20 anos do Movimento das Fábricas Ocupadas: Cine-Debate na Etec de Franco da Rocha

No último sábado de novembro, 26, o núcleo da Liberdade e Luta – Franco da Rocha realizou o cine-debate com o documentário “Intervenção – Fábricas Ocupadas”, em comemoração aos seus 20 anos da ocupação das primeiras fábricas em Joinville-SC.

O encontro aconteceu na Etec – Franco da Rocha, durante a aula de reposição de Sociologia da Professora Mara Cristina, que nos convidou para exibir o documentário como exemplo de movimento social econômico no país, para a conclusão de um projeto com alguns dos temas mais importantes da matéria – que teve sua carga horária reduzida devido à Reforma do Ensino Médio – e que foi desenvolvido por um grupo de estudantes do 2° ano da Etec-Franco, ao produzirem juntos um jornal chamado FilosoTec com os temas que mais caem no vestibular, sendo a reprodução do documentário, parte do conteúdo de Movimentos Sociais.

Seu início foi marcado pela importante fala de Mara Cristina, onde foi destacado como um evento operário inédito no país, o movimento das Fábricas Ocupadas nascido em Joinville/SC, com sua impulsão inicial motivada por questões econômicas como um movimento social, passando mais tarde a ser um movimento também de cunho político, espalhando suas raízes por outros territórios nacionais, e expandindo posteriormente por outros países, como Argentina, Uruguai, Venezuela, EUA e Turquia.

Assistimos o documentário, dirigido por Flávio Damiani, que está disponível no YouTube.

O documentário mostra diferentes trabalhadores da Cipla, Interfibra (Joinville-Santa Catarina) e Flaskô (Sumaré-SP), do ramo plástico, e suas conquistas.

“Os trabalhadores e seus líderes falam das suas lutas, do dia-a-dia nas fábricas ocupadas, da redução de jornada de trabalho de 44 para 30 horas semanais, o acordo com o governo Chávez, da Venezuela, para construir uma fábrica de casas, a Petrocasa. Também narram o pavor durante a intervenção, todo o tipo de humilhação a que foram expostos, angustias e perspectivas.”

Descrição do documentário no YouTube

E em seguida foi aberto para o debate. Discutimos a adesão da população ao movimento, o possível impacto na mudança da grade curricular do curso de Engenharia de Produção, que até 20 anos atrás se utilizava de conceitos do Taylorismo e Fordismo e que passou a adotar uma grade mais voltada ao bem-estar do operário no ambiente de trabalho como forma de aumentar a produtividade.

O documentário mostra que, sob controle democrático dos próprios trabalhadores, os operários tinham felicidade em trabalhar, aumentavam sua produtividade, pois sabiam que seu trabalho não era para enriquecer um patrão e sim para eles próprios, para redução da jornada de trabalho entre outros benefícios que não tinham antes.

Durante o debate, também foi exibida a fala de um ex-trabalhador da Flaskô, que foi gravada durante uma visita da camarada Lucy Dias à fábrica, durante o período de campanha eleitoral. Nessa fábrica, foi realizado o acampamento de fundação da Liberdade e Luta, em 2016. Esta fábrica permaneceu o maior tempo ocupada sob controle dos trabalhadores, até que sofreu uma nova investida da burguesia para estrangular a produção: um corte de energia levou a interrupção da produção. Ao final do vídeo, todos bateram palmas comovidos pela mensagem de força e esperança que receberam. O vídeo pode ser visto aqui.

Participaram do debate militantes da Esquerda Marxista e Liberdade e Luta onde apresentaram o Jornal Tempos de Revolução e a Revista América Socialista edição 21° onde foram destacados os artigos de Serge Goulart (coordenador nacional do Movimento das Fábricas Ocupadas) e de Chico Lessa (advogado Comissão de Fábricas), que também aparecem no documentário, e realizaram a distribuição do boletim da Liberdade e Luta edição nº1, que celebra os 20 anos do Movimento das Fábricas Ocupadas.

Um dos camaradas que nasceu na cidade de Joinville/SC, relatou ser ainda criança quando ocorreram as ocupações das fábricas Cipla e Interfibra, e pôde contribuir no debate contando um pouco de sua experiência viva de acordo com suas memórias da época e outras reflexões sobre a situação política atual e nosso papel.

Todos foram convidados para assistir a live de comemoração dos 20 anos do Movimento das Fábricas Ocupadas que foi realizado no dia 03/12. Quem quiser ainda pode assistir as valiosas lições apresentadas por Serge Goulart (Coordenador nacional do Movimento das Fábricas Ocupadas) e com relatos de Adilson Mariano (ex-vereador em Joinville/SC), Onirio Martins (ex-trabalhador da fábrica ocupada Cipla), Rafael Prata (ex-trabalhador da fábrica ocupada Flaskô). Coordenação: Maritânia Camargo (editora da revista América Socialista – Em Defesa do Marxismo, responsável pelo Comitê Regional de Joinville da Esquerda Marxista).

Ao final do Cine-debate evidenciamos juntos a importância histórica que esse movimento da classe operária nos trouxe para os dias de hoje, deixando um exemplo de luta e conquistas através da organização coletiva, democratizando o controle de produção, demonstrando que sim, há uma saída possível para pôr fim a esse sistema burguês. Há um caminho a ser seguido, um novo mundo para ser construído, e esse caminho só poderá ser construído através das mãos do proletariado.

O resultado dessa luta consolidou não somente a garantia de seus empregos, a garantia do pagamento de seus salários e direitos trabalhistas, mas também um maior tempo livre para o descanso e lazer, além do aumento da produtividade, como também no plantio de diversas sementes que hoje ganham força para emergirem se tornando inspiração e exemplo de método de luta, pelo fim do capitalismo e imperialismo, por um mundo socialista, sem patrões, nem generais!

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