Governo do Paraná utiliza morte de estudante para atacar as ocupações de escolas
Na tarde de segunda-feira (24/10), o estudante Lucas Eduardo Araújo Mota, de 16 anos, morreu tragicamente no Colégio Estadual Santa Felicidade, do Paraná. O desentendimento entre Lucas e um colega, após suposto uso de drogas, acabou no infeliz assassinato do jovem.
Lucas participava da ocupação da escola em que estudava, Santa Felicidade, ocupada pelos estudantes. Seu fim tem sido utilizado por aqueles que são contra os movimentos de ocupação que estão ocorrendo desde o início de outubro. O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), em declaração no seu perfil do Twitter, disse que:
“A ocupação de escolas no Paraná ultrapassou os limites do bom senso e não encontra amparo na razão, pois o diálogo sobre a reforma do ensino médio está aberto, como bem sabem todos os envolvidos nessa questão. Que não se aleguem quaisquer justificativas para a continuidade desse movimento que vem causando prejuízos à educação do Paraná.”.
E em seguida expressa como pretende agir daqui em diante:
“É hora de responsabilidade e consciência sobre os direitos e deveres de estudantes, professores, famílias, autoridades e sociedade.”.
Richa quer usar um ato que não é de responsabilidade do movimento de ocupações para reprimi-las. O assassinato, para Richa, só serve como uma desculpa para acabar com as ocupações e, ao mesmo tempo, uma maneira de ganhar apoio da sociedade. A notícia já ganhou mais audiência na grande mídia que todo o movimento que surgiu para combater a reforma do ensino médio, e isso tem uma razão.
A hipocrisia da mídia e demais represetantes da burguesia é sem limites. Eles ignoram todos os dias a morte de jovens vítimas do tráfico, das drogas, da Polícia Militar, e que em muitos casos, se encontram nas ruas por ter não ter acesso à educação. Mentem que essa reforma do ensino trará mais benefícios para o jovem, quando na verdade ela destruirá completamente a educação pública brasileira.
Beto Richa já tentou a reintegração de posse das escolas quatro vezes e não conseguiu. Pode ser que consiga a qualquer momento, não temos ilusão no judiciário. Mas o que o Governador busca agora é criar as condições para que tudo possa voltar à normalidade utilizando a PM.
Cada frase na nota de Richa exala o cheiro podre da hipocrisia. Vejamos: “É ainda mais gravíssimo e lamentável, porque aconteceu no interior de uma escola ocupada, que deveria estar cumprindo a sua missão de irradiar a luz do conhecimento e a formação da cidadania.”. Por que mais grave? Só porque é mais conveniente para Richa. Cada jovem, cada vida que é destruída todos os dias pelo Estado, pelo capitalismo, nos importa.
Ao lado do governo Richa, atua O Movimento Brasil Livre (MBL), que através do “Movimento Desocupa” organiza ataques às escolas ocupadas. As ações do MBL envolvem tentativa de desocupações forçadas através de pais e estudantes contrários às ocupações, com ameaças, lançando rojões na direção das escolas durante a madrugada, e muito barulho nas redes sociais. Seus principais líderes estão publicando vídeos desde ontem pedindo para que o governo desocupe as escolas.
O papel da UJS
Nessa história, há também a União da Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB, que dirige os principais aparelhos do movimento estudantil do país . No Paraná eles atuam com a União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES) e com a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES). Essas entidades são desconhecidas pela maioria dos estudantes, já que elas nunca aparecem para organizar uma luta concreta. Também não foi para organizar a luta contra a Reforma do Ensino Médio que a UJS apareceu no Paraná, foi para tentar se apropriar do movimento, apenas. Porém, se depararam com uma rejeição que os obrigou a utilizar outra forma de chegar nos estudantes. Para driblar essa situação foi criada uma página no Facebook, chamada Ocupa Paraná, e um movimento com o mesmo nome. Através dessa página divulgam o número de ocupações e outros conteúdos relacionados.
Para impedir que outras organizações ocupem um espaço importante no movimento, a UJS busca ser a referência para impedir saia do seu controle.
Transformar o luto em luta
Prestamos nossa total solidariedade aos familiares e colegas de Lucas. Para a Liberdade e Luta, a melhor maneira de demonstrar isso é saindo às ruas junto aos movimentos sociais que estão transformando o luto em luta.
São mais de mil escolas ocupadas pelo país, sendo que mais de 800 são do Paraná. Esse é um grande movimento que ganha a atenção da sociedade devido a sua proporção. No entanto, para conquistar a vitória é necessário um salto qualitativo. É necessário que ganhe um caráter nacional de massas.
É preciso organizar uma Greve Nacional da Educação, de jovens e professores. Realizar assembleias nas escolas que garantam a participação de grande parte dos estudantes, que expliquem o que é a reforma do ensino e a PEC 241, para que, coletivamente, todos decidam os rumos da luta. Com um bom grau de mobilização, a tarefa é organizar a greve de estudantes, que pode incluir a ocupação da escola. O fundamental, em cada passo, é batalhar para ganhar a maioria para a luta, entre os estudantes e a comunidade ao redor.
Com unidade e com um movimento de massas, de jovens e trabalhadores. Só assim derrotaremos os ataques desse governo a serviço dos capitalistas.
Abaixo a PEC 241 e a MP 746!
Todo apoio aos estudantes em luta!
Educação pública, gratuita e para todos!
Por uma greve nacional da educação!