Público enfrenta Apoiadores de intervenção militar e defende espetáculo do Festival de Teatro de Curitiba

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Na tarde do dia 31 de março, a Cia Arte da Comédia havia reservado o espaço da Praça Santos Andrade para apresentar o espetáculo “A loucura de Isabela”. O problema é que um grupo de cerca de 30 pessoas que apoiam a intervenção militar no Brasil ocupou as escadarias da Universidade Federal do Paraná (UFPR) para a realização de um ato público.

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Na tarde do dia 31 de março, a Cia Arte da Comédia havia reservado o espaço da Praça Santos Andrade para apresentar o espetáculo “A loucura de Isabela”. O problema é que um grupo de cerca de 30 pessoas que apoiam a intervenção militar no Brasil ocupou as escadarias da Universidade Federal do Paraná (UFPR) para a realização de um ato público.

A matéria publicada no portal Banda relata a tentativa do grupo em querer expulsar a peça do espaço, os vídeos na página do Facebook da companhia mostram a tensão. Tanto o diretor da Cia, como o a direção do evento tentaram dialogar com os manifestantes. “Tínhamos a autorização da prefeitura para ocupar o espaço. Mostramos isso aos manifestantes e tentamos de toda forma estabelecer um diálogo, mas eles reagiram com muita raiva. Gritavam palavras ofensivas, diziam que éramos um teatrinho, um cirquinho. Doeu muito”, contou o diretor.

O grupo agiu de maneira agressiva e não queria deixar de nenhuma forma a Cia de teatro montar o cenário. “Depois de muita discussão, conseguimos convencer uma das manifestantes e ela disse que poderíamos montar o cenário às 15h30, uma hora antes do horário da apresentação. Quando chegou este horário, começamos a levar as lonas e o palco para a praça. Foi então que alguns do grupo passaram a chutar e destruir nosso material cênico. Houve muito bate-boca. Felizmente, tivemos o apoio do público que começava a chegar. As pessoas fizeram um cordão de isolamento para nos proteger e ‘abraçaram’ o espetáculo. Isso foi emocionante”, contou o diretor. Veja os vídeos aqui.

Com meia hora de atraso a peça pôde ser apresentada, não graças à polícia, mas ao público que formou um cordão de isolamento para garantir a apresentação do espetáculo.

 Arte e a intolerância

O teatro necessariamente não precisa de um espaço físico para existir, as peças podem ocupar as ruas, escolas e praças. Qualquer lugar onde haja público pode existir teatro. A 27º edição do Festival de Teatro de Curitiba conta com uma mostra especial com ingressos de preços variados, além de 96 espetáculos gratuitos e 46 “pague quanto vale”. Esse evento é chamado de Fringe e está em sua 21º edição. De acordo com o portal do Festival de Teatro:

“O 1º Fringe da história aconteceu em 1947, na cidade de Edimburgo, na Escócia. Surgiu espontaneamente quando companhias que não estavam na programação do Festival Internacional de Edimburgo resolveram criar um evento paralelo à margem do oficial. Desde então outros Fringes surgiram pelo mundo. Em 1998, em sua 7ª edição, o Festival de Teatro de Curitiba importou a ideia e criou o seu próprio Fringe, um espaço aberto, democrático sem curadoria.”

É interessante observar como a simples apresentação de um espetáculo ganha conotações políticas, além de resistência. A polícia agiu como sempre age diante de atos fascistas na história, tomou atitude omissa. Em nenhum momento podemos confiar na polícia para defender as organizações dos trabalhadores.

Durante o movimento de ocupações das escolas em 2016, houve várias tentativas de desocupações por parte de grupos de direita. A mais grave foi no Lysimaco, quais integrantes do MBL e outros grupos entraram na escola e tentaram expulsar os jovens à força. A polícia apenas assistiu. A resistência, como na apresentação do espetáculo, partiu de professores, pais e simpatizantes da luta dos estudantes. Eles também criaram um cordão, obrigando as pessoas contrárias à ocupação recuar.

Atualmente, não existe um movimento fascista organizado no Brasil, pois atitudes como a da apresentação do Fringe ou da desocupação das escolas não são articuladas, nem partem de uma decisão de enfrentamento físico desses grupos, como o MBL. Eles agem como provocadores, esperam nos excedermos para nos atacar, então a polícia age em favor deles. Mesmo assim, devemos organizar nossos grupos de autodefesa, esses grupos devem ser formados por todas as organizações para garantir as manifestações, reuniões, assembleias e apresentações da arte.

* João é membro da coordenação nacional da Liberdade e Luta e milita em Curitiba, onde estuda Cinema.

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