Um ano da chacina de Suzano-SP e a luta em defesa da vida da Prof.ª Mara
Há mais de um ano, a Escola Estadual Raul Brasil era palco de uma das tragédias envolvendo a juventude mais marcantes do país.
Na manhã do dia 13 de março de 2019, Guilherme Taucci de 17 anos e Luiz Henrique Castro de 25, ambos ex-alunos da escola, aproveitaram o intervalo das aulas e invadiram a unidade de ensino, se tornando protagonistas de uma cena digna de um filme de terror, no qual Guilherme e Luiz assassinaram cinco estudantes, duas funcionárias da escola e feriram 11 pessoas. Tal crime teve como inspiração o conhecido massacre de Columbine que aconteceu em 1999 nos Estados Unidos.
Segundo investigações, Guilherme e Luiz tiveram apoio de um “chan”, espécie de fórum online chamado Dogolachan porém, diferentemente de um fórum convencional este não requer nenhum tipo de login e oferece anonimato aos usários. Por conta disso, surgem chans dos mais diversos tipos, na maioria deles de cunho conservador, com humor ácido e “politicamente incorreto”, porém na deep web onde o anonimato é ainda mais reforçado não é difícil encontrar conteúdos bizarros como Pedofilia e Necrofilia. Descrito como maior fórum alt-right do Brasil e como é próprio do movimento, o site é repleto de conteúdo relacionado ao nazismo, antissemitismo, homofobia, nacionalismo, usam esses fóruns para fazer discussões e como o próprio movimento, o Dogolachan é repleto de conteúdo relacionado ao nazismo, antissemitismo, homofobia, nacionalismo e discussões sobre planejamento de novos crimes que são conhecidos no chan como “actvm santcvm” (ato santo). Após o massacre, usuários do fórum comemoraram e lamentaram o fato dos atiradores não terem conseguido matar mais pessoas, classificando os assassinos como “Homens de bem e honrados”.
Hoje em dia a escola passa por reformas, a antiga entrada onde o massacre teve início foi desativada, a quadra será ampliada e ganhará duas novas miniquadras para prática de basquete. Houve a construção de um novo prédio da secretária, ampliação das salas de aula, construção de uma nova cantina, construção de uma biblioteca e também será construído um laboratório, contanto com 24 notebooks, televisão e impressora 3D. O projeto também conta com uma extensa área aberta, com árvores, bancos e também uma cerejeira, tudo para renovar a memória das pessoas que ali presenciaram uma verdadeira tragédia.
O caso de Suzano não foi apenas uma singularidade, casos como o Massacre de Columbine em 1999 e o Massacre de Realengo em 2011, demonstram o nível de decadência do capitalismo que não apresenta nenhuma perspectiva de vida para a juventude e para a população em geral. Diante de uma situação de polarização da luta de classes, os extremos, de ambos os lados ganham mais evidência, com uma desorientação e despolitização geral, somada a traição das direções do proletariado uma camada da juventude, desmotivada pela falta de perspectiva, se sente atraída por ideias da extrema direita e passa a agir sob a orientação que se ocultam no submundo da internet, como os que esses jovens faziam parte. Depois de destilar ódio contra todos os grupos da sociedade que não fazem parte de sua ideologia reacionária, esses jovens são orientados a uma conclusão que os leve a práticas violentas.
Em Franco da Rocha na Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar, outro caso como esse se desenvolveu. Em 2018, alguns estudantes criaram um grupo no WhatsApp no qual disseminavam ódio contra a professora Mara Cristina Gonçalves da Silva, que é professora de história a mais de 20 anos e tem um longo histórico de luta em movimentos sociais e sindicais pela defesa dos trabalhadores. Mara foi ameaçada diversas vezes, os alunos em questão de idades entre 15 e 16 anos, agora 17, conspiravam contra a vida da professora, que teve acesso às fotos das mensagens do grupo que continham afirmações como “Morte à Mara”; “A Mara é fã do meu soco na boca dela”; “Morte à Mara: esse é meu slogan já, todos os meus discípulos têm que falar isso”; “Eu vou matar essa velha desgraçada, ela consegue acordar meu Hitler interior de uma maneira. Eu vou fazer um gás caseiro, seguir ela até a casa dela e jogar lá dentro. Quando ela sair eu vou tá esperando na porta da frente com uma machete”; “Por mim a gente joga o surdo (estudante da mesma classe) na mesma câmara de gás que a Mara”; “Vou marcar ela com ferro de gado escrito ‘FICHAMENTO’ na testa” essas e outras afirmações mostravam a clara disposição de atentar contra a vida da professora, além de sua orientação claramente nazista.
Todos esses casos demonstram a barbárie do sistema capitalista, são expressões da ideologia reacionária da burguesia e são estimulados pelo governo Bolsonaro.
A Liberdade e Luta se posiciona totalmente a favor da Professora Mara e iniciou a campanha Em Defesa da Vida da Prof.ª Mara, que agora segue com moções de repúdio à decisão do Centro Paula Souza (CPS) e da direção da Etec em manter os estudantes na unidade escolar. Neste momento, com as aulas suspensas, a professora encontra-se segura. No entanto, a campanha continua repudiando a decisão do CPS e exigindo que a Prof.ª Mara tenha garantida sua segurança e dignas condições de trabalho no ambiente escolar.
Em defesa da vida da Prof.ª Mara!
Abaixo a Perseguição política, pedagógica e atento conta a vida!
Veja a nota de repúdio: https://juventudecomunista.com/node/555
Envie sua moção de repúdio!
Sugerimos o seguinte texto para o corpo dos e-mails e assunto com o objetivo de expressar nossa insatisfação com o resultado da apuração e pressionarmos ações imediatas em defesa da vida da professora Mara! Sinta-se à vontade para alterar o texto.
Devido ao bloqueio do assunto de e-mail anterior “Em defesa da vida da Prof.ª Mara” pelo Centro Paula Souza e direção, sugerimos que o assunto do e-mail seja “Repudio ao Centro Paula Souza! Fora Nazistas da ETEC”.
No corpo do meio, anexe o texto abaixo e envie para os e-mails: souliberdadeeluta@gmail.com; e142dir@cps.sp.gov.br; gds@cps.sp.gov.br; uniproc@cps.sp.gov.br
O primeiro e-mail é da Liberdade e Luta, organizadora da campanha. O segundo é da direção da escola ETEC Dr. Emílio Hernandez Aguilar e os dois últimos são do Centro Paula Souza, responsável pela administração das ETECs.
——MOÇÃO DE REPÚDIO AO CENTRO PAULA SOUZA! FORA NAZISTAS DA ETEC! ——–
“Tomei conhecimento de que o Relatório Final da Comissão de Apuração do Centro Paula Souza – instaurada a partir da denúncia feita na Campanha em Defesa da Vida da Prof.ª Mara, de que estudantes de inclinação neonazista na ETEC de Franco da Rocha estavam impulsionando um grupo no WhatsApp intitulado “Morte à Mara”, onde incentivavam o ódio, a violência, com requintes nazistas, além de em diversos momentos conspirar o assassinato da professora – deu parecer positivo às ações tomadas pela direção da ETEC, à saber: advertência oral para todos os estudantes que participavam do grupo e advertência escrita para o estudante mais agressivo e o líder do grupo.
Considero TOTALMENTE INSUFICIENTES as medidas pedagógicas e administrativas tomadas pela direção e pelo Centro Paula Souza e sugeridas no Relatório Final para proteção à vida da Prof.ª Mara e das garantias de suas condições de trabalho, que só pode ser realmente efetivada com a transferência imediata daqueles que escreveram “Morte à Mara” no grupo de Whats App.
REPUDIO abertamente o conteúdo e a resolução da Comissão de Apuração do Centro Paula Souza e, além de apoiar a alteração dessa decisão por meio de recurso, EXIJO que os estudantes que escreveram “Morte à Mara” sejam transferidos compulsoriamente imediatamente para a garantia das condições psicológicas e de trabalho da Prof.ª Mara!”
Em defesa da vida da Prof.ª Mara!
Transferência Compulsória aos que escreveram “Morte à Mara”!
Fora nazistas da ETEC!
Fora Bolsonaro!
Assinado:
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Ajude a Prof.ª Mara a pagar os custos dos advogados! Contribua com qualquer valor!
Banco do Brasil
Agência: 4331-1 Conta Poupança: 36.929-2 (variação 51)
Em nome de Rafael Acampamento
CPF: 219.829.168-18
Envie seu comprovante para o e-mail souliberdadeeluta@gmail.com informando que é para ajudar na causa da Prof.ª Mara!