Lições da Greve. Lutar pela aliança operário-estudantil!

greve geral LL

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Instabilidade e luta de classes são a marca da situação no Brasil e no mundo. A Greve Geral de 28 de abril foi a maior que os jovens de hoje já presenciaram. É preciso compreender o que foi essa greve, quem foram os envolvidos e o que é preciso fazer a partir de agora para lutar contra as reformas do governo Temer. 

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Tudo estava tranqüilo. Ou seja, em silêncio! Não era estranho meu desassossego. O ruído do tráfego da grande cidade havia desaparecido misteriosamente. O transporte de superfície pela minha rua a esta hora do dia era em média de um bonde a cada três minutos; no entanto, nos dez minutos seguintes, não passou um sequer. Quem sabe tratava-se de uma greve de bonde foi a primeira coisa que pensei; ou talvez houvesse ocorrido um acidente e o abastecimento de energia havia sido interrompido. Porém não, o silêncio era por demais absoluto.

(A Greve, Jack London)

Acordar numa sexta com cara de domingo. Essa foi a sensação experimentada pelos que despertaram cedo no dia 28 de abril. A Greve Geral não chegou a tomar as mesmas proporções da literatura de London, e nem poderia, mas foi a maior greve que os jovens de hoje já presenciaram. É preciso compreender o que foi essa greve, quem foram os envolvidos e o que é preciso fazer a partir de agora para lutar contra as reformas do governo Temer. 

Instabilidade e resistência 

Há alguns anos era comum escutarmos a frase “a Grécia hoje é o Brasil de amanhã”. Esse alerta partia das organizações de esquerda que explicavam a crise do capitalismo como um fenômeno mundial e que, cedo ou tarde, o Brasil seria atingido. A Grécia de ontem lutava contra um pacote de austeridade imposto pelas burguesias imperialistas europeias. De um lado ataques aos serviços públicos, à previdência, aos salários dos trabalhadores; do outro, resistência nas ruas, com greves gerais, manifestações massivas etc. 

Esse é o cenário não só do Brasil de hoje, mas do mundo inteiro. A instabilidade reina, a burguesia ataca os trabalhadores para salvar o seu próprio sistema e os trabalhadores não aceitam. Cada movimento da classe dominante é precedido de um movimento dos oprimidos indignados. 

O dia 28 foi uma continuidade dos combates dos dias 15 e 31 de março. Os trabalhadores não aceitam esses ataques e demonstram uma enorme disposição de luta para enfrentar a situação. Segundo pesquisa da Datafolha, 71% da população está contra a reforma da previdência, 64% pensam que reforma trabalhista beneficia os patrões e 63% opinam o mesmo sobre a terceirização.

Os meios de comunicação tradicionais, ou seja, burgueses, dedicaram o seu dia para falar da suposta derrota da greve. Tentaram alegar que a greve era formada por meia dúzia de ações vanguardistas (trancamento de ruas, queima de pneus). A burguesia precisa falar isso, pois ela teme a classe trabalhadora. 

 A Greve Geral poderia ter sido maior ou melhor? Sim, mas aí precisamos falar do papel das atuais direções da classe operária nessa história. Uma greve chamada para sexta-feira, véspera de feriado, fica impossibilitada de repercutir nos locais de trabalho no dia seguinte e, principalmente, de continuar. As direções das centrais sindicais, assim como das organizações nacionais estudantis, estão completamente adaptadas ao sistema e não acreditam mais na capacidade de mobilização dos trabalhadores.

Isso também explica a organização de um 1º de maio com festas no lugar de lutas. Manifestações combativas ocorreram no dia do trabalhador em países como Venezuela, França, Espanha e Grécia, mas aqui, os trabalhadores eram chamados para shows como se estivéssemos em um feriado qualquer. No Rio de Janeiro, as centrais chegaram a chamar um ato unificado, porém só convocaram no dia 29.   

Vídeo: Bloco da Liberdade e Luta na Greve em São Paulo – SP

 

Black blocs, os fechamentos de rua e a repressão policial

Na noite de sexta os principais jornais destacavam em seus sites fotos de agências bancárias, pontos de ônibus, lixeiras etc. quebrados ou pegando fogo. As cenas que a imprensa tanto gosta de mostrar são consequências das ações de pseudo anarquistas, algumas vezes, autointitulados black blocs. Esses jovens não se submetem aos coletivos nos atos e costumam tampar seus rostos com camisas ou máscaras. Eles justificam que quebrar bancos e outros lugares que representam o capitalismo funciona como um tipo de simbologia de contraposição ao sistema.

Quem participa dos atos sabe que esses grupos não são bem vistos nem pelos próprios manifestantes. Na prática, essa tática só afasta os trabalhadores do movimento e acaba justificando a repressão policial. Estadão, Folha, Globo e a PM agradecem.

A outra imagem que ganhou destaque nos portais de notícias era formada por dois ou três manifestantes em frente a uma fumaça preta gerada pela queima de pneus fechando uma rua. Ações isoladas, completamente descoladas das massas e que não serviam a propósito algum. A própria PM relatava como era fácil de chegar nesses locais pela ausência total de trânsito gerada pela própria greve.

Tanto a quebra de bancos quanto o fechamento de ruas não são táticas que favorecem o movimento. As ações diretas devem ser utilizadas quando há massas nas ruas e a maioria decide realizar determinada ação. Grupelhos ou indivíduos que fazem isso só prejudicam o movimento.

Mas uma terceira imagem ilustra bem o dia 28. É a foto de um estudante de da Universidade Federal de Goiás, Mateus Ferreira. Um capitão da Polícia Militar acertou a cabeça do jovem com seu cacetete, chegando a rasgar a cobertura de borracha. Matheus está internado, diagnosticado com traumatismo craniano, e corre risco de morte. 

Em São Paulo, três militantes do MTST foram presos por crimes inventados pela PM. Essa é uma tentativa absurda de transformar aqueles que lutam em criminosos. 

A PM é um instrumento dos capitalistas para garantir o poder de uma minoria parasitária sobre a maioria que produz toda a riqueza. No dia 28 de abril foi mais um dia em que isso ficou evidente. Lutamos contra a repressão aos movimentos sociais, aos que lutam, e exigimos o Fim da Polícia Militar. 

O Congresso da UNE e a luta contra as reformas de Temer. A importância da aliança operário-estudantil

A juventude possui um papel extremamente importante na luta de classes. Ela é a camada mais sensível da sociedade. É um barômetro sensível às tensões que estão abaixo da superfície. Além disso, segundo o revolucionário russo Leon Trotsky, o entusiasmo e a coragem dos jovens é capaz de garantir as primeiras vitórias do movimento dos explorados contra os exploradores. A juventude é a chama da Revolução. 

A participação da juventude na luta contra as reformas da Previdência, Trabalhista, do Ensino Médio e a PEC do congelamento de gastos é fundamental. Os batalhões da classe operária serão decisivos nesse momento, mas devem contar fundamentalmente com o apoio dos estudantes e jovens trabalhadores.  

Diante dessa conjuntura explosiva se prepara o 55º Congresso da UNE (CONUNE) e a Liberdade e Luta está nas Universidades elegendo delegados e explicando aos estudantes sobre a importância de participar dessa atividade e de lutar por uma UNE que combata pelos interesses dos estudantes. 

O papel da Liberdade e Luta deverá ser de conversar com cada jovem presente, falar sobre a importância de organizar cada ato, cada luta contra as reformas. Se a luta contra a Reforma do Ensino Médio não tomou proporções nacionais ainda, é porque não há uma direção efetiva que busque realizar esse enfrentamento. Tanto a UNE quanto a UBES atuaram no sentido inverso no último período, criando apenas uma imagem de entidade de luta, mas que na prática apenas almeja o retorno de um governo de colaboração de classes, como foram os governos Lula e Dilma, que também atacaram a educação pública.

A Greve Geral do dia 28 de abril foi apenas uma etapa da luta contra os ataques e contra o capitalismo. Devemos tirar as melhores lições a partir disso e chamar um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora. Nosso esforço deve ser dirigido para formar a aliança operário-estudantil. Vamos visitar as escolas, universidades e as fábricas. Vamos para o CONUNE combater para que a entidade máxima dos estudantes não esteja dominada por uma política adaptada e de conciliação, mas que seja um instrumento para a luta dos estudantes. 

Os trabalhadores são capazes de mudar o mundo. A juventude também, se lutar ombro a ombro com a classe trabalhadora. Nossa luta é contra essas reformas, é pelo fim do capitalismo. Junte-se a nós e venha combater por uma sociedade sem explorados nem exploradores, uma sociedade socialista!

jllegrevegeral

 

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