A Liberdade e Luta agora é a Juventude Comunista Internacionalista!

A dominação capitalista, baseada na exploração de uma classe pela outra, por meio da extração da mais-valia, tanto a absoluta (prolongamento da jornada de trabalho, expressa na jornada 6×1, reforma trabalhista, reforma da previdência etc.) quanto a relativa (aumento da produtividade, expressa na indústria 4.0, novas tecnologias etc.)  segue degradando as condições de vida da classe operária e de sua juventude.

O desemprego, os baixos salários, a absoluta precarização dos empregos existentes, somados à privatização e ataques aos serviços públicos, especialmente contra a educação pública, exacerbados pelo Novo Ensino Médio, atingem de maneira particularmente aguda a juventude no Brasil e no mundo.   

Em 2022, a dívida pública global atingiu o patamar de 92 trilhões de dólares! A dívida pública é o principal instrumento de dominação do imperialismo sobre os países atrasados. No Brasil, a dívida interna chegou a 7,8 trilhões de reais e a dívida externa a 575 bilhões de dólares, em dezembro de 2022. Muito mais que números, isso significa uma brutal exploração das condições de vida. Uma parte da mais-valia produzida pela classe operária é confiscada pelo Estado através de impostos sobretudo o que é produzido e consumido em benefício do capital financeiro e, ao mesmo tempo, para reduzir e impor limites aos salários indiretos (saúde pública, educação pública, assistência etc.) e as aposentadorias e pensões. As diversas leis aprovadas, desde a Lei de Responsabilidade Fiscal, passando pelo “Teto de Gastos” e o atual “Arcabouço Fiscal” no Brasil visam garantir este confisco sob o manto de “pagar os juros da dívida”. Realizam cortes nos salários indiretos nos orçamentos públicos, enquanto a Dívida, Interna e Externa, segue recebendo mais e mais fatias do orçamento anual.

Como numa máquina de moer cana, onde o bagaço é espremido de novo e de novo para liberar mais caldo, a riqueza produzida pelos trabalhadores é explorada e aprofundada pela dominação capitalista e imperialista a qual estamos submetidos.

A guerra na Ucrânia e as outras 29 guerras localizadas, mostram a verdadeira face do imperialismo: a destruição das forças produtivas, das condições de vida e da própria vida dos trabalhadores, jovens e da natureza. Até agora, foram destinados 2,24 trilhões de dólares para a guerra na Ucrânia. Os mesmos governos que despejam recursos na indústria de destruição, são aqueles que fecham escolas e hospitais, cortam previdência, assistência pública etc. Essa guerra não é a nossa guerra. Nenhum dos lados (Putin, Zelensky, EUA ou OTAN) representa os interesses dos operários e da juventude.

Enquanto a guerra continua na Europa Oriental, uma nova guerra se desenvolve no Oriente Médio: o Estado sionista de Israel lança bombas, mísseis e foguetes sobre a Faixa de Gaza.

Os palestinos são massacrados historicamente e cotidianamente, expulsos de suas terras, vítimas de leis discriminatórias, violentados e assassinados pelas forças repressivas israelenses, financiadas e armadas pelo imperialismo norte-americano. Porém, os métodos do Hamas e sua política, o fundamentalismo islâmico, não podem apresentar uma verdadeira saída para a libertação do povo palestino. Expressamos nossa solidariedade de classe ao povo palestino e exigimos o imediato fim dos bombardeios sobre Gaza. Apresentamos a necessidade da Intifada generalizada, a mobilização de massas contra o Estado repressor de Israel. Pela união de trabalhadores palestinos e israelenses por uma revolução proletária que estabeleça um Estado laico e democrático no território histórico da Palestina, pelo direito ao retorno dos refugiados palestinos às suas terras e casas, rumo a uma federação de repúblicas socialistas do Oriente Médio.

Como produto das guerras, aqueles que não perdem suas vidas nas trincheiras, defendendo interesses dos patrões, são forçados a abandonar suas casas e seus países, tornando-se refugiados e imigrantes ilegais e amargam a xenofobia, o racismo e toda sorte de sofrimentos. São 110 milhões de pessoas em todo o mundo vivendo nessas horríveis condições.

No mundo inteiro, os gastos militares da burguesia estão batendo recordes, aumentando o sofrimento da juventude proletária que sofre brutal opressão nos quartéis enquanto são preparados para serem buchas de canhão nas guerras imperialistas futuras. Quando não é isto, os gastos militares sugam recursos preciosos dos serviços públicos.

O sofrimento da juventude pobre é ainda mais intensificado pela traição das direções estudantis e operárias que os abandonam à sua própria sorte no enfrentamento aos governantes do capital por suas reivindicações. A maior parte das organizações tradicionais de juventude capitularam frente à hipócrita defesa da democracia burguesa, isto é, a ditadura do capital. Elas nada podem oferecer além de palavras vazias e a sabotagem ativa da disposição de luta e organização da juventude, sobretudo dos jovens mais jovens, os secundaristas, das escolas estaduais, técnicas e federais, filhos da classe operária, que enfrentam a degradação da educação pública e a ofensiva privatista do capital.

No plano ideológico, as organizações e direções tradicionais da juventude negam a luta de classes como motor da história e se concentram na defesa de grupos oprimidos da sociedade por uma política reformista referenciada em identidades, apoiando-se em autores patrocinados pelo imperialismo norte-americano.

Como produto direto da terrível crise orgânica do capitalismo, jovens no mundo inteiro estão assimilando com simpatia as ideias revolucionárias do marxismo e estão buscando uma saída para o horror capitalista na luta revolucionária para abrir caminho ao comunismo, uma sociedade sem Estados e sem classes sociais, onde toda a produção econômica seja planejada democraticamente para atender as necessidades coletivas e não os interesses privados de uma minoria parasitária.

Assim, se levanta uma nova geração de comunistas que já entendeu a necessidade de pôr abaixo o capitalismo. Essa geração não precisa mais ser convencida da necessidade de uma revolução, mas se coloca como vanguarda da luta proletária por um novo mundo. Essa nova geração quer saber como fazer a revolução!

É buscando nos conectar com essa nova geração que o 8º Congresso da Esquerda Marxista decide uma mudança em seu próprio nome. A Esquerda Marxista agora é Organização Comunista Internacionalista (OCI) e a Liberdade e Luta, que havia sido fundada por ela em 2016 na Fábrica Ocupada Flaskô – a mais longeva experiência do Movimento das Fábricas Ocupadas, agora é Juventude Comunista Internacionalista, a JCI.

Nos orgulhamos da história e da luta que desenvolvemos através da Liberdade e Luta. O resgate da memória e da história dos combatentes trotskistas dos anos 1970/1980 e seu enfrentamento à Ditadura Militar, lançando a ousada palavra de ordem “Abaixo a Ditadura!”.

A Liberdade e Luta foi fundada a partir do desenvolvimento  da campanha “Público, Gratuito e Para Todos: Transporte, Saúde, Educação! Abaixo a repressão!” que, por sua vez, foi um fruto das Jornadas de Junho de 2013, participando das ocupações de escolas em 2015-2016.  A Liberdade e Luta combateu o ilegítimo governo de Michel Temer e seus ataques levantando a palavra de ordem “Fora Temer e o Congresso Nacional!”; lançou a campanha contra a Escola Sem Partido e a “Lei da Mordaça” em 2017; desde 2017 estamos no combate pela revogação da reforma do ensino médio que foi a base do combate atual contra o Novo Ensino Médio; nossa campanha nos movimentos de massa “Ele não” em 2018 e a audácia em dizer “Fora Bolsonaro”, quando nenhuma outra organização o fazia em 2019 e todo nosso combate pela frente única em torno desse slogan; nosso combate por vacina para todos e em defesa das condições de estudo e trabalho durante a pandemia em 2020-2021; o combate de frente única para derrotar Bolsonaro em 2022 e um posicionamento firme pela unidade e independência da classe trabalhadora e de sua juventude  em relação ao governo de colaboração de classes de Lula-Alckmin. Acompanhamos e agimos em solidariedade à luta internacional de jovens e trabalhadora: a onda de revoluções e crises revolucionárias na França, Irã, Sudão, Chile, Peru, Bolívia, Hong Kong etc. Nossa posição intransigente contra as guerras imperialistas na Ucrânia e Palestina.

Ao longo desses anos, organizamos ativistas e militantes nos núcleos da Liberdade e Luta. Os núcleos foram escolas do comunismo para seus membros, onde organizamos discussões teóricas, históricas e conjunturais, organizando ações na luta de classes.

O momento atual é marcado pelo acirramento das contradições de todo o período anterior, particularmente pela polarização ainda mais acentuada da luta de classes. É isso que explica o crescimento da busca pelo comunismo entre a juventude. Assim, os núcleos da Liberdade e Luta cumpriram seu papel e devem dar lugar a uma nova forma, mais direta, de organizar, impulsionar e educar essa juventude comunista que está buscando respostas. Diretamente como a fração jovem de uma organização revolucionária, a Organização Comunista Internacionalista (Esquerda Marxista)

É desse balanço que surge também a necessidade de um novo nome. A Liberdade e Luta agora é a Juventude Comunista Internacionalista. Um nome que se conecta diretamente com esta juventude que se radicaliza e anseia por lutar por um mundo novo, um mundo comunista. E que compreende que o nacionalismo, a xenofobia, é a ideologia da direita e da extrema direita, fomentada pelo imperialismo para justificar suas guerras. Nós somos internacionalistas pois compreendemos que a classe trabalhadora é internacional e que a sua unidade é fundamental para pôr fim ao atual sistema. 

Todos os atuais membros da Liberdade e Luta, seus núcleos e todos os simpatizantes, ex-militantes, apoiadores etc. estão convidados a refletir sobre os argumentos que levantamos nesse documento e a compor a Juventude Comunista Internacionalista, expressão pública do trabalho de juventude da Organização Comunista Internacionalista, seção brasileira da Corrente Marxista Internacional.

A juventude está ansiosa por uma saída revolucionária e radical. É sob a bandeira do comunismo que ela encontrará as respostas que precisa. Nossa postura, na construção de nossa frente de juventude, é a absoluta flexibilidade na forma organizativa e a total firmeza na defesa das ideias, dos princípios e dos métodos da luta de classes.

Ao buscar a bandeira do comunismo, os jovens encontrarão diferentes tipos de organizações reformistas, centristas, esquerdistas ou direitistas. Algumas destas organizações agitam a bandeira do “stalinismo”, sem compreender que a sua política (socialismo em um só país, etapas para se chegar na revolução, frentes populares, esquerdismo, burocracia partidária etc.) é somente mais uma podre vertente do reformismo.

Pelo caminho, também encontrarão as seitas sectárias e autoproclamadas, bêbadas de ideias pequeno-burguesas, e perceberão que estas também não servem à causa que procuram. Cabe a nós explicarmos o comunismo e o marxismo, agindo como verdadeiros bolcheviques-leninistas.

Temos que devorar os livros, a teoria, a história, sermos os mais resolutos nas lutas de frente única pelas reivindicações concretas, e demonstrar a esses jovens a superioridade de nossas ideias e métodos. Convencê-los pelos melhores argumentos de que é sob a bandeira da Corrente Marxista Internacional, cuja base se encontra no Programa de Transição, fio de continuidade do marxismo, verdadeiro legado de Leon Trotsky, que eles poderão encontrar o que há de mais saudável no movimento operário comunista e colocar mais um tijolo na construção de um verdadeiro partido marxista com influência de massas, tão necessário à vitória da revolução proletária no Brasil e no mundo.

Você é comunista? Então, organize-se! Junte-se à Juventude Comunista Internacionalista!

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