Reconstruir o DCE Univille: breve balanço e propostas à ação

No primeiro semestre de 2022, a retomada definitiva das aulas presenciais na Univille trouxe também a reativação do movimento estudantil na universidade, principalmente, unificado a partir das questões relacionadas ao transporte público. A falta de horários de ônibus e o preço da tarifa foram as pautas que compuseram a frente dirigida pelo CALHEV (Centro Acadêmico Livre de História Eunaldo Verdi), organizando atos e discussões que obrigaram a reitoria da Univille, a direção da Udesc Joinville e a prefeitura ouvirem os estudantes. À margem desta luta, estava a entidade que deveria cumprir o papel de mobilizar politicamente a universidade, o Diretório Central dos Estudantes.

Diante disto, a atuação da Liberdade e Luta durante estes meses foi de pautar os serviços públicos, gratuitos e para todos, buscando mobilizar os estudantes em conjunto com os CAs constituídos ou em formação, ao lado das outras organizações de esquerda presentes na universidade. Também alertamos constantemente para a tentativa de aparelhamento da luta ao DCE e à reitoria, que, na prática, atualmente são a mesma entidade, além das influências de políticos inimigos de classe que buscaram se aproximar dos estudantes nas referidas reuniões abertas.

Neste turbilhão de atividades relacionadas ao transporte público e outros posicionamentos dos estudantes, compreendemos um erro, tanto nosso, quanto de todo o movimento: a ausência de uma profunda formação dos estudantes e Centros Acadêmicos sobre as direções políticas, especialmente, do DCE. Isto possibilitou que este potente instrumento de organização continuasse nas mãos de uma mesma chapa, que altera seus nomes e membros, mas mantém a política, sem qualquer crítica e orientação do movimento estudantil de luta na Univille. Pontualmente, no início de julho, a “nova” gestão foi eleita remotamente em um referendo com 196 votos válidos, sendo 192 para “sim” e 4 para “não” ao DCE Connect.

Esta universidade, a maior da região norte de Santa Catarina, possui milhares de estudantes, o que já deslegitima qualquer representação concreta desta gestão referendada por 192 pessoas. Na realidade, os milhares de estudantes da Univille nem sequer sabem o papel do seu DCE, muito menos quem o dirige, pois as chapas eleitas nos últimos pleitos fazem questão de continuar sem explicar, propor o debate, promover na universidade uma campanha democrática e aberta sobre a entidade.

Portanto, compreendemos como fundamental que os estudantes que organizam e compõem o real movimento estudantil da Univille realizem este papel de reconstruir o seu DCE, discutindo-o, propondo um programa de lutas para os universitários e, se for de vontade e alcance dos estudantes, disputarem a direção desta entidade no próximo ano. Esta será a atuação da Liberdade e Luta no segundo semestre na Univille, colocando na ordem do dia a formação política sobre nossos instrumentos de organização estudantil a partir das reivindicações da aliança operário-estudantil e da Frente Única, essencial para este ano. Por isso, este balanço não se propõe a analisar a “nova” chapa do DCE ou realizar, novamente, as críticas que já publicamos em outros períodos, como no artigo DCE Pode+: a crise das direções.

Vale lembrar aqui, que no dia 14/05/2022 foram encontradas símbolos nazistas no banheiro do bloco A e na biblioteca da Univille, essas simbologias continham a imagem de uma suástica rabiscada com o código 1488, que expressa a mensagem “We must secure the existence of our people and a future white children” (“devemos assegurar a existência de nosso povo e um futuro para as crianças brancas”). Em resposta a essas manifestações nazistas, o Centro Acadêmico Livre de História Eunaldo Verdi (CALHEV) fez uma nota de repúdio e uma faixa escrita “sem espaço para nazistas”, faixa que foi roubada em menos de 1 semana estendida no bloco A.

Ocorridos como esse demonstram a importância da mobilização e organização dos estudantes em combate a essa escória nazista que insiste em permanecer em nossa sociedade e nas universidades. É necessário que entidades estudantis, como o DCE da Univille, se posicionem fortemente e organizem a luta contra essas atrocidades que manifestam ódio.
Nesse sentido, buscamos aqui enaltecer a organização independente dos estudantes da Univille, dirigidos pelo CALHEV e que se animaram para a ativação de Centros Acadêmicos de Letras, Artes Visuais e Psicologia. Neste sentido, apresentaremos para o segundo semestre um calendário de atividades, as quais convocamos os estudantes para construir as discussões e momentos ideais para suas realizações. Propomos temas como: a história da UNE; a Federalização da Univille; a questão da autonomia universitária; os 20 anos da ocupação e controle operário das fábricas da Cipla e Interfibra; a posição dos marxistas nas eleições de 2022, dentre outros temas relacionados ao Mulheres Pelo Socialismo e o Movimento Negro Socialista, construindo atos, panfletagens e demais intervenções públicas pela universidade.

Assim, nossas propostas de ações consequentes para o movimento estudantil devem seguir firmadas na liberdade, independência, democracia e luta socialista. A Liberdade e Luta sabe que lutar por uma Univille Pública, Gratuita e para Todos é lutar contra o sistema capitalista, por isso pautamos e explicamos:

• Independência e mobilização dos CAs! Reconstruir o DCE Univille!
• Contra a cobrança de mensalidades na Univille! Educação pública, gratuita e para todos em todos os níveis! Fim dos vestibulares!
• Abaixo o pagamento da Dívida Pública! Todo o investimento necessário em educação, saúde, transporte e moradia públicos, gratuitos e para todos!
• Fim das parcerias público-privadas nas universidades! Estatização de todas as universidades privadas!
• Permanência estudantil para todos! Bolsas de pesquisa, bolsas de auxílio, vagas nas moradias e restaurantes universitários gratuitos para todos!
• Aborto legal, público, gratuito e com segurança para todas!
• Ser negro não é crime! Abaixo o racismo e o racialismo!
• Abaixo a intervenção religiosa na educação, na política e nas ciências!
• Fim da polícia militar! Abaixo a repressão!
• Abaixo o capitalismo! Pela revolução socialista com um governo dos trabalhadores sem patrões nem generais!

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