15/05 x 03/10: Qual o significado da última greve nacional da educação?

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No dia 15/05, o foco das imagens é para os 2 milhões que foram às ruas, no dia 03/10 o foco está nos dirigentes. O que está por trás disso? / Imagens: Divulgação e Cuca da UNE. 

Os dias 2 e 3 de outubro foram convocados pela UNE, UBES e ANPG para serem a greve nacional da educação contra os cortes na educação e ciência, uma paralisação de 48 horas das universidades e escolas brasileiras. Mas o resultado dessa paralisação não representou uma verdadeira pressão para que Bolsonaro recuasse dos cortes. E por quê?

Existem questões de organização, mas elas estão submetidas a uma linha política. Desde o 15 de maio quando 2 milhões de estudantes, professores, trabalhadores se agarraram na greve nacional convocada pela CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) a UNE, maior entidade de representação dos estudantes de graduação do Brasil, está na prática traindo e destruindo as mobilizações.

Nos dias 30 de maio, a juventude volta às ruas, mas a palavra de ordem que a direção da UNE e demais apresentam (O Brasil se UNE pela Educação) demonstra uma despolitização proposital, afinal unido com quem, com a burguesia também? E por qual educação? A educação privada também? 

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      30/10: UNE leva seu aparato para a rua com palavra de ordem genérica para abafar o Fora Bolsonaro massivo                                                                 do 15/05 / Imagem: Veja Abril

A greve geral de 14/06, que mostrou a combatividade na base e a disposição de luta com cerca de 45 milhões de trabalhadores parando suas atividades em defesa da previdência pública, teve atos com uma capacidade ainda menor do que os anteriores.

De certa forma, foi a mesma coisa que vimos nesta última greve nacional da educação em 02 e 03 de outubro. Muitas universidades, cursos e institutos paralisaram suas atividades por 48h, fizeram atividades, foram para as manifestações. Inclusive cursos das exatas – tidos como de direita – estavam se mobilizando, como o Instituto de Engenharia Química da Unicamp, mostrando o caminho da luta. 

Muito aparato, pouco estudante.

Ao mesmo tempo, os estudantes demonstram não confiar nas direções da UNE, UBES e ANPG e, por isso, não atenderam massivamente seu chamado, de forma que, a despeito da mobilização e disposição de luta na base, as manifestações do dia 02 e 03 foram um verdadeiro fiasco, com menos de 3.000 pessoas em São Paulo, por exemplo. Sendo que nelas, aparece muito predominante o aparato das organizações estudantis e poucos estudantes, uma fisionomia muito diferente do dia 15 de maio, há exatos cinco meses.

A linha política que essas direções apresentam não é de combater e derrubar o governo Bolsonaro para reverter seus cortes e a privatização, seu limite é a troca de peças, que saia o ministro. A Direção da UNE – composta majoritariamente pelo PCdoB e integrada pelo PT, Consulta Popular, Levante Popular da Juventude e PDT – está na linha de negociar com o governo, eles dizem que 2 milhões é pouco, mas mantém a linha de negociar os 10% do PIB. Isso nem de perto é suficiente. A educação que precisamos – a educação pública, gratuita e de qualidade para todos – exige todo dinheiro necessário!

A greve geral da educação poderia atuar como uma faísca na luta da classe contra o governo Bolsonaro. Para isso ela deveria se direcionar aos trabalhadores. Somente com a entrada dos trabalhadores é que podemos utilizar o instrumento de greve para o que ele deve servir – mostrar quem manda na sociedade e derrubar o governo. Mas é justamente isso que as entidades estudantis e sindicais não estão dispostas a fazer e, de toda forma, querem impedir.

A inexistente política revolucionária e o bloqueio da disposição de luta da juventude está levando a um certo cansaço, as assembleias começam a ficar mais vazias e a desconfiança por parte dos estudantes começa a aumentar – que é bastante compreensível -, pois veem que estão fazendo um grande esforço de mobilização, mas que se deparam com uma direção que não quer ir até as últimas consequências dessa luta – a derrubada do governo.

A política da atual direção da UNE, encabeçada pelo PCdoB, está tentando destruir o movimento e a mobilização da juventude contra o governo Bolsonaro. Lançam palavras de ordem genéricas que não organizam os estudantes, pelo contrário, desorganizam toda a luta. Além de que não estão combatendo as nomeações dos incompetentes alinhados ao governo Bolsonaro para reitores. Essa linha é o que não só pode, como já está levando o movimento ao cansaço.

Como um contraponto a essa política nefasta, a Liberdade e Luta lançou o manifesto ‘‘Dinheiro para a educação e não para pagar banqueiro’’ que coloca os cortes na educação, o ataque aos serviços públicos, os projetos de privatização no quadro da crise do sistema capitalista e apresenta um programa revolucionário para a defesa da educação e da ciência, de combate não somente aos efeitos da crise como também ao próprio sistema capitalista.

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A sociedade capitalista é decadente, passou seu período progressista há muito tempo e agora começa a dar sinais de seu apodrecimento, junto com sua decadência quer levar a educação, a ciência, os serviços públicos e nossos direitos para o precipício. A única forma de defender a educação e a ciência pública é aumentar o tom e levar o combate para o campo político, para a luta revolucionária. Junte-se a nós!

Lutamos por: 

  • Abaixo a reforma do ensino médio, escola sem partido e escolas militarizadas!
  • Revogação imediata de todos os cortes na educação pública!
  • Revogação imediata de todos os cortes nas bolsas de pesquisa!
  • Todo dinheiro necessário para a educação pública!
  • A ciência é um bem da classe operária! Todo dinheiro necessário para a ciência!
  • Autonomia universitária! Liberdade de pensamento, expressão e organização!
  • Estatização das universidades privadas que recebem dinheiro público!
  • Vagas para todos nas universidades públicas! 
  • Educação Pública e Gratuita Para Todos!
  • Fora Bolsonaro! Pela revolução socialista! Abaixo o capital! 

Leia o manifesto completo, clique aqui!

Inscreva-se nos Encontros Regionais “Fora Bolsonaro, lute pelo socialismo” 

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