Conferência da Liberdade e Luta aprova resoluções sobre juventude secundarista, universitária e trabalhadora

 

O ponto apresentado por Amanda Marques, foi inspirado no discurso feito por Lênin no 3º Congresso das Juventudes Comunistas de 1920, onde foram propostas as Tarefas Revolucionárias da Juventude.

Amanda ressaltou sua atualidade e que enquanto a tarefa das juventudes comunistas naquele contexto era a própria edificação socialista, nossa tarefa hoje é construir um partido revolucionário onde a juventude seja a protagonista central, lutando pela derrubada do capitalismo e do governo Bolsonaro.

 

Ana Cláudia do Mulheres Pelo Socialismo, convidada para o ponto, falou sobre como o desemprego das mulheres se relaciona aos direitos a maternidade e a falta de suporte na educação das crianças, trabalho que seria de toda a sociedade. Acrescentou como o aborto é uma questão de classe, onde a burguesia tem pleno acesso, enquanto milhares de mulheres pobres morrem por abortarem clandestinamente. Ressaltou também que o gatilho de vários processos revolucionários foi a luta pelas questões da mulher trabalhadora e que para impulsioná-los é preciso entender e aplicar os métodos revolucionários.

 

O Felipe Araújo do Movimento Negro Socialista, nosso segundo convidado para a mesa, adiciona que a burguesia está dividida sobre como dominar, mas unida sobre a necessidade dos ataques e apenas por isso que Bolsonaro torna-se palatável para ela. Contudo, prepara-se uma grande coalisão em torno de Lula nas eleições 2022. Já os trabalhadores têm como única opção a sua organização. A resposta não está em disputar os espaços de poder, queremos acabar com essa estrutura de opressão.

Após a fala dos convidados, militantes da Liberdade e Luta que fizeram parte do processo de elaboração das propostas de resolução, fizeram intervenções para apresentá-las. Theo Munarim faz a leitura da resolução para os jovens secundaristas e realça como um bom programa político é fundamental, pois a ignorância nunca ajudou ninguém.

 

Jonathan Vitório apresentou a proposta de resolução sobre jovens trabalhadores, afirmando que que quando em crise, quem paga a conta são os trabalhadores. Que somente com a unidade da nossa classe, sob um programa revolucionário, com exigências transitórias e audaciosas, podemos garantir nossos direitos básicos.

Marcos Andrade, que apresentou a proposta de resolução sobre jovens universitários, relembra a capitulação da direção dos movimentos estudantis que acham um avanço 5% das pessoas acessarem a universidade, confundem a classe através das cotas, e apoiam os grandes tubarões do ensino por meio das bolsas PROUNI e FIES, que são transferências de dinheiro público para os cofres privados. Vivemos uma crise das direções, como dizia Trotsky, e como dizia Lênin, temos uma crise não só de braços e pernas, mas de sobretudo, cérebros.

Após essa rodada inicial de falas, foi aberto para debate, camaradas de diversos locais fizeram intervenções contribuindo à discussão.  

Felipe de Manaus comentou sobre a pressão que o sistema exerce sobre os jovens, gerando individualismo e a alienação pelo entretenimento, além da própria pressão econômica, onde por exemplo o jovem não consegue financiar nem seus estudos.

Flavinha do Rio de Janeiro diz que não há outro caminho para a emancipação humana que não seja pelo socialismo. Ressalta que as maiores greves recentes foram protagonizadas pela educação, professores e estudantes. Aponta ainda que a Educação de Jovens e Adultos (EJA) passa por uma enorme precarização, com o “empreendedorismo” tomando conta. Ademais, testemunhou o grande oportunismo dos partidos eleitoreiros dentro dos sindicatos. Os quais só visam o parlamento e as eleições e não estão preocupados com transformações sociais. Apenas se interessam pelas regalias dos capitalistas.

 

Em seguida Verônica de São Paulo relatou sua experiência no Grupo de Estudos de Introdução ao Marxismo, que ao contrário dos outros grupos de estudos onde geralmente se abordam os comentadores do marxismo, esse grupo criado pela Liberdade e Luta, lê e discute os textos clássicos marxistas, direto na fonte. A juventude quer estudar, mas muitas vezes não vê como e ao se deparar com um movimento estudantil muito vulgar e superficial, acaba se afastando ou cedendo as ideias reformistas e pós-modernas. A melhor forma de conhecer o marxismo, de atuar politicamente, de transformar o mundo, é se organizando.

 

Cauã Rodrigues do Rio Grande do Norte diz que somente conseguimos vencer a burguesia com a organização da classe trabalhadora. Também salienta a importância de se estudar os clássicos para entender a realidade e seus desenvolvimentos, e assim conseguirmos mudá-la pela revolução.

Gustavo Benassi de São Paulo traz a hipocrisia da burguesia ao lutar contra as ideias de seu tempo progressista. Por exemplo, a universidade, antes farol da humanidade, hoje não possui nem condições para suas moradias estudantis. As entidades estudantis se tornaram aparelhos burocráticos, fruto da política adotada por suas direções, e não organizam os estudantes para reivindicar seus direitos. Não se trata de utilizar o dinheiro do pré-sal para a educação, e sim sobre todo o dinheiro necessário para a educação.

 

Alexandre de Bauru-SP fez uma fala importante sobre a reforma do ensino médio, apontando como essa reforma rebaixa o acesso aos conhecimentos de diversas áreas, além de preparar a privatização da educação. Além disso, devemos lutar pela independência dos grêmios, geralmente cooptado pelas direções de ensino, e lutar em defesa dos direitos dos estudantes.

 

Marcos Andrade de São Paulo reitera que se não há um programa político para a juventude, não há prática política. Reafirma a importância da resolução de jovens trabalhadores, pois a universidade não é uma bolha, há terceirizados, há trabalhadores precarizados, há jovens filhos da classe trabalhadora. Também aponta a necessidade de, no caso da USP, retirar a PM do campus.

 

Kanan de São Paulo aponta que a discussão do programa político não é difícil, o difícil é pensar em como aplicar essas resoluções no nosso local de ação. Também lembra que o empreendedorismo, na prática, é trabalhar sem direitos trabalhistas, e que muitos jovens serão massacrados por isso. Além disso, tem o papel dos vestibulares e suas provas de habilidades, que servem de barreira para dificultar o acesso da classe trabalhadora à arte.

 

Em seguida passamos a resposta da camarada Amanda que parabeniza as falas, e ressalta que as pressões do sistema capitalista que empurram a juventude para longe da luta política são muito comuns. E que a juventude que quer lutar contra o sistema, mas muitas vezes não encontra uma organização para expressar sua luta e se organizar, além de enfrentar dificuldades materiais para se manter organizado. Como discutimos com esses camaradas, como os ajudamos a se organizar é central para que possamos dialogar com camadas cada vez mais amplas da juventude.

Respondendo a uma pergunta realizada no chat sobre o papel da burguesia como classe revolucionária e nos países atrasos, a camarada responde que a burguesia em sua época revolucionária, colocava a ciência no centro, para que ela pudesse promover o desenvolvimento das forças produtivas. Na fase imperialista do capitalismo, eles não querem nada além de seus lucros garantidos, custe o que custar, inclusive a destruição das forças produtivas. Então a burguesia não carrega mais um sentido revolucionário, de desenvolvimento, e o capital internacional exerce a dominação dos países atrasados para garantir seus lucros, ao impedir que eles desenvolvam suas forças produtivas e concorram com o capitalismo internacional. A burguesia desses países torna-se uma sócia menor do imperialismo e utiliza todo tipo de contrarreformas para fazer os trabalhadores pagarem pela crise, seja nos países atrasados, seja nos países capitalistas avançados.

Em seguida, entramos em regime de votação, onde cada proposta de resolução foi lida e votada. Elas são agora armas para nossa atuação em cada um dos nossos espaços de intervenção! Leia nos links abaixo as propostas aprovadas!

Resolução política de conjuntura

Jovens Trabalhadores

Jovens Secundaristas

Jovens Universitários

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