Estudantes no Brasil se organizam contra Bolsonaro! Relato de Fiona Lali sobre Acampamento Revolucionário 2019

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100 anos após a fundação da Terceira Internacional, marxistas de todo o Brasil se reuniram em Florianópolis, em 4 dias de conferência discutindo teoria e planos para combater o governo Bolsonaro. Com convidadas internacionais da Grã Bretanha, Argentina e Canadá, o espírito do internacionalismo esteve presente firme e forte. Como marxistas, reconhecemos que o capitalismo é um sistema internacional, portanto nosso combate deve ser internacional ou não valerá de nada. Lenin e Trotsky reconheceram isso durante a Revolução Russa ao ver como a base para uma grande revolução mundial. É com esse legado que embarcamos na conferência.

Deu-se início com a discussão da conjuntura internacional. As convidadas da Grã Bretanha, Canadá e Argentina deram introduções à crise política que ocorre em seus países. Nenhuma situação pode ser separada da crise mundial do capitalismo. Mesmo um país como o Canadá, que conseguiu amortecer os efeitos da crise de 2008, está sendo rapidamente afetado junto a toda economia mundial. O alto preço do petróleo que tem sustentado por um tempo não pode mais proteger a economia, assim como em qualquer lugar onde vemos polarização na sociedade entre direita e esquerda. Estados como Ontario têm visto o surgimento de seus próprios “mini Trumps”, que desferem grandes ataques à classe trabalhadora e às minorias.

Na Argentina, o governo Macri ganhou as eleições em menos de três anos e começou a implementar um completo assalto aos direitos e garantias trabalhistas. Isso, combinado à dramática desvalorização do Peso, tem criado um terreno fértil para descontentamento social. Como em Agosto, o país estava paralisado com uma grande greve geral. Infelizmente, a liderança deste movimento era conservadora e se recusava a liderar os trabalhadores a uma greve geral. Combinado aos massivos protestos pró-aborto das mulheres no começo do ano, demonstrou-se o crescente repúdio na sociedade.

Naturalmente, o foco da conferência foi em como organizar o combate ao Bolsonaro. Ser jovem e marxista no Brasil significa ser o maior inimigo dele. Consequentemente, a Lei da Mordaça visa proibir que se ensine marxismo em universidades e escolas. Em seu primeiro dia de mandato, Bolsonaro imediatamente revogou os direitos LGBT’s e indígenas. Não há dúvidas que ele pretende aplicar um implacável ataque contra a classe trabalhadora e a juventude no Brasil através de políticas reacionárias. Porém, para entender sua eleição, é necessário identificar o que ele representa. Os marxistas do Brasil explicaram que apesar de ter suporte de grupelhos fascistas, Bolsonaro e seu governo não representam a ascensão do fascismo. Na verdade, há apenas 2 anos o Brasil viu a maior greve geral da história do país. A posição da classe trabalhadora no Brasil é forte e a juventude da Liberdade e Luta atua por conectar a organização dos estudantes com a dos trabalhadores para uma luta em conjunto. Toda e qualquer marcha ou evento pró-Bolsonaro que deram as caras nas universidades encontraram uma resposta superiormente expressiva, mostrando a real correlação de forças.

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“Uma das metas para tirarmos o Brasil das piores posições nos rankings de educação do mundo é combater o lixo marxista que se instalou nas instituições de ensino”.

Na véspera de sua posse, Bolsonaro twittou isso. No entanto, esses ataques vão nada mais do que estimular nossos esforços a construirmos nossas fileiras.

A Liberdade e Luta está se organizando nas universidades para entrar em ação contra essas medidas. Vão escrever artigos explicando o papel do judiciário e expondo o governo Bolsonaro como simplesmente o sintoma da crise do capitalismo. A resolução foi aprovada contra a proposta de cortes de Bolsonaro à educação. A Liberdade e Luta convocou a União Nacional dos Estudantes (UNE) a retomar seu passado radical e pressionar o movimento estudantil para um combate de classes contra Bolsonaro. Historicamente, a UNE desempenhou importantes funções no movimento operário em resistência à ditadura. Em comparação, sua direção atual se mostra pálida. Fora da UNE, os militantes da Liberdade e Luta produzem jornais em suas universidades como um meio de aproximar contatos interessados em ideias revolucionárias e em como superar esse sistema desesperado. A escolha entre socialismo ou barbárie não pôde ser mais clara.

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A conferência foi cheia de sérias discussões políticas, bem como músicas e atividades criaram uma atmosfera de insuperável otimismo. Enquanto reformistas caem em desespero com a ascensão de Bolsonaro, os marxistas entendem os passos necessários para nos livrarmos não só de Bolsonaro individualmente, mas de todo o sistema capitalismo em si. Acima de tudo, devemos construir uma organização internacional forte treinada nas ideias e tradições do marxismo para guiar os trabalhadores de todo o mundo à vitória.

Fiona Lali, Organizadora Nacional da Federação Marxista de Estudantes (MSF)

Tradução de Marcelo Pancher

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