A Globo e sua tentativa de destruir o ensino público: não se resolve injustiça com injustiça em dobro

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glRecentemente foi publicado no jornal O Globo um dos artigos mais estúpidos da história da imprensa burguesa: Crise força o fim do injusto ensino superior gratuito. Quem quiser se deliciar com a cara de pau da burguesia pode acessar o link e ver os argumentos mais esdrúxulos do mundo, maquiados de caridade e apreço pelos mais pobres. A proposta é tão leviana que nem tiverem coragem de assinar o artigo.

É companheiros, a burguesia está desesperada.Suas pernas tremem de medo só de pensar no que a classe trabalhadora vai fazer quando se cansar da farsa que é o Estado Democrático de Direito.

O argumento do editorial do Globo diz o seguinte: já que estamos em crise e a maior parte dos estudantes que estão na faculdade pública são gente com renda alta, nada mais justo com os pobres do que cobrar por esse serviço.  No cenário político que estamos é até possível que alguns desatentos caiam nesse papo furado. Porém, a maioria das pessoas que estão em luta contra as recorrentes mentiras da burguesia repudiaram o artigo. Não vamos gastar muita energia aqui atacando esses pseudo-argumentos, pois esta batalha já está sendo travada por nós há muito anos. Para saber mais é só acessar nosso artigo que explica o Projeto de Lei do Senador Crivella. O PL está em tramitação e propõe a mesma alternativa: “Bispo Crivella sua má fé com a educação pública”.

O que queremos é dialogar com quem já está do nosso lado, com aqueles que já estão em luta contra todos os ataques que a juventude e a classe trabalhadora têm sofrido nos últimos anos.

Que a burguesia quer destruir o ensino público todos nós sabemos. Cada dia esse plano está mais evidente: Escola sem Partido, Lei da Mordaça, Desocupa, o novo PNCC, entre outras medidas para emburrecer cada dia mais nossas crianças.

Como reverter esse quadro?

Se por um lado muita gente está se colocando em luta pela educação através de greves de professores, ocupação de escolas, luta contra a Lei da Mordaça, debates sobre o PNCC, por outro lado nossas pautas ainda estão no campo da “reação”.Ou seja, estamos apenas reagindo aos ataques e ficando o pé pra dizer: não aceitamos nenhum direito a menos. Essa posição é corretíssima, porém, não apresenta uma perspectiva de avanço. O problemático dessa postura é que ninguém tem energia para lutar tanto tempo, ainda mais sem vitórias, e com o tempo iremos cansar.

É preciso arrancar direitos da burguesia, pois, se ficamos apenas nas “reformas” quando chega um momento de crise perdemos todas as conquistas que nos custou tanto suor e sangue. É justamente o que está ocorrendo no momento. Muitos de nós ficamos tão animados com os avanços do governo PT que gastamos mais energia “elogiando” do que cobrando mais.

As pessoas estão felizes com o aumento de pessoas no ensino superior, que quase dobrou nos últimos 10 anos. Porém, se esquecem de dizer que dessas 7,5 milhões de pessoas 80% estão na rede privada, pagando pra estudar.

Estão tão satisfeitos com as bolsas do PROUNI que esquecem de problematizar o fato de elas doarem milhões em isenções fiscais pra empresas privadas.Dinheiro esse que se fosse coletado como imposto e investido na educação pública geraria três vezes mais vagas.

Estão tão felizes em ter financiamento das mensalidades que esquecem de dizer que mais de 60% dos ingressantes da privada não conclui a graduação. E grande parte dos que pegam empréstimos, tais como FIES, não conseguem honrar com a dívida.

A verdade é que durante estes últimos anos de governo PT garantimos muito poucas conquistas sólidas pra educação Agora, com a crise, a maioria das “medidas emergenciais”( políticas reformistas) estão sendo arrancadas.

A pauta da universidade pública, gratuita e para todos quase desapareceu das bandeiras dos movimentos estudantis. A maioria trocou o “para todos” por “de qualidade”, como se não fosse possível ter vagas pra todos, então, devêssemos focar na melhoria das poucas vagas que temos. A UNE defendia essa pauta em 1979, em sua refundação após a derrota da ditadura. Hoje prefere defender PROUNI, FIES e cotas, já que não acredita mais na organização da juventude pela construção de uma nova sociedade, onde todos tenham o direito estudar.

É preciso que discutamos cada um desses elementos para nos armar contra os ataques que estão sendo diferidos e os outros vários que virão. O reformismo já deu todas as provas de que não pode resolver as questões que o capitalismo nos coloca. É preciso ousar, é preciso que a juventude e nossas pautas voltem a ser revolucionárias. Queremos educação pra todos sim em todos os níveis e em instituições públicas e gratuitas.

Não aceitamos apenas 7% do PIB pra educação, enquanto que mais de 35 % vai pra pagar a Dívida Pública. A educação merece todo o dinheiro que for necessário, não aceitamos as migalhas. Para ter mais dinheiro é preciso derrotar toda privatização que sufoca o ensino públicoChega do dinheiro do povo ser dado de mão beijada para as empresas que não entendem nada de educação e só querem saber de lucrar.

Não queremos que os jovens adoeçam mais por causa do vestibular. Quando houver vagas para todos não será mais necessário dividir os estudantes entre negros e não negros, indígenas e não indígenas, deficientes e não deficientes, etc. Chega de divisão e meritocracia, queremos igualdade de direitos. Queremos vagas pra todos os negros que queiram fazer universidade. Chega de políticas que apenas contemplam uma pequena minoria. A classe trabalhadora tem que ser maioria na universidade, para que de fato ela se torne popular. Fim do vestibular e vagas pra todos.

Apoiamos o Fora Temer! Temos que derrubar o Temer e todo o congresso nacional. Contudo, não fazemos coro com os que estão tão assustados com a ideia de haver um fascismo, uma ditadura, que estão limitando suas pautas a defender a democracia burguesa. Não defendemos o Estado Democrático de Direito, pois ele nunca representou a maioria. Defendemos uma assembleia nacional popular constituinte, defendemos um governo dos trabalhadores.

Se hoje o ensino superior é injusto isso ocorre porque não existem vagas para todos. Portanto, passar a cobrar por esse ensino não o tornará menos injusto, muito pelo contrário, irá potencializar a injustiça que é apenas menos de 5% da população do Brasil ter direito de fazer ensino superior sem pagar.

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