Não ao retorno das aulas presencias no DF!
FOTO: Jovem Pan
O Distrito Federal encara o pior momento desde o início da pandemia. A cada dia temos um novo recorde tanto no número de mortes, quanto no número de infectados. Até o dia de produção desse texto (30/07), já atingimos a marca de 104.442 mil infectados e 1.444mil mortes¹. Desde o primeiro caso no dia 05 de março havia no DF um lento crescimento dos casos de covid-19. Essa lenta proliferação do vírus é muito por conta de uma postura vista por muitos como “responsável”, mas que na verdade era pura demagogia do governador Ibaneis Rocha que bem cedo impôs uma quarentena, suspendendo as aulas e os serviços não essenciais, porém não podemos nos iludir, um governo burguês sempre atenderá aos interesses da burguesia.
Nos três últimos meses, o governo de Ibaneis passou a refletir o posicionamento nacional de seu partido o MDB, que vem se aproximando cada vez mais de Bolsonaro e suas ideias. Aqui no DF isso se cristalizou na prontidão do governo a atender as ordens da burguesia varejista brasiliense, iniciando a reabertura do comércio. Primeiro, tivemos a reabertura dos shoppings em 27 de maio e depois, em 15 de julho, a reabertura das academias, museus, cultos, missas, além de parques, clubes, bares e restaurantes, movimento que acelerou os números de infectados e mortes em cinco vezes, como apontam os especialistas. O boom dos casos levou o DF a um quase colapso dos leitos hospitalares. Atualmente, a taxa de ocupação dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) chega aos 89,93%, somando leitos adulto, pediátrico e neonatal. Se isoladas apenas as unidades de atendimento adulto, a taxa sobe para 90,61% nesta quinta-feira (30/7)².
Na estratégia do governador Ibaneis, o próximo passo para a volta à “normalidade” é o retorno das aulas, na última segunda – feira (13/07), a secretaria de educação liberou o calendário de retorno às atividades presenciais³. Teremos um retorno gradual da seguinte maneira:
- 31 de agosto: início das aulas presenciais da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e da Educação Profissional;
- 8 de setembro: início das aulas do ensino médio;
- 14 de setembro: início das aulas dos anos finais do ensino fundamental, incluindo a Escola Parque da Cidade (Proem);
- 21 de setembro: início das aulas dos anos iniciais do ensino fundamental, incluindo a Escola Meninos e Meninas do Parque;
- 28 de setembro: início das aulas da educação infantil;
- 5 de outubro: início das aulas do ensino especial, educação precoce e classes especiais.
Para manter um suposto distanciamento social, a Secretaria de Educação optou por um modelo híbrido. Em que metade dos estudantes de cada turma irá à escola presencialmente em uma semana, enquanto os demais farão atividades virtuais ou impressas. Na semana seguinte, o sistema será invertido. A alternância irá até o fim do ano letivo, em janeiro. Porém segundo pesquisa realizada pela Universidade de Granada (UGR)⁴, ao pegarmos uma família média, composta por dois adultos e 1,5 filhos menores, e assumindo que há 10 alunos com um irmão na sala de aula e outros 10 são filhos únicos, no primeiro dia de aula cada aluno será exposto a 74 pessoas. Isso se não houver contato com alguém fora da sala de aula e da casa da família. Se o número de crianças na sala de aula subir para 25, o número de pessoas envolvidas aumentaria para 91 no primeiro dia e 1.228 no segundo.
Se usarmos essa proporção levando em conta as realidades nacionais onde famílias vivem em casas com 5 ou mais pessoas, e as turmas são abarrotadas onde os números chegam a até 40 estudantes, podemos mensurar o nível do problema que teremos. A volta às aulas durante o pior momento da pandemia no DF não encontra nenhuma justificativa que a sustente, mas então porque querem voltar as aulas presenciais?
Os ataques a educação pública têm como intuito transformá-la em uma mercadoria, para que como tal, seja possível a partir da sua comercialização a burguesia consiga obter montantes de lucro. Esse movimento tem colocado nosso sistema educacional nas mãos da burguesia nacional e internacional. Essa burguesia tem praticado durante a pandemia um discurso de necessidade da volta as aulas “para o bem do desenvolvimento de nossas crianças”, ou alegando que “não resistiremos muito mais tempo se as escolas continuarem fechadas”, essa pressão da burguesia sobre os seus lacaios do estado acabam arrastando para um retorno as aulas não só suas escolas privadas, mas também todo o sistema educacional.
Como eco desse discurso temos alguns pais que ao serem obrigados a voltar aos trabalhos de forma presencial não veem uma opção para deixar seus filhos, e acabam embarcando nessa defesa da volta das aulas presenciais. Em oposição temos muitos relatos de pais que não permitiram que os filhos voltem às escolas por medo e insegurança por conta da alta possibilidade de contágio, provocando altas taxas de evasão escolar. Assim, atrasando a vida acadêmica e, como consequência, o desenvolvimento de toda uma geração caso o retorno seja mantido. Ao nos depararmos com essa situação devemos ter clareza de que o único interesse e manter suas taxas de lucro, e devemos lutar por um direito a um isolamento absoluto para todos trabalhadores e seus filhos, com todas as condições necessárias para isso.
Quando pensamos nos adolescentes e principalmente nas crianças, vemos quão absurdo é essa volta às aulas, mesmo o secretário de educação, Leandro Cruz, garantindo que:
Tudo foi planejado detalhadamente e tomando todos os cuidados necessários. Nós testaremos os professores, cumpriremos todos os protocolos e teremos uma volta gradual e segura para toda a comunidade da educação. Teremos um retorno do processo educacional, mas de forma segura e absolutamente planejada.
Sabemos que o ambiente físico das escolas não permite o distanciamento, as salas de aula não são arejadas e o comportamento social de jovens e crianças não respeita esse limite. A infraestrutura das escolas para o retorno não pode se resumir a compra de álcool em gel e sabonetes. Apesar das crianças e adolescentes desenvolverem menos a doença, elas são vetores ativos de transmissão. O secretário fala em testar todos os professores, mas e os estudantes, seus familiares? Esses não precisam ser testados? Inúmeros estudos já nos mostram que as crianças costumam ser assintomáticas, ou seja, têm o vírus e não manifestam nenhum sintoma. Dessa maneira, é necessário o teste de não somente uma categoria, mas de toda a sociedade. Pensando na educação de jovens e adultos, estaremos obrigando vários jovens e trabalhadores que já arriscam sua saúde todos os dias para garantir seu sustento durante a pandemia, agora terão que partir para mais uma jornada de risco que é frequentar as aulas, colocando não só a si mesmos em perigo, mas também suas famílias.
Somos totalmente contra ao retorno presencial as aulas. O único modo de garantir segurança para todos os estudantes é com a manutenção das aulas remotas até a existência de uma vacina para todos, para isso exigimos todas as condições que permitam essas aulas como computadores, plataformas de fácil acesso e garantia de internet tanto para professores como estudantes, além da garantia das condições financeiras para que os trabalhadores de atividades não essenciais possam realmente realizar a quarentena. O dinheiro para realizar essas reivindicações já existe, porém é anualmente consumido pela criminosa dívida pública. Devemos lutar para garantir todo o dinheiro necessário para a educação por meio de um movimento revolucionário que derrube esse governo e esse sistema podre e ineficaz!
- Pela vida dos professores, dos estudantes e seus familiares!
- Em defesa da educação pública, gratuita e para todos!
- Não à reabertura das escolas!
- Pelo direito ao isolamento absoluto!
- Em defesa da saúde pública, gratuita e para todos!
- Testes em massa para a população!
- Renda e emprego para os trabalhadores!
- Insumos eletrônicos e internet gratuita para todos os estudantes!
- Reuniões sindicais virtuais!
- CNTE, CUT, SINPRO-DF, SINPROEP-DF e demais entidades mobilizem os trabalhadores!
- Preparar a greve da categoria!
- Fora Ibaneis e Bolsonaro! Por um governo dos trabalhadores sem patrões nem generais!
Essas lutas são o eixo central do Comitê estudantil por fora Bolsonaro do DF. Leia nosso manifesto em https://juventudecomunista.com/index.php/node/609 e junte-se a nós nessa luta.
Textos de base para as informações: