Uma realidade que só vemos depois que abrimos nossa mente

chaplin

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O texto que publicamos aqui é um relato que ilustra bem a frase: “A juventude é a primeira corda a vibrar ao som da revolução”. Bruna tem 16 anos, é uma estudante do primeiro ano de uma escola pública de ensino médio. Acaba de despertar para a luta política, depois de episódios de violência policial que aconteceram em seu bairro, na periferia de Joinville, SC.

Todos nós crescemos e esperamos ansiosos para o que vamos ser quando a época da faculdade chegar. Muitos de nós, procuramos algo que no futuro pague bem  profissões superestimadas, alguns têm apenas o sonho de sair da periferia. Outros querem continuar a nutrir esse sistema podre que toma conta não só do país, mas do mundo.

Muitos nem ao menos escolhem aquilo que realmente querem e gostam. Vai para o que gera mais dinheiro e por isso se torna monótono, uma rotina chata, um trabalho horrível. Nunca crescemos do jeito que queremos, apenas trabalhos, sem gosto algum pelo que fazemos. Além disso, nossa expectativa vai por água abaixo, pois nada é como parece ser. Por exemplo, se você quer ser um grande jornalista como aqueles que passam no jornal da Rede Globo, estuda, faz a faculdade e não consegue nem um bom emprego como jornalista local.

A taxa de evasão escolar no Brasil cresce e irá crescer cada vez mais, pelo simples fato de adolescentes de 14 anos começarem a ingressar no mercado de trabalho. A maioria dos jovens que conhecemos e que começam a trabalhar não aguentam estudar e trabalhar, mas de qual dessas opções eles irão desistir? De estudar ou de trabalhar? De estudar, obviamente, porque querendo ou não, o trabalho deles muitas vezes ajuda a família, principalmente na crise em que vivemos. Famílias inteiras desempregadas e jovens tendo que trabalhar para conquistar até mesmo o direito à comida. Esperando algum dia voltar a estudar, mas sem perspectiva desistem por completo.

O maior fator é a falta de oportunidades. Temos como exemplo o fechamento de escolas que vem ocorrendo na nossa cidade e no estado. Foram fechadas até agora quatro escolas e há mais dezenove na lista do governo. Querem que os alunos estudem em lugares mais distantes de suas residências, mas não ligam para as consequências disso. Estudantes com vontade de aprender sem oportunidade de ao menos chegarem à escola. Estudantes que trabalham o dia inteiro sendo realocados para escolas distantes de suas casas. É um absurdo! Enquanto fecham escolas, abrem presídios e se sentem orgulhosos disso. A taxa de violência no Brasil é enorme, porém, se essas pessoas tivessem a oportunidade de um estudo digno e a perspectiva de um bom emprego, essa taxa seria tão alta? Iriam roubar se não passassem fome? Se tivessem roupas para vestir? Uma coisa influencia a outra. Um estudo digno nos proporciona um futuro digno.

Outro fator que abrange nossa sociedade são as pessoas sem nenhuma perspectiva de vida. Como, por exemplo, o que aconteceu essa semana na cidade. Os moradores de rua que ficavam do lado do Bradesco, próximo à Praça da Bandeira, no centro, foram tirados dali. Eles já não tinham lugar para ficar, sem moradias, viviam ali porque era o único lugar coberto, não sabemos muitas vezes o porquê, mas muitos vieram da periferia, não tiveram estudos e desistiram por não terem perspectivas, por não terem chance de arrumar um bom trabalho.

Uma amiga minha me contou sobre um menino que mora num bairro periférico e pega ônibus todas as noites com ela. Ele vai até o centro todos os dias para vender balas de goma, não estuda, deixa de ter lazer, para ajudar os pais. Ou seja, sem perspectiva de vida alguma. Além disso, a prefeitura, com essa ideia de “limpeza”, quer tirar, também, as pessoas que fazem malabarismo no semáforo. Essas pessoas que, por conta do sistema, passam a ser tratados como escória pela sociedade. São vistas como animais por homens mais ricos, jogadas às ruas e julgadas constantemente por quem não tem a mínima noção do que é não ter uma perspectiva. E aí surgem perguntas como: “por que não vão para o abrigo?” Para essas pessoas que não fazem ideia, os abrigos são piores do que viver na rua, é mais um lugar deixado lado de pelo governo. Eis que deixo uma pergunta para você, caro leitor: Qual o sentido de viver em um mundo onde a desigualdade, intolerância, roubam da juventude as coisas boas da vida?

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