Viva o 25 de abril!
Em 28 de maio de 1926, Portugal iniciou o processo de instauração de uma Ditadura Militar no país, que perdurou até 1928, com a ruptura da constituição portuguesa de 1911. Com o aprofundamento do caráter nacionalista, o governo passou a autodominar-se como Ditadura Nacional, que após o golpe, realizou eleição direta à presidência da República, obtendo a vitória de Óscar Carmona, buscando legitimidade nacional para elaborar a nova Constituição, que vai ser concretizada em 1933 com a Constituição do Estado Novo repleta de elementos fascistas.
O Estado Novo de Portugal foi o último país europeu a manter colônias na África, impondo guerras e mortes em Moçambique, Guiné e Angola, que só se viram livres das garras portuguesas após abril de 1974. A figura chave do Estado Novo português é indiscutivelmente António Salazar, o autocrata que ingressou aos cargos do poder nacional durante a Ditadura Militar de 1926, como Ministro das Finanças, até alcançar a posição de chefe do Estado português e obtendo a sustentação política por toda a elite nacional, incluindo a monarquia.
O Estado Novo português foi constituído, segundo alguns historiadores, com as influências do Integralismo Lusitano, da doutrina social da Igreja, assim como alguns aspetos da doutrina e prática do fascismo italiano corporativista. Dessa maneira, a Ditadura Nacional e Estado Novo foram os regimes autoritários, sem interrupções, de maior duração da Europa, mantando-se por 48 anos.
É com esse processo histórico que surge a comemoração do dia 25 de abril no qual estamos dedicando homenagens ao povo português, pois foi nesse dia, há 44 anos, que o salazarismo foi derrubado por meio do Movimento Pelas Forças Armadas e pela força e ação popular dos movimentos sociais e dos partidos político progressistas e de esquerda, com um aviso heroico e subversivo nas ondas sonoras da rádio católica de Lisboa, à meia-noite e vinte minutos de 25 de abril de 1974, quando começou a tocar a música até então proibida pelo regime ditatorial: “Grândola, Vila Morena”, do compositor Zeca Afonso. Esse era o sinal combinado com a população e as forças armadas para o início do levante militar em Portugal, gerando a Revolução dos Cravos.
Antes de 25 de abril de 1974, as opiniões contra o regime salazarista eram reprimidas pela censura e pela polícia, as prisões eram lotadas com presos políticos, os sindicatos controlados, as greves proibidas, a vida social e cultural restrita e vigiada pelo Estado e pela Igreja. Foi contra esse estabelecimento fascista e contra a guerra na África, pelas liberdades democráticas e por uma vida digna, que o povo português foi às ruas, colocou cravos nas armas, se desenvolveu como classe num processo de abertura política e social pelo fim da ditadura das elites nacionais.
A Revolução dos Cravos é um belo exemplo de que a juventude e os trabalhadores podem tudo realizar, pois somos capazes de transformar a sociedade. Nós, enquanto juventude, somos capazes e responsáveis pela chama da revolução socialista que colocará fim às explorações e opressões cometidas por humanos contra humanos.
A Liberdade e Luta defende a história da Revolução dos Cravos, defende a memória e a luta dos resistentes mortos e torturados pelas ditaduras portuguesas. Defendemos e nos organizamos pela liberdade e pelo socialismo internacional!
___
Segue abaixo a música que virou símbolo da luta popular portuguesa, declamada à plenos pulmões nas ruas lusitanas em busca de libertação:
https://www.youtube.com/watch?v=gaLWqy4e7ls