Combater a desilusão com organização! Lute pelo comunismo!

Este artigo é parte da nota interna da Juventude Comunista Internacionalista, fração jovem da Organização Comunista Internacionalista. Sobre a base dessa análilse, organizamos nossa atividade política e nossas tarefas. Você é comunista? Então, organize-se!
O sistema capitalista segue em crise, cada vez mais evidenciada na piora das condições de vida dos trabalhadores e da juventude. Neste cenário de crise, a divisão na classe dominante sobre manter sua dominação segue se aprofundando, por um lado, enquanto novas camadas de jovens são arrastados à luta pela força das circunstâncias: guerras, crises, “catástrofes climáticas”, injustiça, repressão policial, condições extenuantes de trabalho etc.
Uma radicalização cada vez crescente encontra expressões de luta organizada, como as manifestações, acampamentos e greves de solidariedade aos palestinos e o recente movimento na Sérvia, com várias ocupações de universidades, que culminou na greve geral e renúncia de seu primeiro-ministro.
Esses eventos demonstram a disposição de luta e o sentimento de vingança contra um sistema que nos arrasta para condições cada vez mais indignas de vida.
Expressando mais uma vez as contradições da luta de classes, durante a posse de Trump, Elon Musk fez uma saudação abertamente nazista. Ao lado desse gesto, estão as recentes declarações de Trump sobre anexações e sua política de imigração. Qual o significado?
Vimos no Brasil o mesmo fenômeno, menções mais veladas ou diretas ao nazismo no início do governo Bolsonaro, falas contra comunistas etc. O resultado foi uma busca mais acentuada por toda a juventude que não se identificava com ele pelas ideias do comunismo. Em particular a extrema-direita, que se sente mais confortável para se expor fora de seus bueiros, mas que não tem base de massas para se lançar a qualquer ataque sério contra as organizações da classe operária. Os adeptos da linha das frentes populares, isto é, da “iminência” do fascismo e da defesa da democracia burguesa e suas instituições, naturalmente, nada de sério podem dizer sobre isso, nem sobre como enfrentar esse “perigo iminente”, nem uma análise sóbria da realidade.
Para nós, isso significa que a polarização social deve se acirrar ainda mais. Ao mesmo tempo que muitos jovens e trabalhadores podem aderir ao demagogo nacionalismo de Trump e as suas promessas de fazer a “América grande de novo” e se desiludir rapidamente, outra camada também vai se radicalizar, buscando o oposto do que ele representa, isto é, as ideias revolucionárias, o comunismo, o marxismo.
As declarações sobre anexações, por sua vez, devem enfrentar o movimento real, a luta de classes. E nesse caso, há uma grande resistência da juventude contra as aventuras militares. O movimento pró-Palestina mostrou isso claramente. Além disso, suas políticas anti-imigrantes, ao passo que dão coesão a uma parte de sua base, também contribuem para inflar o sentimento anti-imperialista em toda a América Latina. Ao mesmo tempo que faz essas declarações, ele também tomou posse afirmando que iria “acabar com todas as guerras”, o que é uma hipocrisia mentirosa. Falaremos disso mais adiante.
Palestina e o cessar-fogo, o que esperar?
O acordo de cessar-fogo foi recebido com enorme alívio pelos palestinos que retornaram em massa para os escombros de suas casas. Nesse percurso, outros crimes sionistas ainda foram executados sob promessas de que após os 42 dias do acordo o massacre “voltaria com tudo”.
Após mais de 460 dias, o saldo mortífero é de quase 48 mil mortos, entre eles mais de 17 mil crianças, quase 100 mil ficaram feridos e quase 2 milhões foram forçados a se deslocar. Todas as escolas e universidades foram destruídas. Qual o significado desse acordo nesse momento? O que parou Netanyahu?
Há a pressão do movimento de massas internacional, que escalou seus métodos de solidariedade. Saindo de manifestações de massa em vários países imperialistas que apoiam Israel diretamente, para ocupações e greves nas universidades. Esse movimento passou a ser reprimido e refluiu. Contudo, a continuidade do massacre poderia reacender a ação dos jovens e com o aumento da repressão, engrossar a solidariedade arrastando os trabalhadores para a luta.
Por outro lado, os recursos enviados para Israel fazem falta em casa e os trabalhadores veem isso com impaciência e a classe dominante sabe disso. Apenas nos primeiros doze meses desde o 7 de outubro de 2023, a Casa Branca enviou US$17,9 bilhões ao governo sionista de Israel. Trump, apesar de seu discurso mentiroso sobre acabar com as guerras, acaba de entregar bombas de quase uma tonelada para Israel.
Mesmo com o cessar-fogo na Faixa de Gaza, as regiões da Cisjordânia ocupada continuam sendo atacadas e ainda há continuidade das ações de Israel no Líbano.
Para os palestinos, o alívio está mesclado com a incerteza sobre o próximo período. Afinal, sob o capitalismo os períodos de paz são apenas a preparação para outras guerras. Ainda assim, as imagens do retorno para a casa emocionam, mostrando que os palestinos não se sentem derrotados, pelo contrário, há uma resiliência diante de tamanha destruição e sofrimento que impressiona. As canções das crianças falam de revolução e de ter orgulho de ser palestino.
Lula, em declaração sobre o cessar-fogo, clamou por uma “solução duradoura que traga paz e estabilidade para todo o Oriente Médio”.
As condições para uma paz justa, democrática e duradoura, isto é, sem anexações e compensações, só podem ser encontradas sob a bandeira socialista. O capitalismo não tem o menor interesse em promover uma solução duradoura para as guerras regionais. Seus lucros e interesses imperialistas estão acima da cooperação e da convivência harmoniosa entre os povos.
Nem Trump, nem nenhum outro demagogo pode, sozinho, acabar com as guerras. Essa é uma questão da luta de classes. A burguesia, enquanto classe, necessita das guerras. É através delas que a burguesia expande seu capital para além das fronteiras nacionais. Para tomar mercados, zonas de influência, fontes de matéria-prima que pertencem a outros, a burguesia não utiliza apenas meios pacíficos, mas também os meios não pacíficos. As guerras, assim, tornam-se inevitáveis sob o capitalismo.
O proletariado, por sua vez, não tem interesse nas guerras promovidas pelo capital, que só significam a destruição das condições de vida e da própria vida. O proletariado, enquanto classe revolucionária em luta por sua emancipação, emancipará as classes da própria divisão de classes. Nesse sentido, a única guerra capaz de acabar com todas as guerras é a guerra de classes, a guerra da classe proletária para impor-se como classe dominante e tomar o controle do Estado e da economia para satisfazer suas próprias necessidades e não as do lucro.
Situação no Brasil
No Brasil, Lula mantém todos os seus acordos comerciais e diplomáticos com o sionismo Israelense. Mantém, portanto, a mão estendida para a continuidade do massacre durante e depois do acordo de cessar-fogo.
Ao mesmo tempo, Lula e Haddad enviaram o pacote de cortes para tramitação, que foi aprovado na Câmara dos Deputados. Apenas na educação, o corte é de R$42,3 bilhões no orçamento do MEC até 2030. Esse corte, associado ao atual cenário de sucateamento e o Novo Ensino Médio, deve ter como impacto a ampliação das parcerias público-privadas nos estados e um aprofundamento do quadro de deterioração das universidades públicas.
Uma das possíveis consequências desse corte de verbas é a redução da oferta de vagas nas universidades, bem como a precarização das políticas de permanência como moradia, bandejão. Isso nos coloca duas questões: o aumento das lutas pelas políticas de permanência nos campi, bem como a luta pelo fim do vestibular e vagas para todos nas universidades públicas. Essas pautas unificam jovens e trabalhadores que estão na universidade pública e os que foram excluídos delas, numa disputa direta pelo orçamento da União. Quem fica com ele? Os patrões, através do pagamento da dívida interna ou externa, ou os jovens e trabalhadores, via ampliação e melhoria dos serviços públicos?
Mesmo com indicadores de redução do desemprego e aumento do PIB, uma boa parte dos brasileiros sente que não há diferença nas condições de vida ou que a situação continua igual. Eles têm razão, substancialmente a vida dos brasileiros não está melhorando.
O aumento do salário-mínimo em R$106 (7,5%) passando para R$1.518,00 está muito aquém das reais necessidades dos brasileiros. O fato é que ainda não recuperamos o poder de compra do salário-mínimo do período pré-pandemia. O poder de compra real deve permanecer estagnado até 2026, analisam e o que mais pesa ainda são os gastos de sobrevivência básica, os custos dos alimentos. Segundo o IBGE, 60% dos brasileiros vivem com apenas um salário-mínimo per capita e esse mal-estar está praticamente refletido nos 61% dos brasileiros que acreditam que a economia do país está indo no caminho errado, como apontou o Datafolha em 31/12/24.
A piora das condições de vida se intensificou com a escala 6×1 e com o recente aumento dos preços das tarifas de transporte nas principais capitais. Os trabalhadores, muitos deles jovens, enfrentam jornadas extenuantes que não lhes permitem viver dignamente com suas famílias e ter tempo para o lazer, a educação e o descanso. Há uma ampla adesão a essa reivindicação, com quase 3 milhões de assinaturas na petição e um projeto de lei que recebeu aprovação para tramitar por causa da pressão popular.
Uma coisa é certa, nenhuma confiança nas instituições burguesas. A despeito de toda a mobilização que a luta contra o Novo Ensino Médio causou, quando essa pauta passou pelas portas do podre Congresso Nacional, ela manteve o central para a burguesia: a privatização da educação básica. Temos que aprender a lição, um projeto de lei em tramitação sem mobilização popular, comitês de luta, manifestações e mobilizações de massa, pode ser facilmente tragado pela burguesia e seus lacaios. Do nosso lado, continuamos a defesa da unidade na luta pelo fim da escala 6×1 e nos somaremos ao 3º ato de mobilização nacional pelo fim da 6×1.
Outro aspecto da luta de classes aqui no Brasil, difícil de engolir, são os preços das passagens de transporte. Um direito básico – de ir e vir – é violado pelo objetivo das empresas privadas e concessionárias que lucram em cima de licitações e do transporte coletivo, sem investir nada significativo para garantir qualquer melhoria no serviço prestado. É uma verdadeira afronta às condições de vida!
A combinação desse mal-estar econômico, com o aumento dos preços dos transportes, as privatizações dos serviços públicos é um barril prestes a explodir. Assim, o governo busca amenizar o mal-estar com certos programas, como o Pé de Meia para os estudantes do Ensino Médio, que ganhou uma versão para estudantes de licenciatura. Esses programas direcionados a uma camada bem específica, exatamente aquela que tem iniciado as mobilizações contra os cortes na educação e incendiado o país, demonstra uma grande preocupação com explosões sociais, justamente após o desfecho da greve dos servidores federais de 2024 que terminou com reajuste zero.
É nesse quadro, internacional e nacional, que desenvolvemos nossas tarefas como Juventude Comunista Internacionalista, fração jovem da Organização Comunista Internacionalista, seção brasileira da Internacional Comunista Revolucionária. Quais são as nossas tarefas?
Em primeiro lugar é preciso esclarecer, nosso objetivo é construir a organização, isto é, recrutar e educar novos membros em nossos métodos e tradições. Com esse objetivo, afiamos nossas armas teoricamente e intervimos na luta de classes, testando a nossa análise política e conclusões no movimento real. Assim, estabelecemos prioridades, de acordo com nosso tamanho e influência, definimos nossas táticas sobre cada terreno concreto, a partir do objetivo comum estabelecido. A situação política favorece nossa construção.
Entre nossos principais objetivos temos a necessidade de ampliar a nossa educação interna, intervir nas eleições de base para o congresso da União Nacional dos Estudantes e fortalecer nosso trabalho de comunicação, publicação e imprensa. De forma prática, continuam como nossos instrumentos centrais as campanhas, que usaremos em todas as frentes:
- Campanha “Abaixo a guerra e o capitalismo. Ruptura com Israel! Lute pelo comunismo”
Temos impulsinado, desde o ano passado essa campanha que visa pressionar o governo Lula a romper relações diplomáticas e comerciais com Israel. Aqui é central o uso do abaixo-assinado como instrumento de abertura de contatos, de recrutamento e de discussão. Você pode participar assinando a petição e pressionando sua entidade sindical ou estudantil a aprovar o texto dessa petição.
- Unidade na luta pelo fim da Escala 6×1!
Continuamos lado ao lado de trabalhadores e jovens que estão sendo esmagados pela escala 6×1 e pela pressão brutal imposta pelo capitalismo. Nesse sentido, consideramos fundamental a unidade e solidariedade entre os trabalhadores para pôr abaixo essa escala e efetivamente reduzir a jornada de trabalho sem redução dos salários. Um dia de mobilização nacional pelo fim da escala 6×1 foi convocado para dia 16/02. Desde já, organizar nossa participação e convite para os contatos é fundamental. Nossas bandeiras e palavras de ordem são:
Pelo fim da escala 6×1!
Pelo sábado e domingo livres!
Pela redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais, sem redução de salário!
Trabalhar menos! Emprego para todos!
Pela total revogação da Reforma Trabalhista de Temer!
Todos unidos pelo fim da escala 6×1! Pela anulação das expulsões no Movimento VAT e por democracia no movimento!
- Fim do Vestibular! Vagas para todos nas universidades públicas! Todo dinheiro necessário para a educação pública, gratuita e para todos!
Essa é uma posição histórica do movimento estudantil que foi abandonada pelas direções da UBES e UNE. Em lugar de defender a educação pública, gratuita e para todos e, portanto, o fim do vestibular, passaram a defender a regulamentação do ensino superior privado e as cotas. Nós defendemos o interesse dos trabalhadores em seu conjunto, todos que quiserem estudar, devem ter direito a uma vaga na universidade pública e acesso a todas as políticas para garantir a conclusão de seu curso. Essa é uma pauta fundamental que deve continuar sendo uma campanha política de agitação e propaganda de nossa organização e utilizada para agrupar e organizar jovens e trabalhadores.
Cada passo dado a frente, por mais tímido que seja, senta as bases para a organização que necessitamos construir. Por isso, camaradas, orgulhem-se de nosso programa, de nossa classe e de vocês mesmos, que chegaram à conclusão de que era preciso fazer alguma coisa diante do caos e barbárie provocados pelo capitalismo. Sustentar essa conclusão é difícil diante das condições mentais e materiais em que vivemos, mas não estamos sozinhos. É no coletivo que podemos nos apoiar para seguir adiante e enfrentar tanto os desafios pessoais como coletivos que estamos chamados a vencer para dirigir o proletariado em sua tarefa histórica de emancipação. Um excelente ano de trabalho coletivo a todos nós!
Você é comunista? Então, organize-se!