UnB fica, Bolsonaro sai! Para ter uma nova universidade, precisamos de um novo sistema!

Em 21 de abril de 1962, era inaugurada a Universidade de Brasília (UnB). Localizada na região central da ainda jovem capital, a UnB é fruto do ideário nacional desenvolvimentista que se fazia muito presente em uma fração dos intelectuais brasileiros durante os anos 1950 e 1960. Isso se exemplifica nos principais nomes responsáveis por sua edificação, o sociólogo Darcy Ribeiro que foi responsável por formular as bases para a futura universidade, o educador Anísio Teixeira que ficou responsável por formular o modelo pedagógico, e o arquiteto Oscar Niemeyer que foi quem realizou o projeto arquitetônico da universidade.

A universidade nasce com o objetivo de revolucionar o ensino superior no Brasil, empregando o que havia de mais moderno em pesquisas tecnológicas e uma produção acadêmica que pudesse transformar a realidade nacional. Para tanto, Darcy Ribeiro tinha a intenção de centralizar na capital do país as mais brilhantes mentes, que deveriam formar profissionais engajados nessa transformação, ou como ele escreveu, em A Invenção da Universidade de Brasília, “Eram mais de duzentos sábios e aprendizes, selecionados por seu talento para plantar aqui a sabedoria humana”.

A ideia de uma educação superior transformadora e libertadora está presente no plano orientador, documento escrito no ano da inauguração da universidade, trazendo às definições centrais para a nova universidade, que seriam as seguintes: “só uma universidade nova, inteiramente planificada, estruturada em bases mais flexíveis, poderá abrir perspectivas de pronta renovação do nosso ensino superior” 

Entretanto, por mais progressistas que sejam as ideias de uma nova educação, libertadora, voltada para o desenvolvimento do país, elas sempre serão boicotadas desde o princípio pelo sistema capitalista. Uma universidade realmente nova e libertadora só será possível a partir da superação do modo de produção capitalista com a construção do socialismo, onde a ciência e todo o conhecimento produzido pela humanidade estarão à serviço da classe trabalhadora e da juventude. Melhorias de condições, a universalização do ensino e outras pautas incluídas no nascimento da UnB devem compor um programa de transição para a nova sociedade, senão estarão fadadas ao fracasso. O próprio desenvolver histórico da UnB nos confirma esse prognóstico, desde o início, o Estado burguês tentou interferir na constituição da universidade.

Ainda em 1961, o então presidente João Goulart, através da Lei 3.998, autorizou a criação da UnB com as interferências do capital. Mesmo com o espaço para a edificação do espaço físico da universidade já ter sido reservado desde a fundação de Brasília, a poucos quilômetros da esplanada dos ministérios, as autoridades de todos os poderes do governo tentaram mudar o local e até mesmo boicotar a construção da universidade. O medo que esses senhores compartilhavam era o de que a juventude interferisse nos rumos da política do país.

Com o golpe civil-militar em 1964, esse medo se consolidou politicamente contra a UnB. Como a universidade da capital e devido a sua proximidade, ela deveria servir de exemplo para a juventude em todo o país. Acusados de subversão e sobre o pretexto de uma segurança nacional, estudantes, professores e demais trabalhadores foram perseguidos nos anos seguintes. As invasões a universidades se tornaram comuns, sendo a primeira nove dias após o golpe, realizada por tropas do exército e da polícia militar. Professores foram presos e interrogados e um interventor foi nomeado para o cargo de reitor, substituindo o até então reitor Anísio Teixeira. No ano seguinte, as perseguições se acentuaram culminando no episódio onde 223 dos 305 professores pediram demissão em protesto ao clima de terror que havia se instaurado nos campus. Assim, a ainda jovem universidade perdia a maior parte dos cérebros selecionados para construir a instituição de vanguarda idealizada por Darcy Ribeiro.

Mas a importância histórica da UnB não é apenas para a capital. A universidade é hoje a maior instituição de Brasília e, com exceção dos poucos institutos federais, é a única pública em um raio de dezenas de quilômetros. Desta forma, é responsável pela maioria das pesquisas científicas no Distrito Federal, se colocando entre as maiores universidades do país nesse quesito. A instituição comporta, segundo o anuário estatístico 2018, cerca de 50.000 alunos de graduação e de pós-graduação, mais de 3.000 funcionários, além de prestadores de serviço e 2.550 professores. Contando os visitantes, há um fluxo de cerca de 60.000 pessoas circulando todo dia na cidade UnB. Em sua estrutura, a UnB conta com, 8 decanatos, 12 institutos, 14 faculdades, 53 departamentos, 12 centros de pesquisa, 1 hospital universitário, 2 hospitais veterinários e 4 Bibliotecas, divididos por quatro campi por todo o DF.

Atualmente o método de interferência na constituição da universidade adquire uma nova face, são os cortes orçamentários que hoje colocam a universidade em uma situação crítica. Nos últimos anos, situações como falta de água, cortes de energia, como o ocorrido no início de 2020, que obrigou professores a suspenderam suas aulas, se tornaram comuns no cotidiano da universidade. Como anunciado no primeiro semestre deste ano pela reitoria, verbas destinadas ao investimento na instituição teriam que ser destinadas ao pagamento da água, da luz e dos trabalhadores em situação terceirizada. Isso significa dizer que a produção científica da universidade corre o risco de deixar de existir.

A intensificação dos cortes nas universidades públicas está relacionada ao governo burguês de Bolsonaro, que tem objetivo claro de destruir a educação pública, enquanto favorece os grandes burgueses do ensino privado e engorda os cofres dos bancos com o pagamento da dívida pública, aprofundando esta mesma política que é a realidade na Educação nacional nos últimos governos.

Portanto, para defendera educação pública, o primeiro e imediato passo tem que ser a derrubada do governo Bolsonaro. Este governo representa a decadência do sistema burguês, completamente podre e degenerado, onde nem mesmo os ditos projetos de desenvolvimento nacional, tal como os fundantes da UnB, são capazes de oferecer qualquer efetiva mudança. Isso também vale para a hipotética substituição do reacionário governo de Bolsonaro por um novo momento de conciliação entre classes, como foram os governos petistas.

Este é um momento crítico do capitalismo, que encaminha a humanidade para a catástrofe. Para defender a educação pública como direito e impedir o fechamento e sucateamento das universidades públicas a juventude e os trabalhadores possuem somente uma saída: a organização revolucionária na luta por uma Educação Pública, Gratuita e para Todos; que todo o dinheiro necessário seja destinado à educação, e não somente os 3% que são destinados atualmente e pelo fim do pagamento da dívida pública, , pautas que serão basilares para um programa de transição em defesa do Socialismo.

Por isso, convidamos todos os estudantes da UnB a participar da Campanha “Universidades Ficam, Bolsonaro Sai” e juntar-se à Liberdade e Luta!

Confira o texto do manifesto da campanha, envie a moção e entre em contato conosco!

Envie sua moção!

Sugerimos que sua moção seja encaminhada seguindo as seguintes orientações:

Título do e-mail: Universidades Ficam, Bolsonaro Sai! Pela recomposição do orçamento que destine todo dinheiro necessário a educação e ciência!

E-mails para onde enviar: contato@une.org.br, sen.rodrigopacheco@senado.leg.br, presidencia@camara.leg.br, comunicacao@anpg.org.br, souliberdadeeluta@gmail.com, cut@cut.org.br

Texto:

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mais antiga e maior universidade federal do país, anunciou no dia 12 de maio que corre o risco de fechar as portas na metade do ano devido à falta de verbas. Essa situação limite que assombra estudantes, professores, servidores e toda a sociedade é resultado de uma política privatista e reacionária para a educação que, em 11 anos, foi responsável por reduzir o orçamento do MEC para as universidades federais em 37%. Agora, diversas outras universidades já anunciaram o fechamento ou paralisação de suas atividades.

Diante desse cenário, exigimos que o orçamento 2021 aprovado pelo Congresso que cortou recursos da saúde e educação seja revogado e exigimos a recomposição de um orçamento para impedir o fechamento das universidades federais e que destine todo o dinheiro necessário à educação e ciência! A CUT, UNE e ANPG, o movimento estudantil e sindical, devem organizar uma ampla mobilização da juventude e dos trabalhadores contra o fechamento das universidades federais, para pôr abaixo o Orçamento 2021 e o governo Bolsonaro!

  • Universidades Ficam, Bolsonaro Sai!
  • Revogação do Orçamento 2021! Pela recomposição do orçamento que destine todo dinheiro necessário a educação e ciência!
  • Fim do pagamento da Dívida Pública! Todo dinheiro necessário à educação e à ciência, em todos os níveis!

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