorrem sem disputa de chapas. Foi o caso no Colégio de Aplicação e na Escola Aderbal Ramos de Florianópolis-SC, com processos dirigidos pela UJR.
É preciso avançar no programa e manter princípios de independência e democracia estudantil firmes. Temos que confiar nos estudantes e em sua capacidade de escolher o programa político radical que lhes permita mudar a vida.
Depois de anos, a JCI retomou sua intervenção no CONUBES com banca de materiais, panfletos, participamos das palestras e das votações da plenária final. Financiamos nossa participação de maneira independente, recorrendo a sindicatos e à arrecadação coletiva. Divulgamos nossa contribuição política, apontando um programa comunista para os estudantes secundaristas.
A experiência nos mostrou a realidade burocrática que domina a entidade. A partir do balanço político e organizativo, sacamos aprendizados para melhorar nossa atuação no CONUBES e na construção de um movimento estudantil secundarista revolucionário e comunista em nossas escolas.