Resposta à carta aberta “dos professores” da Etec sobre a campanha Em defesa da vida da Prof.ª Mara

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Como já temos divulgado, ocorreram ameaças à vida da professora Mara por parte de alunos da Etec de Franco da Rocha. Os prints já foram divulgados e não há como negar o caráter criminoso que eles contêm. Além de todos os problemas contidos nos prints, ameaça de morte é crime (artigo 147) bem como apologia ao nazismo (artigo 140).

Tomamos conhecimento que uma carta dita como sendo dos professores da Etec de Franco da Rocha está circulando nas redes sociais “em apoio ao trabalho feito pela direção para a resolução do caso”.  Tal carta que se diz ser dos professores da Etec, mas que não é assinada por NENHUM deles. Além disso, houve posicionamentos de professores que nos levam a entender que não concordam com a carta que foi escrita em seus nomes.  Sendo assim, não se pode usar o documento em nome de todo o corpo docente, induzindo as pessoas ao erro. Isso se configura como falsidade ideológica. É necessário que os professores que assinam a carta, coloquem seus nomes ou ela não pode ser apresentada como sendo do corpo docente!

Acreditamos que há um posicionamento do quadro docente da Etec que mereça especial atenção: o posicionamento da própria Prof.ª Mara, que é a vítima das ameaças em questão e que discorda da carta divulgada.

Novamente, explicamos que:

  1. A professora Mara não se sente segura com as medidas que foram tomadas pela direção até agora. À saber, as medidas foram: advertência oral e escrita. São as mesmas medidas dadas, por exemplo, a alunos que compareciam sem uniforme na Etec, o que é visivelmente insuficiente diante da gravidade do caso.
  2. Os estudantes envolvidos ou familiares não procuraram a professora diretamente para pedir desculpas;
  3. O estudante deficiente auditivo que foi ofendido se transferiu de sala, pois também não se sente seguro;
  4. O fato de a professora e todos os alunos que se posicionam em sua defesa estarem sendo constantemente atacados contribuí para a insegurança do ambiente escolar.

Queremos deixar claro também que a finalidade da nossa manifestação é garantir as condições de vida e de trabalho, portanto, a segurança da profissional e do aluno deficiente auditivo agredido nos prints, bem como de toda a comunidade escolar. Além disso, denunciar as ideias que estão por trás desse episódio, como Escola Sem Partido, o neonazismo e as próprias declarações do governo Bolsonaro que só fazem insuflar posições reacionárias contra a juventude e a classe trabalhadora.

Nosso objetivo é que a direção tome medidas realmente efetivas para a segurança da Prof.ª Mara e que ela tenha, por meio da transferência compulsória daqueles que a ameaçam, suas condições de trabalho reestabelecidas! Essas são medidas que não ferem os princípios educacionais, como afirmam na carta. Elas podem e devem ter um caráter educativo, de mostrar que naquela escola ou em qualquer outra o nazismo e seus apologistas não são bem-vindos.

Diante disso, o Comitê em Defesa da Vida da Prof.ª Mara pede que continuem enviando moções (veja como no link: https://juventudecomunista.com/node/509) e participem da próxima reunião do Comitê, que será realizada no dia 24/11 às 15h na R. Hamilton Prado, 258 – Centro de Franco da Rocha.  

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Resposta à carta aberta “dos professores” da Etec de Franco da Rocha

Tomamos conhecimento que uma carta dita como sendo dos professores da Etec de Franco da Rocha está circulando nas redes sociais “em apoio ao trabalho feito pela direção para a resolução do caso”.

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Imagem: Divulgação / Ao abrir o arquivo enviado pelas redes sociais, não encontramos a assinatura de nenhum professor. 

Para nós, está claro que a gestão da Etec tem circulado essa carta para buscar isolar a Prof.ª Mara no ambiente escolar e enfraquecer a campanha em defesa de sua vida. Na carta, é afirmado que:

“Em nenhum momento os veículos propagadores de informações procuraram a escola para ouvir o outro lado, muito menos ouviu quem está lá todos os dias vivenciando o cotidiano escolar. Há muitas informações que deveriam ser provadas bem como: perseguição pedagógica, perseguição política, ligação com o movimento Escola Sem Partido ou até mesmo com o atual presidente da República, visto que muitos dos professores além de não terem dado seu voto a ele, não se alinhariam a nada que o relacionasse.”

O lado da direção da Etec e do Centro Paula Souza foi exposto em nota pública na página do Facebook da Etec de Franco da Rocha e enviado por e-mail pelo Centro Paula Souza no dia 02/10. Tendo em conta as notas expostas que, já naquele momento, afirmavam que os estudantes tinham direito a liberdade de expressão, direito de crítica e que os fatos foram resolvidos, na prática, deram carta branca para que ameaças de morte, apologia ao nazismo, ofensas pessoais, além do questionamento a liberdade de cátedra continuassem sendo feitas por um grupo de orientação neonazista DENTRO da escola! Onde a forma de resolver o caso foi somente uma advertência oral e escrita!

Não precisamos procurar a direção para “ouvir” o outro lado. Esse lado já foi exposto e está claro para todos! ´

O fato de professores não terem votado em Bolsonaro pouco nos importa, o que importa é a política que defendem ao não se posicionar ao lado de uma educadora que está sofrendo ameaças de morte explicitas de um grupo que apoia as ideias de Bolsonaro – apoio ao projeto Escola Sem Partido, que tem como pilares a perseguição pedagógica e de organização e expressão dos professores e estudantes,  ameaças de morte aos que não concordam com ele, ameaças de perseguição política aos comunistas etc… Quando isso acontece, fica claro o apoio, ainda que velado, a esses ideais.

A carta também afirma que

“Outro ponto importante é que a professora não está sendo perseguida dentro da escola, os alunos envolvidos no caso já tentaram, bem como seus pais, se retratar com ela, o que a mesma se negou a ouvir.”

Por que a Prof.ª Mara deveria se dispor a falar com os pais ou com aqueles que planejaram seu assassinato? Ao afirmarem isso, não percebem o tamanho da violência psicológica que querem impor a ela. Além disso, isso é uma mentira, uma vez que a Prof.ª não foi procurada diretamente por ninguém e mesmo que fosse e aceitasse as “desculpas”, apologia ao nazismo é crime e os responsáveis devem responder por seus atos.

E em seguida

“Entendemos também que a escola é um lugar de ensino, de educação e que as falhas devem ser reparadas dentro do mesmo ambiente. Tratando-se de menores de idade, nossa proposta sempre foi pela desconstrução de comportamentos que fossem prejudiciais à comunidade e a eles próprios. Por isso seguimos com nosso apoio às medidas já tomadas e firmes no propósito de uma educação que edifique, construa e ensine e não somente puna.”

Isso não é uma simples “falha”. Vamos retomar os fatos. Existe um grupo desde fevereiro de 2018 que destila ódio e preconceitos contra uma professora e seus métodos de ensino, as mensagens de ódio evoluem para o planejamento efetivo do assassinato da Prof.ª Mara e ainda fazem apologia ao nazismo HÁ MAIS DE UM ANO, nas fuças da Etec de Franco da Rocha! Entender isso como uma falha pode levar às tragédias como as Suzano da escola Raul Brasil e a punições ainda maiores.

O discurso de uma educação que construa e ensine, deve passar pela compreensão sobre o que é um regime nazista e o que a sua apologia significa, qual são suas consequências para todos e em especial para a classe trabalhadora. Essa educação que finge não ver, que ameniza e que não garante condições de vida e de trabalho aos seus educadores de nada serve aos interesses da classe trabalhadora e só serve a interesses autoritários e reacionários. É por isso que nós combatemos dentro e fora dos limites da sala de aula!

Por fim, concluem

“A educação é todo um processo construído e trabalhamos duro diariamente para que nossos alunos aprendam, construam e não repitam posturas e erros cometidos. Alguns de nós estamos na escola desde a primeira turma, outros mais recentes, há professores que dão aulas em todas as turmas todos os dias e podem comprovar que não há clima de terror na escola e se houve alguma tentativa não partiu dos alunos. Todos da equipe docente seguimos firmes com nosso compromisso.”

Aqui fica clara a defesa dos estudantes que escreveram “Morte à Mara”. Como as mensagens de ameaça de morte não causaram terror à educadora e aos demais estudantes? São ameaças que atentam contra sua vida! E por que então o estudante que tem deficiência auditiva foi transferido de sala? Não é porque teme pela sua vida? É claro que existe um clima de terror que a gestão da escola busca ABAFAR com essa carta, que além de tudo é uma farsa!

Há mais de um mês do início da campanha nada foi feito para melhorar efetivamente as condições de trabalho e as garantias da vida da Prof.ª Mara, que continua entrando na sala daqueles que a ameaçaram de morte.

  • Transferência Compulsória e apuração do envolvimento!
  • Em defesa da vida da Prof.ª Mara!
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