UJS e PCdoB impedem moção de solidariedade internacional de chegar aos delegados no quarto dia do 60º Conune

O quarto dia do 60° Congresso da UNE (19), foi um completo escândalo político. O que deveria ser a abertura da plenária final foi, na prática, uma manobra grosseira da majoritária (UJS/PCdoB/PT/PDT/LPJ etc.) para impedir a participação da oposição e seguir controlando a entidade na base da exclusão e fraude.
A UNE anunciou em suas redes sociais que a plenária ocorreria às 9h. Mas o que se viu foi um dia inteiro de enrolação, a plenária só começou por volta das 17h. Para além disso, o local da plenária não foi informado oficialmente. Sem qualquer divulgação formal aos delegados eleitos, a plenária foi realizada no Goiânia Arena. Mesmo sendo uma tradição realizar essas plenárias em arenas, não orientar os delegados serve apenas para dificultar o acesso de quem não é das organizações, sobretudo, da majoritária.
Durante toda a semana, a majoritária principalmente dirigentes da UJS se negaram a receber propostas de moção apresentada por nós da Juventude Comunista Internacionalista. Desde sexta-feira, tentamos insistentemente registrar duas moções: uma em solidariedade a nossos camaradas paquistaneses, que estão presos e sendo torturados por lutar pela alimentação e educação. E outra por uma campanha da UNE pelo fim do vestibular. Ambas foram não apenas ignoradas, mas impedidas de serem apresentadas aos delegados. A resposta sempre foi “as moções devem ser apresentadas diretamente na mesa da plenária final”.
Mas ontem (19), quando buscamos a mesa para registrar a moção, nos foi dito que o prazo era “até ontem (18)”. Ou seja, a direção da UNE nos enganou durante vários dias para impedir que nossas propostas fossem apresentadas e votadas. Esse é um dos métodos da burocracia na UNE, uma direção que silencia quem discorda e boicota iniciativas de luta real.
Enquanto isso, delegados eleitos da Oposição foram barrados na porta. A justificativa usada foi de que o local da plenária não teria estrutura para comportar todos os delegados. Um argumento completamente fraudulento, pois toda a UJS entre outras forças da majoritária já estava dentro da plenária. Ou seja, queriam empurrar a oposição para um local em que a estrutura não era suficiente para os delegados eleitos. Uma fraude descarada.
Diante desse absurdo, publicamos um vídeo denunciando o que estava acontecendo, exigindo a participação da Oposição na plenária. No vídeo, também denunciamos o completo abandono da direção da UNE a qualquer forma de combate político real. Denunciamos ainda que, enquanto a oposição era barrada, a juventude da extrema-direita, que havia sido expulsa do congresso no dia anterior, já estava também instalada. Um absurdo! E encerramos dizendo o óbvio, a UNE não é propriedade da UJS/PCdoB nem do PT. A UNE é dos estudantes! Fora burocratas da UNE!
Após uma forte pressão feita por diversas organizações, a direção majoritária foi obrigada a liberar a entrada da oposição, que finalmente pode acessar o espaço. Mas o boicote às moções continuou.
Seguimos dialogando com outras organizações da oposição, como o PCBR e Juntos!, para termos uma ação comum nesse sentido. Mesmo com diferenças políticas e de teses, a ideia apresentada foi encaminhar juntos as moções fundamentais por meio da frente única, com o apoio aos presos políticos do Paquistão e a campanha da UNE pelo fim do vestibular.
A UJC e Juntos! aceitaram apresentar conosco a moção de solidariedade internacional. Mas, na hora de formalizar a pressão conjunta, fomos questionados por um dos dirigentes do Juntos! e do PCBR sobre não estarmos apoiando e votando junto as teses. Respondemos que não, porque se tratava de unidade na ação e que não deveria ser um requisito votar as teses para propor qualquer iniciativa conjunta na luta de classes. Diante disso, nos foi afirmado que, nesse caso, “ficava difícil” abrir espaço de fala para nós durante a defesa de teses. Apesar disso, seguiram afirmando que nos apoiariam a fazer chegar a moção até a mesa. No entanto, na fala do companheiro, nenhuma moção de solidariedade aos camaradas do Paquistão foi mencionada.
Aqui há uma tremenda incompreensão sobre o que é a frente única. Costumamos explicar que a frente única é marchar separados, golpear juntos, por um lado, e a unidade e independência da classe trabalhadora em defesa de seus interesses fundamentais, por outro. Quando nos dizem que é necessário assinar as teses para que possamos falar de uma campanha que excede o programa de qualquer uma das organizações que compõem a frente única, que diz respeito a um princípio dos revolucionários e socialistas – a solidariedade internacional – demonstram uma confusão mesquinha e uma incompreensão teórica profunda. Mantemos nosso total direito de organização própria, nossa liberdade de crítica em relação a essas organizações. Por isso, não assinamos as teses da oposição e não a compomos nesta edição do Conune. No entanto, a ação e comum é o que estava em discussão aqui, independente de como votam os delegados de cada organização. Marchar separados, golpear juntos. E aqui golpearíamos juntos a burocracia na UNE e os abutres imperialistas e reacionários que exploram, oprimem, prendem e torturam militantes socialistas e comunistas. Dialogamos inclusive com dirigentes da UJS sobre a solidariedade aos camaradas do Paquistão. Deveríamos ter assinado as teses deles também? Óbvio que não… Esperamos que os companheiros reflitam sobre essa lamentável confusão.
Continuamos pressionando por menasgens e presencialmente a mesa organizadora para que fosse encaminhado com as demais moções para votação. A resposta deles foi de que “as votações já aconteceram” e que, portanto, seria impossível. Depois de muita insistência, tivemos uma explicação de que para colocar uma votação emergencial no Conune deveria haver consenso entre todas organizações que compõe a direção da UNE. Perguntamos: essa moção foi apresentada em caráter emergencial? Quem não demonstrou aprovou e poderá ser responsabilizado por inação se nossos camaradas do Paquistão morrerem sob tortura?
Estamos no 60° congresso da UNE e uma moção de solidariedade internacional precisa de consenso burocrático para ser votada. E essa é a direção da majoritária na UNE, burocratas, autoritários, cúmplices de repressão internacional e completamente esvaziados politicamente.
Com relação a nossa proposta “Por uma campanha da UNE pelo fim do vestibular”, algumas organizações sinalizaram positivamente, no entanto, não houve nenhuma ação para que se fizesse chegar a maioria dos delegados. Algumas organizações chegaram a dizer que essa pauta já estava na resolução da oposição unificada. Não entendem que uma vez derrotadas as resoluções (o cenário que todos sabiam ser o mais provável) uma campanha pelo fim do vestibular ainda poderia ser apreciada, fora das teses. Aqui é uma incompreensão tática.
Seguiremos levando a frente esse debate tão necessário entre o conjunto dos estudantes, debate esse que consideramos ser essencial para a reconstrução do movimento estudantil brasileiro e o resgate dos princípios de refundação da UNE de 1979, condição fundamental para devolver a UNE aos estudantes.
Mesmo diante desse cenário absurdo, seguimos firmes na construção. Montamos nossa banca com nossos materiais, fizemos panfletagens, conversamos com dezenas de jovens e discutimos nossas teses. Conversamos com estudantes interessados em se aproximar da organização e construir conosco a verdadeira luta pela reconstrução do movimento estudantil.
O que está acontecendo no 60° congresso da UNE não é anomalia, é o resultado direto de anos de cooptação, aparelhamento e degeneração política. A direção majoritária na UNE não combate mais os ataques do governo federal, não defende os estudantes e não representa ninguém, além de seus próprios dirigentes burocráticos. Queremos uma UNE livre, independente, de base e socialista.
Quem somos?
Somos a Juventude Comunista Internacionalista (juventudecomunista.com), fração jovem da Organização Comunista Internacionalista (marxismo.org.br) que é a seção brasileira da Internacional Comunista Revolucionária (marxist.com). Estamos presentes em mais de 60 países, lutando contra o capitalismo e para abrir uma saída comunista para a humanidade. Temos um mundo inteiro a ganhar!
O que estamos fazendo no 60º Congresso da UNE?
Compreendemos que este espaço é privilegiado para debater com os estudantes perspectivas políticas da conjuntura, da educação e da organização do movimneto estudantil. O congresso é organizado através das eleições de delegados nas instituições de ensino superior, públicas e privadas, sob a base de documentos políticos. Estamos apresentando teses comunistas internacionacionalistas para o 60º Conune e mais que construir chapas, eleger delegados etc. nosso objetivo é aumentar as forças do comunismo na sua universidade! Você é comunista? Então, organize-se!
Passo a passo de como participar:
1- Leia nossas teses!
2- Você é comunista? Então, organize-se!
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