Assembleia dos estudantes dos colégios ocupados do Paraná: A luta contra os governos e a burocracia estudantil continua
Os secundaristas reunidos em assembleia dia 26 de outubro, na escola Professor José Loureiro, em Curitiba, optaram por não recuar, mesmo sofrendo perseguições e ameaças. Com mais de 600 estudantes representando colégios do estado todo, os “ocupa” decidiram continuar na luta contra a nefasta Reforma do Ensino Médio e a PEC 241 do governo Michel Temer.
A assembleia foi convocada pela página no Facebook: Ocupa Paraná, organizada pela UPES (União Paranaense dos Estudantes Secundaristas). A entidade parece ter se camuflado atrás das redes sociais, devido ao rechaço de muitos estudantes das ocupações à forma oportunista de como atua. A criação da página foi uma manobra para tentar colocar sobre seu guarda chuva o movimento das ocupações.
Ao começar o evento, os membros da UPES e UBES (União Brasileira de Estudantes Secundaristas) disseram estar em busca de uma pauta “positiva” ou “conquistas” diante do governo estadual de Beto Richa. Para eles, era necessário abrir uma mesa de negociação com o Chefe do Executivo Estadual.
Essa proposta despertou muitas dúvidas entre os presentes, afinal o motivo das ocupações de mais de 800 escolas no Paraná e mais de mil no país é a MP 746 e a PEC 241, ambas, do governo Michel Temer. Independente da resposta de Richa, caso a Lei Federal seja aprovada, a reforma irá ser implantada no país. A luta impulsionada por muitos estudantes presentes deveria estar concentrada na construção de um movimento nacional.
Outro problema foi a organização da assembleia. Muitos estudantes propuseram eleger “ocupantes” para organizar e dirigir a assembleia. A proposta que foi rechaçada pela direção da UPES e da UBES. A presidente da União Nacional, Camila Lanes, segurou o microfone e durante toda a assembleia, e impediu a reformulação da condução dos trabalhos.
O atraso na assembleia em mais de cinco horas, o despreparo e a desorganização proposital dos dirigentes estaduais deixou a reunião sem “fôlego”. Tudo ficou muito exprimido em um curto período. Sobre a justificativa de garantir a participação de todos, a presidente da Ubes propôs votar três propostas “principais”, liberando quem precisava ir embora. Após o protesto de um grupo de secundaristas, foi votado o restante. Cerca de 20 propostas foram aprovadas.
A grande polêmica na votação foi a construção de um comando estadual e nacional para impulsionar as ocupações pelo país. Segundo Camila Lanes, “o comando existe, mas é secreto para preservar a segurança dos estudantes”. A justificativa não parece razoável aos secundaristas paranaenses, pois no cotidiano das ocupações eles têm enfrentado uma série de ameaças, perseguições e repressões, de cara limpa. Qual o motivo de uma assembleia dos ocupas não poder eleger um grupo de estudantes responsável por criar uma rede de comunicação entre os colégios ocupadas do Paraná? Qual motivo de não poderem eles mesmo organizar o movimento? A única justificativa para essa questão é o fato da União das Juventude Socialista (UJS) perder o controle do movimento secundarista. Durante décadas no aparato, organizando negociatas e fazendo acordos, eles perderam o chão na assembleia, quando não conseguiram impor suas propostas sem enfrentar resistência.
As Ocupações permanecem
Os estudantes defenderam por unanimidade a manutenção das ocupações, independente de qualquer questão. A justificativa da realização do ENEM utilizada pelo governo para jogar a comunidade escolar contra a ocupação não se sustenta. A prova, realizada em cerca de 200 colégios no Paraná pode muito bem ser direcionada para outro lugar, como irá acontecer com o segundo turno das eleições municipais, no qual a estrutura exigida é muito maior.
Propostas aprovadas
De acordo com a página do Ocupa Paraná, cinco foram as propostas centrais, apesar de vinte terem sido aprovadas e na assembleia somente três propostas terem sido colocado como “prioritárias”. Os militantes da Liberdade e Luta participaram da assembleia explicando que o centro do combate é nacionalizar a luta com uma greve nacional de estudantes e trabalhadores da educação. Um ataque nacional não pode ter uma saída regional. A experiência das ocupações no Paraná mostra a vitalidade do movimento. É preciso atrair as massas dos estudantes para as escolas para resistir aos ataques do governo, da direita e da imprensa burguesa. Assim o movimento terá plenas condições para alcançar seus objetivos.
Mesmo após toda a confusão, os estudantes têm clareza na tarefa de nacionalizar a luta e na unidade do movimento, assim como não irão abandonar as escolas. Apesar dos burocratas da UJS/UPES e UBES, eles conseguiram mostrar garra e força na luta.